Carrego-te 


Carrego-te às costas

desde que dei conta de mim. 

Diria que houve sempre um tumulto

no teu olhar assustado

e eu com pedras na boca

sempre convivi com a chuva

nos meus dias de sol. 

Ainda hoje te carrego às costas

como um sentença 

ditada por ti própria, 

sempre serei um filho ajoujado

de joelhos silenciosos. 

Hoje fujo para Sintra

e não te levo comigo.



 

19 comentários:

  1. Sintra, a sedução do intemporal.
    Sempre lá

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  2. Lamento que o Luís não me leve consigo para Sintra — um dos mais belos lugares do mundo — lugar do qual tenho fantásticas recordações.
    E nem precisava de me levar às costas, eu tenho uma ótima condição física.
    A aguarela lembra-me as múltiplas visitas ao castelo, ou mais precisamente, ao Palácio.

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    1. Pelo que vejo recorda Sintra com saudade. Decerto voltará um dia.

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    2. Saudade não diria — recordo Sintra com alegria.
      Voltar lá é a coisa mais simples do mundo.
      Gozo o momento nesta quinta-feira de tempestade ⛈

      Moin! Moin!

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  3. Sintra...um belo lugar para refúgio de pesos e dores!

    Bom dia.

    Um abraço.

    PS- Pode o Autor ter sido um filho vergado ao peso da vontade e dos humores maternos, mas não se tornou num homem submisso a caprichos femininos. Sabe contornar as situações e sair sempre airosamente...Admiro-o por isso. :)

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    1. Sintra guarda muitos desgostos e lamentações.
      O acrescento ao seu comentário denota perspicácia e , a partir daí, favorecer-me com uma apreciação a que sou sensível e que agradeço.
      Obrigado, um abraço também.

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  4. Sintra, a bela! :)

    Não ofusca, contudo, a contida rebeldia do poema...

    Forte abraço, L.

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  5. Carregamos para sempre, o peso da nossa infância.
    A beleza de Sintra, contrasta com a amargura do poema.

    Um abraço!

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  6. SINTRA, um lugar mágico e poético, pois claro!
    Gostei dos versos e da aguarela.
    Beijo, bom fim-de-semana.

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    1. Também gosto muito de Sintra, dos lugares mais belos de todos os que conheço.
      Bom fim de semana também para si.
      Um abraço.

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  7. A aguarela lembra Sintra como eu a amo.
    Verde misteriosa e melancolica.
    Sempre carregamos em nós algo, por vezes até a dor que não é nossa.
    E outras vezes culpa que também não o são.
    Fugir para sintra sem esse peso pode ser uma terapia.
    E amanha é outro amnhacer.

    :)

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    1. Aliviar o peso que há dentro de nós, no contacto com a natureza.
      Obrigado, um abraço.

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  8. Não pense em tempo que sobra
    Ou sobre, pense em presente
    Que é dádiva. Tua alma sente
    Sente ser isso. Tua obra
    Que o que fazes, te cobra
    Agora, porém no futuro
    Depois do teu ser maduro
    E apodrecido na tumba
    Tua obra ainda retumba
    Com eco vibrante e puro.

    Ser otimista não faz mal, mas o pessimismo emperra caminhamentos. Abraço cordial. Parabéns pela bela postagem! Laerte.

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