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Quarenta anos no passado


Quarenta anos depois 

tomei a aventura de passar na rua da tua casa 

tinha uma porta verde com vidros 

pelos quais via a luz entusiasta da tua vida 

a tua silhueta na abertura do bem-estar. 

     Quarenta anos depois 

     o murmúrio que escutava naquela rua 

     era agora o diálogo dos motores 

     e as vozes desgarradas da agitação. 

Quarenta anos depois 

a tua porta do bem-estar ainda lá estava 

mas os vidros não suportaram 

a falta da luminosidade e renderam-se. 

     Quarenta anos depois 

     apenas num instante um rio de angústia 

     fez leito na tua rua em homenagem 

     e levou o nosso desencontro. 

Quarenta anos depois 

em breve a demolição e apenas num gesto 

construir-se-à naquele lugar 

o vazio da memória doente.




17 comentários:

  1. Olá Luis!
    Devagarinho, muito devagarinho vamos regressar ao nosso dialogo sobre poesia e arte.
    Para já digo simplesmente que adorei a porta.
    Do poema também gostei, embora seja muito triste contruir naquele lugar "o vazio da memória doente"

    TERESA PALMIRA HOFFBAUER

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    1. Saúdo o seu regresso. Espero que tenha acompanhado as publicações anteriores.

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    2. Não, não acompanhei. Entrei ontem pela primeira vez na net, desde a minha ausência.
      Em breve, regresso com a energia de sempre.

      Gosto realmente do poema, embora passado quarenta anos só me lembraria da porta, nunca do rosto dele. Ao que eu chamaria "o vazio da memória"

      TERESA PALMIRA HOFFBAUER

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  2. Há em todo o ser humano, creio, uma quase mórbida necessidade de voltar aos lugares onde já foi feliz.
    Mesmo sabendo, de antemão, que só iremos encontrar as ruínas de um passado distante.
    A rendição à realidade é dolorosa.

    Um poema muito belo no seu desencanto sofrido.
    A foto ilustra as palavras ou vice-versa.

    Um abraço.

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    1. A atracção pelo abismo como se fosse necessária a autoflagelação.
      Agradeço as palavras simpáticas à minha publicação de hoje.
      Um abraço.

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  3. FIQUEI COMPLETAMENTE FASCINADA POR ESSA PORTA CUJOS"VIDROS NÃO SUPORTARAM/ A FALTA DE LUMINOSIDADE E RENDERAM-SE".

    NADA ATRÁS LHE FICOU O TEXTO POÉTICO, QUE IGUALMENTE ME PRENDEU.

    FORTE ABRAÇO, L.

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    1. É COMPENSADOR QUANDO AS PUBLICAÇÕES DIZEM ALGUMA COISA QUE TOCA OS LEITORES.
      MUITO OBRIGADO
      UM ABRAÇO

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  4. Nada é eterno e 40 anos é muito tempo. Poema fascinante. Foto que exala doce poesia.
    .
    Feliz fim de semana … cumprimentos
    .

    .

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  5. 40 anos fazem estragos, nos lugares e na memória.
    Foto e poema em perfeita sintonia.

    Um abraço!

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  6. Por isso
    aqui visto
    e lido
    deixei de contar o tempo
    mas dei comigo pensando
    se seria assim, tão triste
    voltar às ruas do meu passado

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  7. Quarenta anos de passado... lembrados num magnífico poema.
    Beijo, boa semana.

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