Não há ninguém 


Não há ninguém como tu. 

     Naquela noite em que te identifiquei

     brilhante e sanguínea na tua dança 

     soube que não havia ninguém como tu. 

     Desde que dançaste para mim

     decidiste o meu futuro e

     quando estava contigo 

     já nem a chuva me deprimia

     nem temia o som escuro da memória. 

Não há ninguém como tu. 

     Chegava a adivinhar os teus sentidos ___

     ___ com rigor

     pelo suor do teu corpo

     depois de sapateares a vida no tablao

     Sou testemunha do teu vestido vermelho

     agitado volteando quando o voo nascia

     nas cordas duma viola. 

Não há ninguém como tu 

     mas ___

     ___ as horas envelheceram

     o teu sapateado não é mais do que o eco

     do teu regresso impossível. 

     Os teus sapatos vermelhos que ficaram

     são as minhas testemunhas

     de que os meus versos

     passaram a ser grotescos. 

     Não tenho posição para ficar nesta pausa. 

     O sabor que me ficou na boca

recorda-me que já não há ninguém ___ 

___ nem tu.




23 comentários:

  1. Fechando os olhos e quadra se muito bem a música com o poema
    Excelente sentimento
    Gostei

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    1. A conjugação foi propositada e pelos vistos resultou.
      Obrigado
      Boa noite

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  2. A sensualidade do poema desta noite, que nada tem de grotesco, recorda-me a paixão que o meu avô materno tinha pelas bailarinas espanholas — o dinheiro que ele gastou com elas é que foi de facto grotesco. Solidária com a minha avó materna detesto a dança flamenca.

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    1. Compreendo perfeitamente esse acto de solidariedade o que valoriza ainda mais a apreciação que fez da publicação de hoje.

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  3. Flamengo... gosto bem mais se for com o Joaquín Cortés :))

    Concordo com os comentadores que me precederam, o poema tem de facto muita sensualidade (e muita dor também) e a conjugação resultou muito bem sim!

    Beijinhos vestidos de vermelho e preto
    (^^)

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    1. Confesso, Clarinha, que não gosto mesmo nada de Flamengo, mesmo se for com o Joaquín Cortés :))

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    2. Talvez gostar de flamengo seja como «gostar de tónica Schweppes». Tem de se «aprender a gostar»! 😅
      😍

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    3. Também não gosto de tónica Schweppes.
      Como também não tenciono aprender a gostar de flamengo.
      Tu sabes muito bem, que o meu coração bate por tudo que é nórdico.

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    4. Eu sei... mas adoro provocar-te! 🤣
      Por exemplo... o Joaquín Cortez está longe de ser o teu ideal de homem, de tão diferente que é do teu "deserto loiro"!

      Sossega coração! 💙

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    5. Bastante contente com o desenrolar do diálogo que valoriza este lugar, só posso agradecer às autoras esta animação.
      Um abraço para ambas.

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    6. Tanto eu como a Clara adoramos dialogar sentadas nas brancas nuvens negras.
      O POETA sabia que as nuvens são o sofá das deusas?!

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  4. Gostei sobremaneira desta publicação.
    Um jogo bem calculado, entre o texto e o vídeo de Bailado e Música Flamenca.
    Uma pequena maravilha que fez as minhas delícias.
    Ou não tivesse eu no sangue: Azucar Moreno

    Está o autor de parabéns!

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Fico agradecido pela apreciação que li nas suas gentis palavras e pelo gosto que a publicação lhe proporcionou.
      Aceito os parabéns com um abraço.

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  5. Que grande animação vai por aqui L. :)

    Gostei muito do poema e do vídeo, que me remeteu para a minha infância. Quando era pequenita, aprendi a dançar o flamengo com um tio que era espanhol e posso garantir-lhe que o dançava muitíssimo bem. Contudo, já não há ninguém como a menina que fui. Nem eu...

    Abraço!

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    1. A publicação de hoje foi muito festejada o que quer dizer que todos temos algo que nos liga aos nosso vizinhos.
      Bom Dia e um abraço.

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  6. Adoro dançar. Adoro todo o género de música, onde incluo o flamengo.
    Gosto menos de Jazz, mas ouço. Adorei o video.
    .
    Saudações poéticas

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  7. Mas.
    Ficou algo.
    Mesmo que pouco.
    Ficou.
    E isso conta muito!
    :)

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