Roque Gameiro
Hoje quero fazer um poema feliz.
Tento imaginar algo que me espante, que me agrade.
Imagino por exemplo
como deve ser feliz construir uma ponte entre dois pontos
ou
sentar-me a olhar os do futuro brincando saudáveis e alegres
ou
ver pares sorrindo tranquilos depois de cumprida a tarefa do seu dia.
Mas não, são temas triviais
Tento então imaginar
um deus em que acredite, bondoso, equilibrado, justo
que evite as tragédias e o mal
que evite ser motivo de embuste e crueldade,
mas não me ocorre.
Entretanto, de tanto imaginar se fez noite, há pouca luz.
Talvez amanhã, ou depois, noutro ano, noutro século
ou nunca.
Podem perecer-lhe temas triviais
ResponderEliminaresses da alegria simples de um final de dia
ou ficar sentado a ver as crianças brincando felizes
mas eu gostei
e prefiro esses pequenos prazeres
aos deuses com poderes irreais.
No fundo, fez um poema feliz.
Boa e tranquila noite.
E eu agradeço a sua visita e o seu comentário.
EliminarBoa Noite
Gostei, talvez exactamente por nunca procurar, eu própria, escrever a partir de um tema... com excepção das glosas e coroas poéticas, em que há que se pegar no que nos ficou do poema anterior, todos os poemas me nascem de pensamentos mais ou menos banais que se vão desenrolando como os fios de uma meada.
ResponderEliminarSinceramente, não creio que este seu poema seja feliz, ou melhor, não creio que seja um poema feliz, embora eu o considere um bom poema. Creio que é um poema que duvida da sua própria identidade poética.
Abraço, L.
Muito obrigado pela sua análise. Este poema nasceu do facto de alguém ter deixado de me seguir por achar os meus textos angustiantes. Gosto sempre das análises que têm a amabilidade de fazer, mesmo que com sentidos contrários. Tomo sempre em conta. Obrigado.
EliminarBom Dia
Concordo com uma das mensagens de quem comentou anferiormente
ResponderEliminarEste é um poema de dúvida da identidade poetica
E bem escrito
Agradeço a sua vinda e o seu comentário.
EliminarBom Dia.
Linda é a mensagem
ResponderEliminarQue na mente entoa
Maravilhosa a viagem
Onde o imaginário voa
.
Fim de semana feliz
Muito obrigado, gostei da quadra.
EliminarBom Dia
Pelo desculpa, mas discordo veementemente da eventual descrença poético do autor, neste poema, conforme opiniões acima.
ResponderEliminarCreio haver subentendido uma tentativa algo irónica, sobretudo no parágrafo final, de que alterar a sua forma de escrever, de modo a que a seguidora desistente, pudesse também ela, alterar a sua visão acerca do que o autor escreve, acontecer hoje, amanhã ou...nunca!
Porquê? Porque ninguém consegue mudar a sua verdadeira essência.
Peço a compreensão do autor do blogue. :)
Obrigada.
Estou muito de acordo com o seu comentário e acho que detectou a verdadeira intenção do texto, até melhor do que eu que nem tinha pensado nisso. Obrigado
EliminarBom Dia
...a ironia sempre presente...mas eu gosto!
EliminarBom Dia.
Três recomendações e uma declaração:
ResponderEliminar- Faz poemas felizes todos os dias, mesmo que os não escrevas ou digas;
- Abomina o teu imaginário, remete-te, como a esperança, para ficares à espera que aconteça:
- Nunca digas a palavra nunca
Eu declaro que aquele ponto para o qual constróis pontes, me merece mais respeito que qualquer Deus real ou imaginário
E gostei muito do teu, também poético, comentário. Ficamos contentes quando suscitamos um comentário mais profundo. Obrigado
EliminarBom Dia
Eu acho que este é um bom poema.
ResponderEliminarSabe Poeta, escrever poemas felizes, não é fácil.
Este pode nao ser feliz, mas que é bom isso é.
:)
É um elogio este seu comentário, é uma honra ler as suas palavras. Obrigado.
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