Foto de Ana Duarte
Estou atento
Escuto os sons do meu íntimo
os sons do corpo.
A leviandade com que ignoramos
as vozes
as nossas vozes dentro de nós
que vêm do lugar mais desalumiado
hão-de ensinar-nos
o nome do chão.
Mato-te morte
antes da tua traição
esperando com os punhos fechados
com um seixo em cada mão
um poema
para quando
já não puder fazer poemas.
Desta vez não me engano, a fotografia é de ANA DUARTE.
ResponderEliminarContinue atento, poeta, aos sons do seu íntimo.
Um poema de luta e de libertação — digo eu.
Estou atento, muito atento, com a vontade de não ser surpreendido.
EliminarA morte só atraiçoa aqueles que não se convencem da sua mortalidade.
ResponderEliminarEla apenas guarda em segredo o dia em que chegará.
A foto da Ana é perfeita para este poema pois congrega exatamente os elementos necessários: terra + céu + fardo (quantas vidas são carregadas aos ombros como fardos?)
Apesar de eu gostar de textos mais leves e alegres, confesso que gostei muito deste post.
Boa noite
Um beijinho
Atenta como sempre, Clara, entendeste imediatamente a fotografia da Ana Duarte, que me passou despercebida.
EliminarDesta vez o POEMA ofuscou a fotografia. Poema que arrepia na sua intensidade.
Clara tem razão, só se considera traição porque não acreditamos na nossa finitude. Quanto à foto, tudo certo na análise que fez, foi por isso que a escolhi.
EliminarTereza, quando diz que gosta de um texto meu, isso é uma validação do que escrevi.
O Luís sabe perfeitamente como eu admiro a sua poesia — não é por acaso que a comparo com a de Paul Celan — sou simplesmente discreta nos elogios!!
EliminarTodos devíamos estar atentos aos sinais que o nosso corpo nos lança.
ResponderEliminarPor negligenciar alguns sinais que o meu me foi dando, é que já passei por algumas surpresas, cujas consequências terei de suportar até ao fim.
Se procurarmos um traço de união entre a imagem e as palavras, creio que o poderemos encontrar na analogia feita, entre aquilo que representa a máquina do corpo humano e a máquina que, com igual método e mestria, transformou um campo de erva em fardos de feno embalados a preceito. Se houver um pequeno seixo que impeça o bom funcionamento da engrenagem, tudo pára...assim é o nosso corpo.
Não precisamos - nem podemos - matar a morte, é ela que nos vai matando, queiramos nós, ou não.
Quando ela nos chamar, não haverá lugares por mais recônditos e desalumiados, onde nos possamos esconder.
Nem punhos fechados, nem foices nem arados, que a possam combater.
Um abraço.
O seu comentário é completo e fala da realidade imparável. Tenha o meu escrito contribuído para a expressão das ideias dos meus leitores e isso será para mim a recompensa.
EliminarCombatemos com as palavras para que de nós fique alguma memória escrita.
Obrigado.
Um abraço.
A morte é tão natural como o nascimento. Pelo menos é assim que a encaro
ResponderEliminarFoto e poema muito bonitos.
Cumprimentos
Muito certo o que disse.
EliminarObrigado.
Cumprimentos.
Um poema que sublinha as verdades da nossa exist4ncia
ResponderEliminarAs verdades que fantasiosamente tentamos contrariar.
EliminarComo dizia Santo Agostinho a morte não é nada, ainda que o ser humano a tenha elevado à categoria de estrela. Senão veja a facilidade com que se diz que se morre de amor, de riso, de choro, de dor, de alegria de raiva, de sono e por aí fora. Um dia, nós fechamos os olhos, mas estaremos vivos no pensamento de quem nos amou, na obra que deixámos feita. Não sei se consigo explicar o meu pensamento, e até é possível que ele seja um bocado parvo, mas a morte para mim é assim alguma coisa muito relativa.
ResponderEliminarGosto muito da foto. Realmente às vezes a vida é composta por um molho de duros fardos, que temos dificuldade em carregar.
Abraço e saúde
Muito claro o seu pensamento com o qual concordo. Falamos muito na morte para termos confiança com ela e a podermos tratar por tu, quase como se procurassemos a sua amizade e os seus favores..
EliminarObrigado, saúde, um abraço.
A foto cativou o meu olhar, e o poema sobressaltou-me!
ResponderEliminarNa minha opinião, as vozes dentro de nós, vêm do lugar mais claro e luminoso do nosso corpo, e não do mais desalumiado.
Matar a morte com um poema, é sem dúvida, uma bela e poética forma de sobreviver.
Um abraço
O sobressalto é o latejar do nosso corpo que sentimos às vezes.
EliminarObrigado pelo comentário.
Um abraço.
Mind blowing post
ResponderEliminarThank you for visiting and for your opinion. Thanks.
EliminarEncantada e perturbada (com o poema e os comentários aqui deixados) partilho uma frase, que faço minha, de André Maurois: “A morte não pode ser pensada, pois é ausência de pensamento. Temos de viver como se fôssemos eternos.” Vivamos, então!!!
ResponderEliminarBeijo.
Cultivamos esse pensamento e... cá vamos nós.
EliminarObrigado. Um abraço.