Perde-se a comoção 


Celebramos uma verdade 

com o mesmo ânimo 

com que acordamos 

no dia do nosso aniversário. 

Há sempre um azul 

e a sombra dos plátanos 

do jardim ideal que nos espera 

e nos deslumbra tanto 

quanto as palavras lentas e doces 

da verdade que nos convém. 

Tal euforia do convívio 

com uma verdade inacreditável 

impede a limpidez 

com que duas mãos 

poderão reescrever o passado 

que gota-a-gota se perde 

pelas areias da incompreensão. 

E tudo perde comoção 

com o passar do tempo,

importante é o desconforto 

dos sapatos encharcados pela chuva.



 

15 comentários:

  1. A verdade celebra se sempre conforme nos dói menos

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  2. TÊM UM PESO INSUSTENTÁVEL, AS COISAS QUE NOS CONSOMEM A CARNE E NOS MAGOAM O CORPO...

    ATÉ OS ESTÓICOS (ALGUNS..) ACABAM POR CEDER A ESSE PESO. L.

    QUE ESTRANHO RELÂMPO ATRAVESSA A IRADA NUVEM QUE ORBITA A INOCÊNCIA DESSA PEQUENINA CASA?

    FORTE ABRAÇO!

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    1. Retive o seu comentário, está escrito com as palavras certas.
      Quanto à aguarela também achei interessante a leitura que fez da imagem.
      Muito Obrigado, um abraço.

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  3. Depois de atingirmos o topo, o caminho é feito sempre ao contrário.
    Se, na descida, encontraremos a mesma paisagem ou não, já não depende de nós.
    Até porque o nosso olhar, sobre as coisas e o que já terá sido importante, se foi alterando com o passar do tempo.

    A aguarela traz, como sempre, uma mensagem. Gostei da pequena casa e da árvore, mas gostaria que a copa fosse arredondada.
    Assim. lembra-me um cipreste...

    Bom dia, um abraço.

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    1. Hoje, a imagem e o que vem escrito nela, talvez tire importância ao texto, o que para mim não tem importância, preciso é que a publicação no seu conjunto mereça a atenção dos leitores. O que diz sobre a frase da imagem é totalmente certo. A árvore é um cipreste, árvore que acho de uma grande e serena beleza.
      Muito Obrigado, um abraço.

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    2. Se o Luís ler novamente o meu comentário e lhe prestar mais atenção, verá que na terceira frase faço referência ao seu texto.
      Gosto de usar de alguma subtileza, sobretudo nos meus comentários ao que aqui leio, é essa a razão das reticências no "cipreste".
      Árvore bela, elegante e de porte altivo e sereno, sem dúvida. Mas... é a árvore que associo aos cemitérios.

      Outro abraço! 😊

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    3. Reli, relacionei agora com o texto e não como se fosse a continuação à frase anterior que, essa sim, tinha a ver com a imagem. Desculpe a desatenção.
      Também associo o cipreste aos cemitérios mas, ao fazer repetidamente o desenho dela essa conotação desapareceu.

      Obrigado pelo diálogo.
      Um abraço.

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  4. El paso del tiempo, hace suavizar las heridas del pasado.

    Besos

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  5. Com o tempo perde-se quase tudo, até a tolerância ao que nos magoa.

    Um abraço !

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  6. Como eu estou longe do topo que sonhei, não me preocupo com o caminho de regresso.
    Gosto do poema. Com o passar do tempo, vamos esquecendo os sonhos que perdemos pelo caminho.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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    1. Com o tempo vamos reduzindo as ambições.
      Saúde, um abraço.

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