Foto do autor do texto


 

Ainda és tu


Um raio de sol 

escolheu a minha casa 

hoje 

o mesmo sol da tua casa 

em Paris 

reconheço-o 

o mesmo que se submetia 

à tua sombra 

naquele tempo 

em que ainda sabias

o meu nome 

e tinhas a tua mão branca 

sobre um livro

naquele tempo 

em que amar um filho 

era padecer de temor ___

___ e de alegria. 

Um raio de sol 

escolheu a minha casa 

hoje 

e não o reconheceste 

nem ao meu nome 

nem ao teu nome 

e as tuas mãos brancas 

agora são um romance 

de uma só página. 

Apenas um sorriso inexplicável 

iluminou a tua sombra, 

como se dissesses

está tudo resolvido na minha vida.



 

27 comentários:

  1. Paris, cidade onde por vezes as sombras ficam

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  2. Apesar do raio de sol que entra pelo corredor e da luz que inunda essa divisão da casa, lá ao fundo, há nesta foto uma frieza triste, inexplicável.
    Não sei, (nem é isso que está aqui em causa), se se trata de uma Instituição, se é a casa do Autor, ou outra.
    Falta-lhe aconchego...

    Se esse raio de sol incidiu em alguém ou algo que a represente - uma foto, por exemplo - e, inexplicavelmente, houve a visão de um leve sorriso, qual Gioconda,
    se tudo está resolvido...então, é deixar estar como está!

    Só mais uma coisinha. Se acaso a vida do Autor, que morre de saudades de Paris, levasse uma reviravolta que o transportasse novamente a viver na Cidade Luz, será que a sua ingenuidade é tanta que o leva a pensar ir encontrar o mesmo ânimo e felicidade que um dia lá viveu?
    Fica a pergunta.

    Um abraço.

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    1. Eu penso que sim.
      Com mais ânimo e felicidade, porque a Vida esclarece todas as Dúvidas.
      Com a idade aprendemos a abraçar sombras com a mesma intensidade que abraçamos a Luz.
      Uma mão sobre um livro... a rezar ou a confessar a Verdade. ( Bíblia )
      Muito bonito é um romance de apenas uma página!
      Como a confissão de um sentimento numa carta de Amor.


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    2. Anónimo/a.
      Esta sua resposta a uma pergunta que foi feita a outra pessoa, embora eu não saiba quem está a responder, denota claramente uma intenção de influenciar a rsposta do Autor. Se bem que esta frase ... a rezar ou a confessar a Verdade. ( Bíblia ), -revele algum desconhecimento acerca das crenças do autor deste blogue.
      Não quero desmerecer nada do que afirmou, é uma opinião que respeito. No entanto, aguardo que me seja dada a resposta por quem 'conheço' e deixei a pergunta, embora possa parecer que a mesma tenha ficado no ar...
      Muito obrigada.

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    3. Faço minhas as palavras da anónima.
      Digo anónima, porque somente há uma mulher que compreende a alma do poeta completamente.
      Nós, leitoras, vagueamos em suposições…

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    4. Que eu saiba não vagueei em suposições - isso é mais contigo - nem afirmei nada.
      Fiz uma pergunta. É assim tão difícil perceber isso?

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    5. Publique este comentário, sem ver a tua resposta, Janita, senão não tinha publicado.
      NÃO QUERO SARILHOS.
      O meu comentário só diz respeito à anónima, que admiro.

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    6. O blog não aceita respostas uma a uma (estranho) por isso respondo aqui mencionando a quem respondo.

      Janita (ao primeiro comentário)
      Um raio de sol que entra por esta casa dentro, a instituição onde guardo tudo o que de material tem a minha memória, aceito que tenha todas as características que referiu.
      O que se menciona no texto publicado é a circunstância de uma mãe ter perdido a memória, progressivamente de tudo até dela própria.
      Não há regressos ao passado, mas Paris continua a existir, numa alma nostálgica.
      Um abraço.

      Anónimo (primeiro comentário)
      Estou de acordo com tudo o que disse e que acrescenta poesia ao texto que publiquei. A vida quando temos mais idade esclarece "quase todas" as nossas dúvidas.
      Obrigado pelo seu comentário.

      Teresa (Ematejoca - primeiro comentário)
      Haver alguém que compreenda esta alma nostálgica é, de facto, uma suposição.
      No dia em que nos despimos ficam a conhecer a nossa nudez, depois o que teremos para dar?

