Toda a vida guardou aquela caixa
sobre o armário do seu quarto.
Uma caixa pequena
forrada a veludo vermelho
que continha tudo aquilo 
que acreditava ter sido a sua vida.
Muito cobiçada pelos familiares, 
defendia-a fechando à chave a porta do quarto
ou levando-a consigo quando a ausência era prolongada.
Morreu
e os seus herdeiros
com o coração batendo
tomaram com cuidado aquela caixa
que continha tudo o que tinha sido a vida de seu pai.
Abriram-na
e...
nada!!!


15 comentários:

  1. Poema triste e bem encaminhado. Bem conseguido.
    Gostei

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  2. Lição aprendida
    Vou deitar fora a caixa
    Pôr um letreiro
    «Este armário não tem nada»
    e deixar aos herdeiros
    um epitáfio a colocar
    na minha campa
    "Aqui jaz
    um homem
    que sempre quis
    mudar o mundo,
    só que não teve tempo"

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  3. As vidas têm o estranho hábito de se esgueirarem pelas mais ínfimas frestas. É por isso que eu vivo a minha por inteiro, até à medula. Só deixo rastos...

    Abraço, L.

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  4. ... abriram-na e... nada...

    Comum a tanto mortal
    .
    Um dia feliz
    Cumprimentos.

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  5. Interessante!
    Uma caixa vazia.
    Uma caixa cheia de nada!
    Talvez tudo para quem a deixou.
    Desconcertante, mas reflexivo!
    :)

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  6. Nada? Impossível! Eles que descolem e procurem debaixo do veludo: decerto estará lá um mapa do tesouro!
    Obrigada!

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    Respostas
    1. Obrigado pela sua visita e pelo bom humor do comentário.

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    2. Não era sentido de humor, era sentido figurado: o que encontrarem mesmo sem se poder ver, será o pai deles.
      :)

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