O rumor daquela noite


Setenta natais depois 

percebia-se o rumor

da noite a aproximar-se. 

Quatro olhares azougados

tomaram o meu lugar

pequenas mãos descobriram

o mesmo que eu descobri. 

Setenta natais já velhos

num sonho sonhado à pressa

antes que fosse dia. 

Quatro olhares azougados

tomaram o meu lugar

sobre as palavras viúvas 

as mesmas que eu descobri. 

Setenta anos depois

tropeçando nas memórias 

ao querer beijá-los a todos

nem dei conta nestes versos

que o natal tinha acabado. 




 

14 comentários:

  1. Curiosamente, este Natal passou demasiado rápido, para mim, em relação a anos anteriores.

    É bom revermo-nos nos gestos das crianças de hoje que nos fazem lembrar a criança que fomos.

    Um tema que me levaria a dissertar sobre as minhas alegrias ao ver, por vídeo-chamada, a surpresa e a alegria do meu neto mais novo.
    Mas este é o seu espaço e é dos seus e de si que o poema fala.

    Gostei muito. Passou rápido, mas foi muito bom.

    Boa Noite.

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    1. Agradeço a sua pronta vinda. A minha experiência foi idêntica, também vi os meus netos e o seu contentamento. Para o ano se verá como vamos festejar.
      Resto de Boas Festas.
      Um abraço.

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  2. Um bom sentimento pós natal em época de revolução
    Gostei

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    1. Obrigado pelo seu comentário. Fiquei a pensar na sua expressão "época de revolução", talvez sim, mas lentamente, ainda não revolucionou onde pode mudar a essência do mundo. Vamos ver quem vence quem.

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  3. Cieszę się, że ci się podoba. Jestem zadowolony z wizyty. Życzę Wam dobrego zdrowia w 2021 roku.
    Tłumaczenie Google

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  4. .Para o ano que vem haverá outro Natal. Espero que seja muito melhor que o quer acabou de passar.
    .
    Feliz fim de semana

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  5. Viva!! Gosto sempre de voltar cá para reler os textos e fazer-lhe mais uma visitinha, enquanto o resto dos leitores não terminam as férias natalícias e o vêm alegrar e acompanhar, como sei que gosta.
    Quase sempre descubro algo que antes me havia escapado.

    ...sonho sonhado à pressa
    antes que fosse dia.


    Não sei como consegue imprimir mais ou menos velocidade aos seus sonhos. Um dia há-de explicar-me como faz isso.
    É que há sonhos que eu gostaria de despachar à velocidade da luz e outros há que gostaria de retardar e manter «in aeternum». 😌

    E pronto. Agora vou até à cozinha desligar a panela da sopa.
    É servido de uma sopinha de couve penca - da Póvoa - e feijão manteiga?

    Até logo ou até amanhã.

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    1. É simpático da sua parte voltar para mais uma visita. Isso de sonhar à pressa é como dormir à pressa ou descansar à pressa, não sei explicar, é tudo imaginação. Agradeço o seu convite mas, claro, não posso aceitar por motivos óbvios. Mas fico reconhecido.
      Um abraço. Até logo.

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  6. 3o anos depois, o nascido
    faleceu porque o mataram
    assinalar a data, assim
    não a deixarei morrer

    A outra,
    setenta e quatro anos festejada
    está morta
    (o que se passou ontem
    já não se enquadra
    com a festiva quadra
    pelo mesmo motivo
    do seu, meu amigo)

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    1. Um comentário profundo, sério, que agradeço. Só uma dúvida; o nascido que mataram, não foi aos 33 anos?
      Um abraço.

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    2. Tem razão!
      Confundi com o ano em que o seu gesto determinou o seu destino: a expulsão dos vendilhões do templo...

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