Tinha um livro nas mãos 
e olhei-as. 
Tantas rugas, muito engelhadas
um rendilhado de memórias e trabalho. 
Como é possível ter chegado a isto
eu que ainda sou tão novo?
Sou novo desde sempre
e aos setenta já estou assim. 
Do que estas mãos se lembram
e o que sabiam dizer 
quando encontravam as tuas, 
estremeciam. 
Agora que estão esquecidas
ainda estremecem de saudade
e eu fico contente porque estão vivas. 
Ainda sou tão novo, ainda tenho tempo
posso esperar
talvez tu voltes.


13 comentários:

  1. Não aprecio quem fale pelos cotovelos
    Mas falar pelas mãos
    (porque essa fala não mente)
    é como se ouvíssemos
    em testemunho directo
    tudo o que as mãos terão feito

    e nem são necessários gestos

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  2. Pelos dedos falo há mais de doze anos. Rugas, ainda não muitas, mas... as cãibras já não me permitem pegar num livro durante muito tempo e os olhos já não me servem para o ler. Mas ainda consigo escrever e quero fazê-lo até ao fim. Não perderei um segundo à espera seja de quem for. O que me sobra em dor física vai-me faltando em tempo.

    Abraço

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário. Desejo que tudo lhe corra pelo melhor.

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  3. As mãos que estremecem pela recordação do afecto e da saudade nunca envelhecem. Guardam os desejos mais íntimos e nunca estão vazias.
    Lindíssimo poema!
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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    1. Muito obrigado pelo amável comentário. Desejos de saúde, também.

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  4. Gostei do poema mas acho que o sujeito do mesmo devia ter sido o livro e não as maos
    Faria mais sentido
    😊

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário, tomo em conta a sugestão. Muito obrigado.

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  5. E eu fico contente por poder imaginar este poema, manuscrito, no dorso das suas mãos poisadas no livro aberto.
    :)
    Obrigada!

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  6. Volta pois.
    Se não voltar de uma forma, volta de outra.
    Na memória (boa).
    :)

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