Hoje não tenho palavras para vos dar.
Tudo em mim são sensações, devaneios, arrependimentos.
Não tenho espaço para palavras,
só me apetece mentir.
E as mentiras que tenho preparadas são todas sem palavras,
são gestos intemporais, inadequados, são sentidos como a dor.
E minto.
Digo que já não dói,
que não há dor que me mate,
que não há calor que me aqueça
nem frio que me arrefeça,
que sou amante do noturno
e do gosto de estar só.
As palavras estão saturadas e neste exercício verbal
acabo a mentir a mim próprio.
A mentira como companheira de recurso.
ResponderEliminarQue optamos por ignorar mas está lá para o que der e vier
Gostei
Temos de recorrer a soluções que nos levem a entendermo-nos.
EliminarMuito Obrigado e uma noite descansada.
Ou eu estou a ficar mais piegas - o que de resto nem admira, até porque se diz que a idade adocica os temperamentos rebeldes -
ResponderEliminarou, então, mesmo sem as palavras que diz não ter, escreveu o texto poético mais enternecedor que já aqui li.
Minta a si próprio, sem culpas, e minta-nos a nós que o lemos.
Afinal, na poesia vale tudo. Fingir que estamos bem e o contrário também.
Sofrer na vida e sentir dores na ficção, é masoquismo.
E nós não queremos isso, pois não?
Em poesia, quanto menos verdades se disserem, melhor se escreve.
A dor é inventada e a alegria é mascarada de lágrimas.
O que queremos é cobrir de pétalas aveludadas, o resto do caminho que nos resta percorrer...
( o que diria a Sinuosa disto? )
Boa Noite e um bom Domingo.
É compensador receber um comentário expresso num texto como o que teve a amabilidade de me dirigir. Falamos connosco e disso damos conta falando para os outros, escrevendo. O resto do caminho, como será? Atapetado com...
EliminarBoa Noite e muito obrigado.
Eu digo que a Janita é um hino à vida e à alegria.
Eliminar:)
😘 😀 🤗
EliminarDiz o povo sabiamente:
ResponderEliminar«Com a verdade me enganas.»
Mas o filósofo aconselhava: «Conhece-te a ti próprio.»
Mentir a si mesmo não é defeito: é castigo.
Bom domingo.
O seu comentário analisa o texto com objectividade, agradeço a atenção que dedicou.
EliminarBom Dia, aguardo a próxima visita.
A nós, leitores, o texto oferece grande riqueza de sentimentos realçada pela negação. Ao autor, pergunto-me para que lhe terá servido a mentira se esteve sempre consciente de que mentia a si próprio?
ResponderEliminarNão sei se desabafo, se mera estratégia de produção de texto poético... e que importa se um, se outra? O texto continuará a ser soberano, bem como a árvore/nuvem que hoje chove sobre uma árvore que nos apresenta como comum.
Abraço, L.
No meu caso, quando escrevo, o texto vai crescendo, nem sempre coerente, reconheço, depois componho uma ponta ali, uma outra palavra acolá e assim, chego ao final. Gosto por isso de ouvir os comentários que o texto suscita, para mim isso dá "cor" ao que ficou dito. Obrigado pelos seus comentários.
EliminarAté logo.
Eu acho que o poema hoje está muito bem mentido.
ResponderEliminar:)
Tomo o seu comentário como um elogio.
EliminarObrigado
Este poema é uma meia verdade pincelada com uma mentira inteira.
ResponderEliminarMentir? EU! Só minto a mim própria, mas sei que minto!
:)
Todos fazemos isso com ou sem consciência.
EliminarObrigado.