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Todos os diasarranco à minha língua as palavras necessáriaso espírito a esvair-se pelo bico de um lápise as palavras ali estremecendoé sempre noite adiantadae antes que o dia se acomodeo poema adormeceentão ___ corto a noite a meiodurmo numa metade e à outra metademisturo-a com farinha ___ água ___ salserá o meu pão da manhã.

Este poema utiliza imagens evocativas para explorar o acto da criação poética como um esforço diário, quase ritual. “Todos os dias arranco à minha língua as palavras” sugere disciplina e luta quotidiana para encontrar expressão. A repetição do tempo nocturno e da alvorada enfatiza uma luta entre silêncio e fala, entre o sonho e a vigília. A ideia de o “espírito a esvair-se pelo bico de um lápis” e as “palavras ali estremecendo” transmite fragilidade, esforço físico e delicadeza da escrita. O poeta parece capturar a energia criativa como algo que flui pouco a pouco, quase que se esvai entre a boca e o instrumento. A imagem de transformar a noite em pão sugere necessidade básica de alimento para sustentar o ofício. O pão funciona como metáfora de sustento, de provisão diária, e também de partilha com o leitor: o poema que pode ser consumido, digerido. As metades da noite representam oposições que precisam ser conciliadas — sono e vigília, escuridão e clareza, silêncio e palavra. O tom é introspectivo e quase espiritual, confiando na força das imagens simples para transmitir intensidade.
ResponderEliminarDo princípio ao fim, este seu texto interpretativo enumera exactamente todos os passos do autor no acto criativo.
EliminarMuito bem analisado.
Bom dia Poeta,
ResponderEliminarUm poema sublime em que as metáforas falam por si.
Gostei imenso.
Beijinhos e bom domingo.
Emília
Muito obrigado.
EliminarBom domingo também.
Um abraço.
O poema preenche-nos aos poucos... constrói-se em nós muito antes das palavras surgirem... e o tornarem intocável...como o pôr de sol...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Muito curioso e simpático o seu comentário.
EliminarObrigado.
Um abraço.
Um dos meus projetos por concretizar: Pão e poesia. São duas coisas muito bonitas e pensei juntá-las. O seu poema trouxe-me essa lembrança.
ResponderEliminarDas coisas nascem coisas - Bruno Munari
EliminarUm abraço.