Escutar o silêncio 


Quando anoitece 

que medo tenho dos aromas do teu corpo.

Vejo que os teus lábios tremem numa reza 

ou num insulto calado. 


Obedeço ao apelo da tua pele ___ da tua pele

e então engendro um poema em voz alta

com as palavras que conheces 

mas não me deixas usar. 


Depois fico 4 minutos e 33 segundos 

a escutar o silêncio ______ da tua pele

antes de enfrentar o medo. 





 

23 comentários:

  1. O silêncio com um tempo medido e explicado pelo amor e a dependencia
    Gostei

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    1. Um tempo de silêncio, uma composição silenciosa para que se ouça o que não se costuma ouvir.
      Obrigado.

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  2. No silêncio da noite não acredito no seu receio.
    4 minutos e 33 segundos é pouco tempo, quando o medo é verdadeiro.
    Os lábios dela tremem num insulto calado — na aguarela ela parece um saco de batatas.

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    1. Tenho de me rir da última ideia do seu comentário. A referência ao tempo de silêncio, verifico que não teve o efeito que desejei.

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  3. Não vou jurar que compreendi, mas apostaria que sim, embora me faltem as palavras para descrever o que o poema e a imagem me fizeram sentir.

    Abraço, L.

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    1. Na maioria das vezes é difícil explicar o que sentimos, com a limitação das palavras. Eu compreendo.
      Um abraço.

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  4. A imagem parece-me uma mulher a vestir um daqueles pijamas muito largos.
    O Poema é enigmático, parecendo ser mais um grito do silêncio que se encontra preso à pele de alguém de quem gostamos ou que admiramos.
    Gostei de ler

    Cumprimentos

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    1. Importante é a interpretação de cada pessoa que lê.
      Obrigado.

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  5. Não estou muito de acordo consigo. Experimente encontrar-se num DC-8 (será que ainda existem?) e ser apanhado por uma violenta tempestade, ventos ciclónicos, os raios a passarem à volta do avião, e o comandante sem conseguir aterrar. garanto-lhe que 4 minutos e 33 segundos, podem ser uma eternidade. Embora a determinada altura o medo nem lhe deixa olhar para o relógio, muito menos contar o tempo. Sei-o por experiência não falo de nenhuma cena de filme.
    Abraço e saúde

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    1. Essa sua experiência é, de facto, para nunca mais esquecer.
      Um abraço e saúde também para si. Obrigado por ter vindo.

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  6. Já eu, estive durante 4 minutos desinquiedanto o sono,
    já de madrugada, tentando escutar algo que em mim penetrasse.
    Nada!.. O mais absoluto silêncio.
    Volto, nesta fresca manhã, e nada sinto nem oiço.
    Será a repugnância que me inspira pensar na pele dessa matrona?
    Não admira que o poeta sinta medo!!
    Já estou há 33 segundos a contrair os dedos para os segurar, não vá a minha má educação vir ao de cima...

    Ah, que saudades deste tempo:

    Percebo

    tudo,

    quando

    não

    explicas

    eu

    sinto.


    😛

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    1. Não faça um juízo tão cruel do que acabou de ler. Afinal, a referência que faço aos 4' 33'' não foi agarrado por ninguém e é aí que reside o pormenor que me pareceu interessante introduzir no texto. Sugiro que pesquisem e releiam o texto.
      O tempo dos versos que refere é o mesmo mas, os momentos não são iguais.
      Agradeço a oportunidade que me deu para sugerir uma releitura segundo o pormenor que revelei.
      Um abraço

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    2. "4'33" é uma música, de 1952, do compositor e maestro John Cage, a qual é composta de quatro minutos e meio de silêncio."

      Fantástico! Quem diria?

      Mas também, Caro Poeta, quem o manda sugerir belezas, silenciosas, tamanhas, fazendo-as acompanhar de algo que de todo não toca o coração de quem aqui desprevenida, como é sempre o meu caso?

      Mais logo tentarei trazer um video com essa composição. Posso?
      Obrigada.

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    3. Vá lá, descobriu algo de novo e interessante com que pretendi valorizar o meu texto. Sempre se ganhou alguma coisa. A sua reacção mostra que esta publicação não a deixou indiferente, o que me agrada.
      Obrigado. Um abraço.

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    4. Provocação ou não, esta composição, sem uma única nota musical, não deixou o mundo indiferente nem deixou de causar sensação.

      Quem estiver interessado em ver e "ouvir", por favor, aceda a este link.

      https://www.youtube.com/watch?v=JTEFKFiXSx4&feature=related


      Já volto.

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    5. .............-..........Ou AQUI

      ou--------- AQUI

      😛

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    6. Caramba!! Quanto mais depressa mais depressa!!

      ----------**----- AQUI

      Inté.

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    7. Eheheheh........mais depressa, não, mais devagar! Diacho!

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  7. POESIA que causa polémica é a verdadeira poesia.

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    1. Tens razão, Teresa! E da discussão nasce a luz.
      Se toda a gente fosse muito ordeirinha seguindo o rebanho, conformada, sujeitando-se ao que não entende só porque sim, quantas descobertas teriam ficado ocultas?
      Sinto-me contente... Hoje, enriqueci um pouco mais o meu conhecimento.

      Obrigada, Don Luís D'Ávila. :)

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    2. É um prazer, não têm nada que me agradecer, eu é que agradeço a tertúlia.

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  8. Não tem muito a ver, ou talvez tenha, mas lembrei-me do filme de João César Monteiro, "Branca de Neve " que se viu envolvido em polémica devido à ausência de imagens durante quase todo o filme . Aqui, é o tempo de silêncio (fui pesquisar a origem que tb desconhecia).
    Conclusão feliz, a criatividade é livre assim como também é a nossa interpretação, a minha é :
    O medo só o inibiu por 4'33" antes de "atacar" a sua origem (;

    beijinho e bom fim de semana !

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    1. Entusiasma-me a interpretação de cada leitor. Concordo com a sua.
      Bom fim de semana.
      Um abraço, saúde.

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