Cresci com muitas dúvidas
Era pequena a nossa casa
cada divisão um país cercado
que limitava o meu desejo
de crescer e a cor
sem movimento no meu dia-a-dia.
Até gostar das cidades
à noite, muito à noite ___
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___ imagino o que elas não são
e não retorno àquele cubo absoluto.
Conservo tudo o que me ofereceram
quatro garrafas raras de cerveja
várias canetas e postais
gravuras de paisagens estrangeiras
frascos de perfume já vazios
beijos de chegada e de partida.
Esta é a minha vida elementar
pouco de tudo o que é palpável
e muitas dúvidas ___ sem resposta.
Ainda bem
ResponderEliminarAs dúvidas são a mãe do conforto e quiçá da felicidade
As dúvidas alimentam a curiosidade.
EliminarObrigado.
Agora compreendo a minha falta de curiosidade — não alimento dúvidas nem certezas.
ResponderEliminarO meu desejo desde criança era conhecer o mundo 🌎 e ficar para sempre na terra dos poetas e filósofos.
Não vou mastigar mais os meus sentimentos e digo simplesmente que quase me identifiquei com o poema desta noite.
Continuo a amar cidades grandes, muito grandes, de dia e de noite.
A aguarela é negra e triste como a manhã de hoje aqui.
Saudações do Mar Báltico 🌊
A curiosidade é essencial para a criatividade, deve ser estimulada e seguir de descoberta em descoberta.
EliminarO sol faz falta.
Um poema um pouco triste, e uma aguarela condizente com o poema.
ResponderEliminarO casarão onde cresci era enorme. Tão grande que era difícil encontrar o que havia, além da fome e do frio. Estava praticamente cheio do que faltava.
Dúvidas muitas. E sonhos. Tantos! Alguns, poucos, realizaram-se. A maioria perderam-se com o passar dos anos.
abraço, saúde e bom fim de semana
Todos temos memória da casa onde nascemos, eu seria capaz de fazer a planta certinha de toda a casa. Depois, vieram outras casas, outros lugares, outras realidades e ___ muitas dúvidas.
EliminarSaúde, um abraço.
Na multifacetada personalidade do Autor deste espaço, uma faceta que (entre outras) lhe admiro é a sua capacidade de síntese.
ResponderEliminarNeste texto, dividido em três partes, está o resumo da sua vida, dos seus anseios e daquilo que lhe restou: As dúvidas, sem resposta.
Nesta parte identifico-me com o autor, no resto, não.
A minha casa - a casa da minha infância, onde fui feliz - era grande.
Tinha entrada pela "Rua", empedrada, e, atravessando toda a casa e o quintal, um misto de pomar, horta e jardim, tinha a saída para a "estrada", alcatroada.
No entando, não era isso que me dava a sensação de felicidade, nem sequer a abundância de tudo, que não havia. Era o conforto de me sentir segura e amada.
Sensação essa, que nunca mais voltei a sentir, quando aos doze anos de idade, abandonámos a casa grande na terra pequena, rumo à casa pequena na cidade grande.
E dúvidas, muitas, muitas. Ainda que a consciência disso só me viesse mais tarde.
Esse foi o espinho que só muito recentemente consegui arrancar. Não, por ter visto esclarecida a dúvida, a incerteza, simplesmente, deixou de me interessar.
Peço desculpa por este despropósito. Por me ter desviado do essencial, que são as palavras do autor, mas, foram elas, que me transportaram no tempo e no espaço. :)
Obrigada, um abraço.
Ah, já me ia esquecendo da imagem. Vejo nela uma casa pequena, em traços negros, e, pendurado do lado de fora algo que poderá ser o mundo, igualmente negro, por ser desconhecido para o menino que sonhava altos voos noutros mundos, dos quais lhes desconhecia a cor...
Muito completo e inspirador este seu comentário. Avalio o impacto da mudança de uma casa com terra, neste caso um quintal, para um apartamento, também me aconteceu. Ficam recordações que, com a tecnologia de hoje, dá para ver as casas onde fomos crianças, já o fiz e até vi um rapazinho de boina castanha a correr no quintal.
EliminarNada é um despropósito nos comentários, essa é uma valia deste espaço, que me preenche e anima a continuar, agradeço reconhecido a todos os que falam comigo.
Muito Obrigado, um abraço.
Dúvida, uma das nossas maiores riquezas!
ResponderEliminarDa dúvida nos nasce a criação artística bem como, na maturidade, a certeza de que algumas das nossas dúvidas não terão resposta em tempo útil...
Gosto muito da aguarela minimalista a preto sobre branco, L.
Forte abraço!
Certo. As dúvidas são um campo de pesquisa e motivo para a nossa curiosidade que está na raiz da criatividade.
EliminarSaúde, um abraço.
As casas podem nos deixar boas ou más lembranças.
ResponderEliminarachei a aguarela muito bem combinada para o teor do poema.
Bom fim de semana.
:)
As casas ficam na nossa memória e se as abandonarmos também morrem.
EliminarObrigado, um abraço.
Esa casa en que has vivido, puede evocar recuerdos de la niñez.
ResponderEliminarBesos
Los hogares de la infancia permanecen en nuestra memoria. Un abrazo.
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