Imagem de FREEP!K


Já sou um retrato parecido comigo mesmo
cresceu-me a pele mais do que o corpo
contra minha vontade
nada entendemos dos fenómenos químicos 
no entanto temos tudo isso nas entranhas
não sabemos nada sobre as voltas 
que a Terra dá em torno da luz e no entanto
distinguimos o dia da noite

virá o dia sem tempo 
para rever ao espelho a minha aparência 
serei então o primeiro dos que ficarem
e assim confirmarei para todos a nossa finitude
serei talvez feliz pela compensação que tiver
dos séculos que vivi em algumas décadas 
de tudo despojado nesse instante

sentirei nos pés a frescura da relva
terei a família que perdi à minha espera
e todos arrumaremos a mesa e a cama
para receber os que vierem

gostei da recepção todos sabiam que eu vinha
porque lhes cheirou a torradas
e não era a hora do pequeno-almoço. 


 


8 comentários:

  1. Dispuesta a recibir a los que vienen...
    Un saludo, Nubes.
    Hay una nueva entrada en mi blog también.
    ¡Feliz día!

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  2. A vida continua no outro lado do espelho...tudo depende da perspectiva...e encontraremos tudo e todos... talvez sim, talvez não...
    E a Paz verdadeira? Essa é a esperança...
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Reunião familiar noutra dimensão :)
    A pele é elástica, cresce até não poder mais.
    E assim vai mostrando os dias, os séculos que
    andamos por cá.
    Gostei muito dessa absurdidade que, ao fim e ao cabo,
    faz parte de nós.
    Abraço
    Olinda

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  4. existe o "outro lado do espelho"?
    ou existe muito a vontade que exista esse lado repleto de imagens que existem hoje em nós?
    é o drama da nossa existência...
    Um Abraço (foi de propósito o verbo existir)

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