E ali estavas tu, 
tão quieto, 
mais sereno do que nunca. 
Não me viste, 
tinhas um pequeno pano bordado
sobre a cara, 
não querias ser incomodado, 
nunca gostaste de lamentos
e os que te ouvi foram
sumários e sussurrados
quando estavas à espera disto. 
Cá fora o vento repentino
limpou o caminho que fizeste
com a nossa companhia. 
Irás de mãos vazias
como disse o Tolentino
e assim irás até ao fim
entrando no escuro da poesia. 
Depois, 
despedi-me de ti logo ali
porque no escuro já não te vejo
e não quero ouvir o som do manto
que te cobrirá. 
Não sei
se era isto que tu querias. 


Na morte do Poeta Armando Silva Carvalho
em 2 de Junho de 2017


4 comentários:

  1. Quem me dera ter um amigo que me escrevesse um poema com tanta beleza !!!!
    Maravilhoso poema.

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  2. Não se foi para sempre, ficou a obra.
    e sim, acho que era isso que ele queria.
    Muito bela a homenagem
    bom domingo!

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