A imprevisível loucura
A inesperada razão de um regresso
sem nada de original a empurrar a vontade.
A coincidente chegada da chuva
fustigando a minha casa num ruído contínuo,
os lábios do tempo a murmurarem
os números dos dias e a sua finitude urgente,
nas paredes as aguarelas de quando
tudo era erguido com entusiasmo
em que loucura era vibração,
música,
sentimento.
O regresso às páginas marcadas
dos vários livros interrompidos
fechados pela mão branca da doença
e o regresso sem nada de original
à loucura obscura deste tempo alvoroçado
que não previ.
Terei tempo para recolher os gestos
das paredes vencidas pela demora
que a matéria leva na sua transformação.
Sento-me à porta da minha casa
e sorrio a ver partir as andorinhas.
De loucura que não é.
ResponderEliminarEntusiasmo-me com a aguarela tão alegre e amarela.
As andorinhas partem e eu sorrio ao lado do poeta.
Loucura positiva.
EliminarNova, e excelente, ligação entre palavras e obra de pintura
ResponderEliminarMuito obrigado.
EliminarEu não gosto de ver partir as andorinhas, nem em sentido real nem em sentido metafórico.
ResponderEliminarAliás, quando entrar Setembro, começa o meu tempo de desolação.
Em contrapartida a aguarela faz-me lembrar que os dias só se vivem um de cada vez... e que ainda é verão e que Agosto se despede com dias quentes de sol, como os tons da aguarela.
O sol não está em todos os lados e as andorinhas têm de partir.
EliminarBendita seja a loucura que fez nascer este poema e aquela bela aguarela.
ResponderEliminarTal como a Clara, também não gosto de ver partir as andorinhas.
Abraço e saúde
Agradeço o seu comentário ao nascer do dia.
EliminarElas partem mas voltam.
Saúde, um abraço.
Haja sempre um motivo que nos faça sorrir...
ResponderEliminarBom dia :)
Estou de acordo. Obrigado.
EliminarBom Dia.
Sabe o que eu acho mais desolador nas suas palavras?...
ResponderEliminarNão é a partida das andorinhas.
Não é a chuva quando lhe fustiga a casa ruidosamente.
Não são essas recordações doentias que o assaltam a toda a hora.
As andorinhas voltarão na Primavera, a chuva irá cessar quando o sol raiar e essa sua obsessão pelo que não tem remédio, creio que também se irá desvanecer.
O que eu achei desolador e preocupante, é ter havido uma inesperada razão para regressar e não encontrar, nessa razão, nada de novo que lhe empurre essa vontade de ir...
...Valeu a bela Aguarela!! 🌞
Fique bem.
PS- Gostei muito de ver Las negras golondrinas, volando...volando hasta acá! 😅
Não há regressos bem sucedidos. A entrada no imponderável da loucura, quando do regresso, pode ser consciente e fértil mas também pode ser a ausência de razão e a entrada na loucura negativa e insensata.
EliminarA cada um a sua experiência de cada um o seu testemunho.
Fique bem, também.
Não vale a pena ficar aborrecido.
EliminarNão pretendi expressar a sua experiência, muito menos testemunhá-la.
Talvez eu tenha pouco jeito com as palavras...
Não fiquei nada aborrecido, apenas expliquei melhor a minha ideia.
EliminarSou paciente.
La lluvia golpea los cristales, anunciando un cambio de tiempo. Las golondrinas se apresuran a regresar a una tierra más cálida y se despide hasta el próximo año. Nosotros permanecemos inmóviles, viendo como cae la lluvia por detrás de los cristales y las pocas gentes que pasan po la calle, refugiados bajo la protección del paraguas.
ResponderEliminarBesos
Me identifiqué con tu descripción del día lluvioso. Las golondrinas ya se han ido, al menos por aquí donde vivo, ya no están avisadas. Un abrazo.
Eliminar"nas paredes as aguarelas"
ResponderEliminarEssas
que é feito delas?
Vá levanta-te
nada mais triste que ver um homem sentado num degrau
mesmo se olhando andorinhas em pleno verão
Já não estou lá sentado, agora estou a preparar a publicação de hoje.
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