Fala-me de tudo
da cor da casa onde aprendemos a ler
do cheiro da tinta e das madeiras da sala
do guincho do giz naquele negro da parede
dos risos agudos e da voz forte de quem mandava
dos castigos nas mãos a arder em lágrimas 
dos descalços e da sua fome no recreio
da partilha do nosso pão com eles
de ti ao meu lado dias e dias

nunca te vou abandonar ___ disse-te

e hoje já nem me lembro do teu nome

bastou o aroma ao afiar um lápis 
e abriu-se-me a memória 
como aquele sino a tocar para a entrada. 




4 comentários:

  1. É uma memória sem nome e ainda assim bonita e forte, o sentimento que prevalece é o que importa. Bom ano, muita saúde, 360 poemas.

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  2. É uma memória sem nome e ainda assim bonita e forte, o sentimento que prevalece é o que importa. Bom ano, muita saúde, 360 poemas.

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  3. Recordações que não nos deixam mais.
    Aparecem, como muito bem diz, por uma coisa de nada.
    O resto entra numa nebulosa.
    Um abraço
    Olinda

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  4. Cor, cheiro, som, toques, sabores, que evocam memórias da infância.
    Leitura, castigos, recreio, partilha, amizades, medo e afecto, que evocam memórias da escola.
    Contraste entre o passado e o presente: “tu ao meu lado” sugere proteção | companhia; perder o nome aponta para a passagem do tempo.
    O aroma de lápis afiado desencadeia a memória, como um sino anunciando a lembrança.
    Tonalidade nostálgica e melancólica, com uma cadência poética que mantém a intimidade do eu lírico.

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