      Os dois comentários que se seguem da Janita e da Teresa são apenas o esclarecimento de um mal entendido.





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  3. Para esclarecer qualquer dúvida informo que a anónima ou anónimo que acima deixou um comentário, não é a anónima :) que melhor deveria conhecer a alma do poeta. Digo " deveria" porque, confesso, apesar de alguns anos de apurada investigação concluí que a alma do poeta é insondável !!!

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    1. Aqui, neste particular, concordo inteiramente. E não só a alma deste poeta ou de qualquer outro poeta.
      Até, nós, qualquer pessoa, nem a nossa alma conhecemos na maioria da vezes.
      Alma, no meu entender, significa sentir. Uma alma inquieta desconhece, quase sempre, porque sente "isto" e não "aquilo"...
      Desculpe, esta será a minha última intervenção.

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    2. Resposta à Janita
      Estou de acordo. Quando chegamos a essa conclusão isso mostra que nos conhecemos a nós próprios.

      Resposta à segunda Anónima
      Confirmo que a primeira Anónima é mesmo Anónima para mim.
      Quanto à revelação de que nem a segunda Anónima, depois de apurada investigação, concluiu que "a alma do poeta é insondavel" posso informar que assim que terminar a discussão do Orçamento de Estado ficarei disponível para colaborar na continuação da investigação.
      Um beijo.

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  4. Ao analisar os vários comentários da anónima cheguei à conclusão que é alguém que conhece o poeta profundamente desde décadas. Não é um conhecimento virtual. Errar é humano e peço desculpa pela minha intromissão. Andar na blogosfera é um passatempo e não quero que se torne um pesadelo.

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    1. Serão sempre bem vindos os seus comentários, o interesse destes lugares é precisamente a troca de ideias, os equívocos, os enganos, as dúvidas, os enigmas. A sua participação, tal como a dos outros intervenientes é preciosa. Continuo a contar com todos.

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  5. Agradeço e retribuo o beijo . Tomei nota , com agrado, da disponibilidade do poeta para continuar a " ser investigado" !!! :)

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  6. Este "Ainda és Tu" poema é esplêndido e a fotografia, soberba.

    Creio que a alma do poeta é sondável e que é dessa contínua auto sondagem que a maioria dos poemas lhe vai nascendo. Pelo menos, assim me acontece a mim, ainda que tendo por hábito apodar de Musa aquilo que julgo ser alma, memória, consciência e dedução/intuição

    Forte abraço, L.

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    1. Agradeço a classificação que dá à publicação de hoje.
      O seu comentário veio explicar bem sobre o que se passa com o nosso íntimo, até à mim me esclareceu sobre como explicar as palavras que saem da nossa imaginação.
      Um abraço.

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  7. Hay que dejar entrar la luz, para que ilumine con ella el hogar.

    Besos

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  8. Gosto da foto que achei muito bonita, embora aquele corredor escuro em contraposição com a sala iluminada me deem uma sensação de isolamento e tristeza.
    Perdoe-me se não comento o poema. Não tenho a certeza de o ter entendido.
    Abraço e saúde

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    1. Importante é que tenha tocado a sua sensibilidade.
      Quanto ao texto, cada um poderá interpretá-lo conforme a sua compreensão.
      Obrigado, um abraço.

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  9. Se continua a contar com todos, voltarei.
    " Ainda és tu", foi um poema que me tocou e simplesmente manifestei a minha opinião.
    Como tantos outros poemas, mas que fico em silêncio.
    O seu autor, que apenas conheço virtualmente... é um enigma para mim.
    Daí o fascínio que me faz vir, noite após noite, ao encontro das suas palavras.


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    1. Embora sob anonimato, saiba que me sensibilizou este seu comentário. Conto com todos, sim, são a razão da minha presença diária aqui, com novas publicações. Fico contente por não lhe ser indiferente o que escrevo, é por isso que continuarei, pela boa receptividade dos meus visitantes.
      Permita-me que lhe envie um abraço.

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  10. Não há raio de sol que consiga iluminar as memórias perdidas na sombra.
    Foto magnífica!
    Beijo.

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  11. Belo Poema.
    Sensível e espectacular.
    Um dia haverá um raio de sol a aquecer o corpo e o coração.
    Basta acreditar.
    A foto muito boa!
    beijinhos
    :)

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    1. Ficamos à espera que o sol se lembre de nós.
      Obrigado, um abraço.

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