A despedida
Conheço-te desde pequena
árvore misteriosa
vi-te crescer e erguer os braços.
Ficámos tão íntimos
que gravei no teu tronco
estas palavras inocentes
que ainda aqui estão.
Acompanhei-te e cresci contigo
até dares frutos e aí
o encanto do teu mistério.
Cada fruto que me oferecias
ia colhê-lo ao engano
uma reluzente e colorida maçã
ao primeiro encontro com a minha boca
logo me arrepiavas com o ácido
de uma laranja colérica.
Sabias como adoçar a minha memória.
Até hoje.
Eu
teu dedicado protector e companheiro
desde quando ainda não éramos
mais do que flores a prometer frutos
de nada me esqueço e volto.
Agora
tão velho como tu
retorno à casa onde nascemos,
aqui já todos abandonaram tudo.
Venho para te olhar uma última vez
e simbolicamente te regar
com as minhas lágrimas
dizendo baixo uma oração
"não morras sem mim".
Não me importo que alguém me veja
abraçado a uma árvore.
Cada amor cada mistério.
ResponderEliminarA diferença é que nós (humanos) não morremos de pé!
De pé, como as árvores!
Também tenho histórias de amor assim.
Também eu cresci abraçada a elas...
Gostei muito deste texto!
Beijinhos com galhas e frutos
(^^)
Lembranças de quando era miúdo, afinal todos temos a nossa pequena história.
EliminarObrigado por ler e comentar o meu texto.
Um abraço.
A devoção como elemento precioso da nossa vida
ResponderEliminarOs laços amorosos com o que foi caro na infância.
EliminarIslândia recomenda abraçar árvores em vez de pessoas.
ResponderEliminarEu alinho imediatamente.
Uma das minhas paixões são as florestas alemãs.
A fotografia é um verdadeiro encanto.
A história de uma árvore da infância convertida em poema.
Uma noite suave, poética, encantadora — sem controvérsias.
A árvore é um ser vivo que não nos contesta. Uma noite tranquila. Amanhã voltaremos.
EliminarE não é o dito AMOR todo ele um mistério?
ResponderEliminarNa minha opinião, o simbolismo de abraçar uma árvore, pode sim, fazer com que - lembrando alguém - caia uma lágrima
Foto lindíssima
Feliz fim de semana
Estou de acordo. Obrigado.
EliminarBom fim de semana.
O seu poema enterneceu-me profundamente, L.
ResponderEliminarClaro que sempre abracei árvores... e pessoas, no tempo em que isso não implicava risco de morte.
Forte abraço!
Pois é "interditos os abraços", só a um violoncelo, um contrabaixo, uma harpa. Obrigado.
EliminarUm abraço.
Já que venho ao lugar certo para deixar voar livremente, a minha imaginação, deixe que imagine ter sido essa fotografia oriunda do País das túlipas,
ResponderEliminaronde elas se cultivam em campos imensos, para depois serem transplantadas para os belos Jardins, na época certa. Estou a conjecturar...
Muito bem aproveitada a sombra de uma velha árvore que, por sua vez, deu azo a um texto lindo e cheio de ternura.
Quem não tem, nas suas memórias distantes, ligadas à infância, uma árvore que abraçou, por onde trepou e foi sua companheira, muda e tolerante, de mil folguedos?
A minha, foi uma frondosa romãzeira que também gostaria muito de voltar a abraçar.
Gostei muito, mesmo muito, deste doce e nostálgico momento de recordar tempos idos.
Um abraço perfumado. 😊
Acertou em cheio na origem da árvore que projectou aquela sombra. O texto nasceu antes da foto ou, mais precisamente, foi escrito antes de ver a foto. Constato com agrado que este texto veio relembrar que na vida de todos nós esteve lá uma árvore que deixou saudades.
EliminarMuito Obrigado pelo bonito comentário.
Um abraço também.
Bom dia Luís, somos como as árvores, nascemos, crescemos, frutificamos e morremos, mais nem todos vivemos como árvores centenárias. Mais o principal são os frutos e sementes que produziremos para as futuras gerações. Bom final de semana.
ResponderEliminarUm comentário esclarecido e com o qual estou de acordo. Agradeço a sua longa viagem até aqui a este espaço. Bom fim de semana também para si. Um abraço e saúde.
EliminarFalta-me escrever um livro. Já plantei uma árvore, mais do que uma por sinal. Tenho dois filhos maravilhosos. Vamos ver se ainda vou a tempo de escrever um livro.
ResponderEliminarBonito poema !!!
Isso é uma boa ideia. Estamos sempre a tempo mas, o melhor é começar já.
EliminarObrigado pela visita, é um gosto ter a sua atenção.
Um abraço, saúde.
As memórias por muito dolorosas que sejam, fazem parte da nossa história. Despedirmo-nos delas, é libertarmo-nos.
ResponderEliminarA bonita foto será a sombra dessa dor.
(Este seu poema, fez-me lembrar a célebre frase declamada pela actriz Palmira Bastos. "«Morta por dentro, mas de pé como as árvores» )
Um abraço
Neste caso as árvores não nos podem seguir, daí a despedida.
EliminarObrigado pelo comentário.
Um abraço.
Fê, estamos em sintonia 😍
ResponderEliminarLê o meu comentário lá em cima de tudo!
Beijinhos Amiga
(^^)
Estamos sempre em sintonia Clarinha ;)
EliminarSaudades tuas e um beijinho
Gosto do poema. E de árvores, e de abraços.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
Obrigado pela simpatia das sua palavras.
EliminarUm abraço, saúde.
Só agora me apercebi que eu, que gosto de abraçar e ser abraçada, nunca abracei uma árvore, nunca plantei uma árvore.
ResponderEliminarE foi estranho o que senti.
Luis, gostei por demais deste sensível ternurento poema.
Hoje deixo um abraço. Dois!
Fico contente que tenha ficado com vontade de abraçar uma árvore, pode ser a primeira que encontrar.
EliminarRetribuo os dois abraços.