O meu outro eu suicidou-se
Interrogo-me sobre o suicídio do meu outro eu
respondo-me de poeta para não poeta.
Que há muito não me chamo
que há muito não me escrevo
que não sei se vivo ou morro.
Pergunto-me ___ se ainda me lembro
que somos filhos da guerra
e que quando voltámos tínhamos
aquela nossa casa na aldeia
no largo com a igreja ao fundo.
Por que me suicidei no meu outro eu?
Tínhamos medo mas éramos felizes
nesse tempo ainda acreditávamos que nós próprios
éramos os nossos melhores apreciadores
acreditávamos que deixaríamos o nosso corpo
mas continuaríamos a viver
nos lugares e nas memórias dos outros
até nos assassinarmos um ao outro.
Porque esta minha vida
já estava a demorar uma eternidade
suicidei-me no meu outro eu.
Conformo-me mas condeno-me
à pena de caligrafar a palavra
perdão
um milhão de vezes até a minha morte.
A análise possível às várias facetas do que mostramos aos outros
ResponderEliminarBem visto.
EliminarPreferia que não houvesse por aqui, assassinatos nem suicídios.
ResponderEliminarAté porque, pela minha parte, está perdoado.
Há ainda muita vida para viver.
Boa Noite.
Ah, esquecia os peixes.
EliminarTmambém eu sou um deles.
Cá continuaremos, viver é uma grande acontecimento, mas que não devemos repetir.
EliminarBoa Noite, obrigado.
Li e reli.
ResponderEliminarDeixo um abraço e votos de saúde.
Muito obrigado pela visita.
EliminarUm abraço, saúde.
Gostei de ler o poema, belo mas indigesto.
ResponderEliminarQuanto à colagem... fiquei presa a ela, confesso. Nos tempos que correm, quem se não irmanará a um peixe num aquário?
Abraço, L.
O que escrevemos por vezes é incómodo, mas não será essa também a função de quem quer dizer "coisas" aos outros? Sei que a Maria João partilha do mesmo princípio, é ver os seus escritos.
EliminarQuanto aos peixes, coitados, é ir ao Oceanário (claro que isto é uma brincadeira)
Obrigado e um Abraço.
Claro que partilho do mesmíssimo princípio, L.. O "indigesto" que aqui deixei não tinha uma conotação negativa. Muito pelo contrário ;)
EliminarEu compreendi, tudo bem, obrigado pelo esclarecimento.
EliminarUm abraço
Será que só os poetas assassinam o „outro eu“?!
ResponderEliminarClaro que não!
Nós outros também somos assassinos.
A diferença é que os poetas cantam e compreendem essa morte.
Enquanto que nós outros continuamos dentro da nossa própria estupidez.
Um sermão aos peixes.
Pelo que vejo também compreende esse assassinato ou esse suicídio, depende dos momentos. Não compreender não é sinal de estupidez é antes o que acontece com muitas pessoas, não se analizam numa atitude honesta para consigo próprios, por várias razões.
EliminarUma análise honesta connosco próprios é dolorosa — enterrar a cabeça na terra é muitíssimo mais fácil.
EliminarHá dias em que queria ser um peixe num aquário — mudo ...
É nesses momentos que o "outro eu" pode escrever sobre o "outro".
EliminarNão sei se os poetas assassinam o seu outro "eu". Que o modificam sim, acredito. Mas tudo é discutível, não é mesmo?
ResponderEliminarGostei muito da tela. Linda como todas as outras aqui "oferecidas".
Tenha um dia feliz
Muito obrigado pela sua opinião.
EliminarObrigado por ter vindo.
Saúde.
Caro Poeta
ResponderEliminarPode pedir Perdão,mas todos nós estamos perdoados.
Por isso Deus veio ao mundo.
O suícido entre o outro eu existe.
E existe também a morte.
Mas sabe meu amigo Poeta que também existe a ressureição entre os dois.
E âs vezes as guerras entre os dois (eus) é apaziguadora, como também pode ser bastante dolorida.
Gostei deste trabalho poético.
Abraço de carinho e amizade!
beijinhos (também)
:)
Tem toda a razão na sua análise, o debate interior deve ser feito com lucidez. Pode ser difícil mas é necessário.
EliminarUm abraço e um obrigado pela sua apreciação sensível.
Não sei, se isso, lhe interessa.
ResponderEliminarRecebi hoje vários telefonemas com mil elogios às duas aguarelas.
Sim, claro que me interessa. Fico contente. Podem ver no INSTAGRAM
Eliminarluis.raimundo.rodrigues
Não posso agradecer o seu cuidado.
Matamos al otro yo, cuando no somos consecuente con los actos y la manera de pensar.
ResponderEliminarMatamos nuestro "otro yo" varias veces durante nuestras vidas.
EliminarGracias, un abrazo.
O diálogo interior de quem se expõe integralmente.
Condenar-se à pena de escrever até à morte, não será um acto de absolvição, digo eu.
Um abraço!
Interessante o que cada leitor extrai do texto. Achei interessante o seu comentário.
EliminarUm abraço também. Saúde.
"liberdade para os peixes dos aquários", liberdade para o poeta fazer com a sua vida o que quiser.
ResponderEliminarLevamos a vida a errar e a consertar; a não nos perdoar; a morrer... por dentro.
Beijo, boa semana.
Tudo verdade no que disse, concordo com tudo.
EliminarUm abraço.