Saldos
Hoje estou a saldar:
O silêncio em que me escondi
depois de me ter perdido.
A imobilidade em que fiquei
depois de ter ouvido matarem-me.
As moedas que não usei
para comprar a cura para a nostalgia.
O som oblíquo das noites
de vigília das noites.
As carícias perdidas
em rostos sem coragem.
A concavidade no olhar
com que fiquei depois das perdas.
A música que ouço amiúde
do vento na folhagem das árvores.
A claridade que existia
e que eu não vi.
A chuva de estrelas
de quando chegaram os meus sucessores.
A barca imaginária
que me trouxe até aqui.
Estou a saldar tudo
menos este lugar à janela do mundo.
Os saldos são literais do termo ou são a tarefa de reavaliarmos a nossa presença no mundo
ResponderEliminar😊
Obrigado pela presença
Deixo a interpretação ao cuidado de quem lê. Eu é que agradeço.
EliminarBoa noite. Parabéns pelo seu excelente trabalho.
ResponderEliminarMuito lhe agradeço o elogio.
EliminarUm abraço
Curiosa coincidência
ResponderEliminarTambém estou procedendo
Ao balanço
de ganhos e perdas
Não saldo nada
a não ser esta janela aberta sobre o Mundo
há cerca de 10 anos
Estou seriamente a considerar fecha-la
Porque
Tenho outras janelas, abertas
Porque
Os actos de cidadania, por aqui rareiam
Porque
Porque a blogosfera, já não é o que era
Porque
e porque
e porque
e por que
A decisão ainda não é definitiva
se amanhã não aparecer
acabou por acontecer
A Blogosfera já não é o que era porque pessoas como tu Rogério, continuam a ir embora!! Uns por escolha própria... outros porque tiveram de tomar o expresso da eternidade.
Eliminar😞
Posso considerar isso
Eliminarum empurrão definitivo?
Dizer que, depois de 10 anos
me vou embora seguindo quem partiu
é mesmo acusar-me de ter desistido...
Perante este anúncio fico sem palavras. As decisões decerto são ponderadas e a qualquer momento poderemos ter-te de regresso. Vamos sentir a falta.
EliminarAguardarei os acontecimentos mas deixo aqui um longo abraço e um grande obrigado.
EliminarRogério,
Se consideras o que eu disse um empurrão definitivo, esquece então por favor que leste as minhas palavras.
Lamento profundamente que as tenhas deturpado.
Um beijo triste
Este seu poema, lido e relido, é um dos que mais me tocaram , L.
ResponderEliminarCuriosamente, vejo que a expressão "este lugar à janela do mundo" foi interpretada - e é possível que muito correctamente -, como uma metáfora deste seu blog. Eu vi-a como a expressão da sua própria identidade...
Gosto muito desta aguarela; deu um coração/fruto a cada uma das árvores/nuvens.
Abraço!
Muito interessante o seu comentário e até clarificador para mim com a interpretação que lhe deu. Obrigado por gostar da aguarela.
EliminarObrigado por vir.
Obrigado.
Tantas vezes nos perdemos para voltarmos a encontrar-nos. E o coração faz o "balanço" do que perdemos e ganhámos. Um poema muito belo e cheio de motivos de reflexão.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Um muito agradável comentário que fez ao meu escrito, como sempre.
EliminarAgradeço e desejo também uma saúde continuada.
Abraço
Deixa-me sempre em reflexão, tentando perceber o alnce poético das suas frases. E se assim me deixa, assim continuo ...
ResponderEliminarCumprimentos
Essa é uma das intenções que me move, por isso lhe agradeço a atenção que dedica, aos meus textos.
EliminarUm abraço
Concordo com o Ricardo, é necessária uma análise profunda para alcancar o sentido poético da sua POESIA.
EliminarVejo-me na aguarela à espera do autocarro, levando uma porrada de chuva.
Tomo essa opinião como um elogio.
EliminarSurpreendente o que vê na imagem.
Não saldo, não vendo, - sequer a preço de custo, - tampouco ofereço, tudo o que a vida me deu e até o que me tirou.
ResponderEliminarSó eu lhes sei dar valor, pois o valor dos meus bons e maus momentos de nada serviriam a outrém.
Mas gostei e muito, desta forma tão sui generis de trazer até nós pequenos bocados de coisas suas.
Dispensando-as ou não. :-)
Quanto à aguarela, acho-a um primor. Pela primeira vez sei dizer a ideia que me transmite:
Uma nuvem azul, paradoxalmente carregadinha de água, para regar a bonita árvore, em forma de pinheirinho de Natal.
Parabéns pela excelente publicação.
Um abraço.
O saldo de ideias foi bem entendido pelos que me lêem, como verifico pelo seu desenvolvido e atencioso comentário.
EliminarE agora uma piada: esperei que me dissesse que via na aguarela 3 azeitonas com pimento.
Agradeço muito a interpretação que deu ao texto e à aguarela.
Enganou-se, meu Caro Pintor/Poeta.
EliminarVejo um pinheito enfeitado com bolas vermelhas alusivas ao Natal.
E esta, hein?
Obrigado. Gostei.
EliminarO Poeta não sabe o que diz.
ResponderEliminarNão é epoca de saldos.
Por decreto que invento agora, não salda nada, senao tem uma coima e nunca mais se livra das palavras.
Não salda, nem vende, nem dá.
Apenas deixe-nos ler, e já é tanto.
O resto é ficção, pura e dura.
A aguarela é uma éspecie de esperança.
beijinhos
:)
Cumprirei o determinado nesse seu decreto.
EliminarUm abraço