A casa vazia
É um caminho longo
o que percorro
da porta da marquise
ao fim do quintal
tenho o passo miúdo
nasci há pouco
aqui, ao domingo
há sempre sol
quando chego ao muro
lá ao fundo
vejo quase o mundo todo
a serra em frente
a voz da minha mãe ao longe
a cantar
no tronco da nespereira
gravo o meu nome
um sulco forte a canivete
caligrafia demorada.
Vejo agora que os meus olhos
cresceram
em repouso o meu nome
também
a sombra é a mesma no lugar
que é o mesmo
a casa vazia, a árvore vazia,
a paisagem vazia.
Mãe! Ainda te ouço cantar.
Ficava melhor, possivelmente, como inicio de um conto neo realista, muito Manuel da Fonseca, Soeiro Pereira Gomes
ResponderEliminarDiscordo da forma não do conteúdo
Esse gostei
Muito obrigado pela visita e pelo comentário.
EliminarAté amanhã.
" Vamos a correr à frente do passado mas por vezes gostamos de correr atrás dele.
ResponderEliminarBrancas Nuvens Negras, dixit.
Só acrescentaria que, há determinadas horas na nossa vida, em que o regresso aos sentimentos e lembranças do passado, se torna necessário, imperioso até, para que se encontre o equilíbrio emocional, no presente.
Um abraço.
Sim, estou de acordo, o passado acaba por ser fonte de inspiração pelos bons e maus momentos.
EliminarObrigado
Um abraço também.
Um jardim fechado como a alma (sem qualquer conotação religiosa) do Poeta?!
ResponderEliminarHá uma inquietação, um gosto amargo na boca, a frustração do sentimento de algo perdido que o Poeta não encontra.
Às vezes procuro o mesmo sem ter muita consciência do que quero.
E há sempre a voz da nossa Mãe a cantar lá ao longe...
O texto inscrito na aguarela foi retirado de um tema de Wim Mertens.
EliminarGostei muito do seu comentário.
Diria que estás a falar da minha casa vazia
ResponderEliminarMas noto diferenças
que fazem esbater as semelhanças
A árvore é outra
A voz é outra
o resto é igual
Como humanos acabamos por ter memórias idênticas.
EliminarAbraço
Acho que sem querer, hoje sentimos a mesma saudade.
ResponderEliminarVocê da sua mãe.
Eu do meu pai.
Acabei de escrever e vim aqui...que coincidência.
Bom domingo
Provavelmente temos esses picos de saudade com frequência, hoje coincidiram.
EliminarBom domingo, um abraço.
Gostei muito do poema e da aguarela.
ResponderEliminarBom domingo.
Agradeço a sua visita e o comentário. Espero que volte.
EliminarAté à próxima.
Sé también, por desgracia, lo que se siente cuando la cas de tus padres se encuentra vacía, porque ellos no están.
ResponderEliminarFeliz domingo.
La nostalgia viene de algún pequeño detalle.
EliminarBuen domingo. Deseos de salud.
Gostei imenso do poema, apesar de me não identificar com alguma da tristeza que nele encontro. Eu, não necessariamente o autor ou os outros leitores.
ResponderEliminarAs árvores/nuvem deste seu jardim, menos pela cor do que pela forma robusta e pelas linhas ligeiramente menos alongadas, parecem trovejar.
Abraço, L.
Fico contente por ter gostado. Acho sempre curioso o que vê na imagem.
EliminarMuito Obrigado
Um abraço.
Para além do vazio, a voz, ainda,
ResponderEliminardas mães.
E o colo perdido algures...
Todos sabemos lembrar isso.
EliminarObrigado
Uma aguarela bonita.
ResponderEliminaruma homenagem de ternura e saudade â mãe.
gostei, depois da sua partida a casa fica vazia.
e nunca mais será a mesma.
beijinhos
:)
É isso mesmo.
EliminarObrigado.
Um abraço.