Foto do autor do texto



Vendo palavras


Vendo os meus versos na Feira da Ladra 

envergonho-me quando me chamam

poeta comerciante 

mando-lhes versos para cima 

para que percebam que a vida 

não é para ser levada a sério 

os que se riem viram-me as costas 

e continuam mortos. 

Nesta venda falta aquela dimensão 

em que um acolhe a alma do outro. 

Desiludido 

vou vender palavras a retalho.




18 comentários:

  1. A vergonha de um poeta é notícia mesmo se em sentido figurado

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  2. "Vi" este seu texto poético como quem assiste a uma curta peça de teatro. Está tudo lá; actor principal, personagens secundários, acção e até um pequeno enredo.

    A fotografia é lindíssima.

    Forte abraço, L.

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    1. Achei muito interessante a sua interpretação, nem tinha pensado nisso. Os comentários enriquecem.
      Saúde, um abraço.

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  3. Bom dia!

    Ainda que todos os seus textos, com mais ou menos poesia, implícita ou explíta, estejam envoltos numa determinada mensagem, vou atribuir a este uma ligeireza que me agrada, pelo sentido de humor que o autor revela.
    Saber rir de si, brincar com o que lhe é caro, é uma Arte que nem toda a gente sabe e muitos nem sequer entendem.
    Bom, seguindo o meu raciocínio, também vou brincar um pouco...

    A fotografia possui uma estranha beleza. Talvez se identifique com o texto, porém, quem a não identifica, sou eu.

    Será um beco de Alfama
    onde mora a Madrugada?
    E ela, de tão estouvada
    nem sabe como se chama?!

    Desejo-lhe um excelente dia.

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    1. Gostei do seu comentário e o valor que atribui ao texto.
      A foto é uma rua de Cáceres (uma rua para pessoas magras).
      A sua quadra, agora, terá de ser adaptada ao lugar fotografado.
      Muito Obrigado, um bom dia também para si.

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    2. Entonces...

      No es un callejón en Alfama,
      es un callejón estrecho
      en una ciudad medieval extremeña.
      Allá, si, tiene mercadillos de venta
      de poemas y versos.
      Uno recibe un versito
      en cambio de un besito.

      Não sei fazer melhor...

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    3. Olhe que está muito bem e em Castelhano mais difícil e arrojado ainda.
      Foi um gosto. Obrigado.

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  4. Ontem à noite, escrevi a minha opinião sobre a fotografia e o poema, que a providência evitou a publicação.
    Ao ler os comentários dos outros comentadores — compreendi como a minha interpretação do poema e o local da fotografia estavam absolutamente errados.
    Então, digo simplesmente que gosto muitíssimo da perspectiva da fotografia.
    Enquanto, o poeta vende a poesia a retalho, eu retiro-me e desejo-lhe um dia primaveril e seco 🦋

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    1. Foi pena não ter visto o primeiro comentário, todos são válidos e provávelmente seria original. O dia está apenas parecido com a Primavera.

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  5. Gosto da foto. Há uma em Setúbal que não será muito mais larga.
    E gosto do poema.
    Eu que durante anos frequentei o Hospital da Marinha, e passeei muitas vezes pela Feira da Ladra pus a imaginação a funcionar. E fiquei com a mesma sensação da Maria João.
    Abraço e saúde.

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    1. É um prazer receber os Vossos comentários identificando-se com alguns elementos do texto, é compensador. Agradeço.
      Um abraço.

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  6. Me gusta esa foto que acompaña tu texto. Me perdería por esa calle y seguiría recorriendo la ciudad.

    Besos

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    1. La foto es de una calle de Cáceres, una ciudad de tu país de la que soy admirador. Un abrazo

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  7. Quero comprar os seus versos, prometo não me rir e muito menos chamá-lo, poeta comerciante.

    Em Lagos há uma rua parecida à da foto, aliás, uma foto magnífica.

    Um abraço

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    1. O que aqui escrevo também pode provocar o riso... e eu gosto.
      Não conheço essa rua de Lagos.
      Obrigado. Um abraço.

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  8. Caro Poeta

    Achei esta foto de suporte, muito bem "casada" com o poema.
    Com um ligeiro humor é um poema desempoeirado e bastante criativo.
    Mas, sabe, os livros de poesia vendem-se pouco.
    Se calhar também vou para a Feira da Ladra!
    Mas não sei se consigo vender palavras.
    ;)

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    1. Aproveitei para um momento de humor, não pode ser tudo muito sério.
      Um abraço.

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