Sintra


Se morrer for assim como dizes
eu não me importo. 
Estarão lá todos na berma de uma estrada
estranhamente cantarão 
mas sem voz humana
será um chilrear encantador
e cada som de cada um
será uma pequena nuvem de cor
cuja mistura de aromas
nos inebria e nos envolve
para esquecermos o caminho de regresso. 
Se morrer for assim como dizes
vou contigo, agora
porque sei que estás de partida, 
meu amor. 



16 comentários:

  1. Que texto tão doce e cativante!
    Pois...se morrer fosse esse chilrear de cânticos e nuvens aromáticas...

    Quem conhece bem Sintra por certo reconhecerá o local expresso na bonita aguarela.
    Um post para ver, rever e admirar.
    Parabéns ao autor.
    Gostei muitíssimo.

    Boa Noite.

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    1. Eu agradeço muito as sempre simpáticas palavras e é um gosto que reveja o meu texto e imagem.
      Uma Noite descansada.

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  2. Gostei da melancolia da conjugação entre aguarela e palavras
    Poesia bem esplanada
    Gostei

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    1. Muito obrigado pela habitual visita e pela indispensável apreciação.
      Boa Noite.

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  3. lindíssimo poema coroado por uma não menos bela aguarela.

    Morrer nunca é como dizemos/pensamos, L. Quem já passou por um episódio de quase morte, acredita que seja tal qual o vivenciou. Quem passou por dois - quatro, na realidade, mas só dois recorda pormenorizadamente - e tudo se passa de forma abrupta e completamente diferente, volta à incerteza inicial.

    Abraço

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    1. Bom dia e obrigado pelo seu comentário, muito esclarecedor, afinal a poesia aventura-se por todos os caminhos e muitos que não conduzem a realidade nenhuma.
      Muito Obrigado

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  4. Relendo o seu cativante texto, não pude deixar de pensar em como seria bom que, ao chegar a minha hora de partir,
    fosse encontrar na berma da estrada, à minha espera, todas as pessoas que me foram queridas e outras que nunca conheci e tanta falta me fizeram e fazem, nesta minha caminhada.
    Voltei só para lhe dizer isto...

    Tenha um bom resto de dia. :)

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    1. Voltou e bem, juntou ao seu texto inicial mais um pensamento de que gostei. São sempre agradáveis os seus desenvolvidos comentários, que agradeço.
      Um bom resto de dia também e até ao próximo texto.

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  5. Ia ser engraçada mas não posso senão Deus pode-me castigar.
    :)

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    1. Pode ser engraçada à vontade, este blogue não chega ao céu. Espero que tenha coragem.
      Obrigado

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  6. Não, pensei melhor e compreendi que se eu tivesse escrito este poema com o sentimento com que certamente foi escrito, eu não ia gostar de um comentário engraçado.
    Ok? Sorry.
    :)

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    1. Insisto. Estou curioso para ler esse seu comentário engraçado. Acredite que estou aberto a todo o tipo de apreciação e de humor. Os textos são ficção nada poderá causar dano.
      Obrigado, espero que volte.

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  7. Posso dizer, Senhor das Nuvens.
    Prepare-se para tremer.
    O poema pareceu-me um casamento zombie.
    Foi a primeira impressão que eu tive.
    :)

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    1. Não tremi, achei muita graça mas ainda assim aquém da expectativa criada.
      Agradeço a atenção que os meus textos lhe têm merecido.

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  8. Se há coisas que me incomodam demais é falar de morte, embora saiba que mais tarde ou mais cedo tudo morre.
    Achei este poema que embora fale de morte, fala também de amor.
    Mas , e, espero que não me leve a mal, ao deixar aqui um poema que declamei na minha meninice e que me ficou de memória, poema e autor.

    Devia morrer-se outra maneira

    Devia morrer-se de outra maneira.
    Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
    Ou em nuvens.
    Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
    a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
    os amigos mais íntimos com um cartão de convite
    para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
    a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
    às 9 horas. Traje de passeio".
    E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
    escuros, olhos de lua de cerimônia, viríamos todos assistir
    a despedida.
    Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
    "Adeus! Adeus!"
    E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
    numa lassidão de arrancar raízes...
    (primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
    a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
    em fumo... tão leve... tão sutil... tão pòlen...
    como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
    ainda tocada por um vento de lábios azuis...

    Autor:José Gomes Ferreira

    beijinhos
    :)

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    1. Um belo poema de um grande poeta. Gostei muito e agradeço a sua vinda.

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