Foto do autor do texto



A reza do desespero


E agora que farei

com os dias que me sobram? 

Agora que tudo me cai 

destes bolsos rotos ___

___ até os dedos se me vão 

outrora dedos másculos

criadores do céu e da terra

têm agora a missão 

de serem cuspidos

para virar as páginas 

dos dias que me sobram. 

E na minha falta de fé 

pratico uma reza antiga

herdada de um sacerdote

íntimo dos deuses

     Arium porium cantanorunpum

     et de cagaliotus esd

que me dará inspiração e meios

para os dias que me sobram ___

___ e a vida se inclinará sobre mim. 

É certo!



 

20 comentários:

  1. Desespero e falta de perspetiva,
    Matam aos poucos

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  2. Ia eu balanceado
    nessa escalada de desespero
    quando tropeço, ai de mim
    na minha ignorância
    de latim

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    1. Tal como o autor, reza sem saber o quê.

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    2. Não te preocupes, Rogério; também eu tropecei nesta linguagem (escatológica?) dos íntimos dos deuses que só o autor conhecerá...

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    3. Nem eu sei quem disse ou escreveu, nem o seu significado.

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  3. Quando a luz brinca nas fotografias, penso que o fotógrafo é o mais novo da família — desta vez enganei-me.
    Talvez também me engane ao dizer que a citação latina é de Sallust: De Coniuratio Catilinae.
    Os dias que me sobram de férias são poucos.
    E eu sei o que fazer com os dias que me sobram.

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    1. Quanto à frase em latim, desconheço o seu autor e também desconheço o seu significado.
      Aproveite os dias que faltam, pelos documentos que publicou vê-se que tem valido a pena.

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  4. Ou o autor cose os bolsos e mantém em segurança
    os seus teres e haveres,
    que neles lhe cabem,
    ou arranja uma esponja húmida
    onde irá molhando o indicador e o polegar
    para virar as páginas dos livros
    e manter a masculidade intacta
    onde todos sabem.

    Há quem invente palavras,
    há quem nas performances circences
    trapezísticas, grite: "E, agora, mais difícil ainda"
    e execute um arriscado e elaboradíssimo triplo salto mortal.
    Porém, e mais difícil ainda, é inventar expressões em Latim, que não serão de todo intraduzíveis.
    Eu, - que sou sempre mais eu - tenho uma tradução para Português, mas não a divulgarei pois incorro na pena de ser julgada e condenada em praça pública...

    Esta foto é, para mim, mais enigmática do que o texto, em jeito de lamento.

    Um abraço e bom Domingo! :)

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    1. O seu comentário de hoje é muito criativo, interessante e divertido. Quanto aos conselhos da primeira parte não direi nada mas vou tomar em consideração.
      A segunda parte está muito bem observada, como já disse anteriormente, a frase é de autor desconhecido e também não conheço o significado, poderia partilhar connosco a tradução que acha possível e assim enriquecer a publicação de hoje.
      A foto é enigmática, a condizer com o texto.
      Obrigado por este comentário.
      Bom domingo, um abraço.

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    2. Se me dá o seu consentimento, então eu faço a tradução.
      Mas vai ter de assumir o compromisso de ficar do meu lado se acaso alguém vier dizer cobras e lagartos de mim, ou, no mínimo. chamar-me mal educada.

      "Arium porium cantanorunpum et de cagaliotus esd", significa isto.

      "Arre, porra, cantam pimbas cagalhotos, e todos lhes fazem vénias, quem dá cabo dos neurónios, anda de bolsos rotos"

      Tão simples como isto, embora, a seguir às vénias, seja a coisa de minha autoria. :-)

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    3. Achei muita piada, ainda estou a rir-me. Acho que todos os leitores vão achar graça, não precisa de defesa. É isto que dá a este lugar alguma originalidade, é a colaboração dos leitores.
      Só posso agradecer.
      Um abraço.

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  5. Por muchas cosas que se puedan perder, perder la esperanza, es lo que hay que procurar siempre, no perder.

    Besos

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    1. Creo en el futuro, aunque el vislumbre esté lleno de dificultades. Un abrazo.

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  6. O poema começa por traduzir um lamento e, de repente, brinda-nos com uma inesperada provocação.

    Confesso-me apanhada na armadilha :) Corri para o Google em busca de alhos porros, cantatas e cagalhotos... coisas próprias dos íntimos dos deuses que só a nossa humana sensibilidade saberá desencriptar :)

    Belíssima, a fotografia!

    Forte abraço, L.

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    1. Também o seu comentário me fez rir e muito. Acho que hoje, afinal, a publicação criou alguma boa disposição, eu, por mim, estou a divertir-me.
      Só posso agradecer-lhe a colaboração e dar-lhe um abraço.

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  7. Numa manha de domingo caiu bem essa diversão que leio no poema e nos comentários,
    nem precisei recorrer ao google para tradução_ e é de fato um desespero essa reza L
    Prossigamos nos divertindo 'nos dias que nos sobram' antes que a vida caia sobre nós, amigo
    Obrigada pela foto que ilumina nossos olhares , apesar das distâncias entre mares.
    abraço e boa semana

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    1. Gostei muito do seu afectuoso comentário, fico contente por ter gostado do caminho espirituoso que a publicação suscitou junto dos leitores. Também para mim foi um contentamento.
      Boa semana, um abraço.

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  8. Gosto muito da foto, que me parece em contradição com o poema. Nela vejo tons avermelhados que associo ao calor, e os tom branco do fundo, que me lembra a paz, bem como a luz que a ilumina e me fala de esperança e da própria vida.
    Em contrapartida o poema é um lamento desesperado de quem não aceita as transformações que a vida trás a todos nós. pelo menos é a minha interpretação.
    E bem eu não sei o que a reza significa, apenas entendo o português e mesmo esse mal e porcamente. Fico-me pelas interpretações que os comentadores anteriores fizeram.
    Abraço e saúde

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    1. É sempre importante saber qual a interpretação dos leitores, o que eles pensam sobre o texto e a imagem, por isso gostei do seu comentário, entendo a sua opinião sobre a publicação. Agradeço a atenção que dedicou ao momento de hoje.
      Saúde, um abraço.

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