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Em dez mil anos
Quando se morre
morre-se de tal maneira,
tão intensamente,
que se perde a vida toda ___
___ tornamo-nos uma casa
vazia cheia de ecos
das falas
dos choros
dos risos
antigos.
Depois com o tempo
o musgo e as ervas
tomam conta do nosso corpo,
ficamos com a esperança
de que em dez mil anos
sejamos um fóssil
descoberto e amado
até ao fim dos tempos.
A nossa existência fica
ResponderEliminarAssim a saibamos tornar vakida
Os que ficarem ditarão a memória de nós.
EliminarA divagação premonitória assentou arraiais por aqui.
ResponderEliminarComo nunca morri não sei como será, mas que irei perder a vida toda, disso não duvido.
Até porque, para além da descendência, não deixo obra que me vá "da lei da morte libertando"...
Porém, o que verdadeiramente me importa é que, enquanto eu sentir e respirar, o meu corpo não fique tão decrépito e ruinoso, que o musgo e as ervas daninhas dele tomem conta.
Quanto a ser amada por ser um fóssil milenar...vá de retro! Eu quero é ser amada, AGORA!
Excelente divagação, Luís, excelente.
Um abraço.
A parte final do seu comentário fez-me rir. Compreendo o seu sentir sobre o assunto, estou de acordo. Mas olhe que já andam por aí uns "fósseis vivos" se calhar um dia seremos nós.
EliminarUm bom dia, um abraço.
Que belo poema, L.!
ResponderEliminarNele vou podendo abrir janelas sobre uma vasta série de diferentes tipos de morte... e de sonhos.
Curiosamente, há muitas décadas que deixei de sentir a necessidade de ser amada que foi imensa na minha juventude. A necessidade de ser respeitada, sim, bem como a de conseguir projectar no futuro aquilo que escrevo e, sobretudo, no seu irrepreensível formato musical.
...
Vou ter de retratar-me; se a amizade é uma forma de amor, admito que ainda me esforce por merecê-lo enquanto por cá andar :)
Forte abraço!
Gostei muito do seu comentário, ele levou-me a pensar que, de facto a necessidade do amor (ou do seu arrebatamento) vai sendo menor com a idade, tal como a necessidade de dormir mas, a necessidade da amizade sim, continua a ser actual como combate à tendência, que se vai agravando, de estarmos sozinhos.
EliminarObrigado, um abraço.
Em dez mil anos já nem pó existe dos nossos corpos.
ResponderEliminarEmbora eu seja uma mulher absolutamente positiva, tipo Rogério, gosto muito deste género de POESIA, em que o POETA descreve o abismo da nossa existência.
A fotografia mostra como as ruínas são belas. Claro que não me refiro às ruínas do corpo humano.
Até logo à noite, Luís, agora estou a caminho de Hösel.
E eu gosto que goste do que publico, a mensagem passou, objectivo cumprido.
EliminarBoa viagem e continuação dessa diversão intelectual.
Depois da morte, o que haverá? Ao certo, apenas a vida que os outros têm, com, ou sem, o nosso contributo. Mas que proporciona um vastíssimo campo de conjecturas, disso não há a menor dúvida.
ResponderEliminarAbraço
É sempre um tema presente, sem fim.
EliminarObrigado pela sua visita e pelo seu comentário.
Um abraço.
Já dizia Augusto Cury num dos livros que li, mais ou menos isto " a pessoa não morre, ela fica eterna no significado que deixou na vida dos outros " e é isso que procuro fazer: tento amar os meus familiares e aquela meia dúzia de AMigos que tenho ( não serão mais...) para que quando " morrer tão intensamente que perca a vida toda" se lembrem de mim com saudades. Pouco me interessa se amarão ou não o meu fóssil, assim como não me incomodarei se o meu túmulo estiver sem flores, nem se terei ou não visitas naquele dia ( já tão próximo ) aos defuntos dedicado. Quero ser amada e e respeitada enquanto cá estiver, como procurei fazer com os meus queridos que já " perderam a vida toda"; o signicado deles na minha, já longa, existência foi tão grande e importante que só morrerão quando " com o tempo, o musgo e as ervas cobrirem o meu corpo e, finalmente, eu " perder a vida toda ". Enquanto isso, caminharemos juntos, eu pela estrada da vida e eles na mais preciosa casa que tenho, o meu coração, onde ainda ecoam " falas, choros e riso antigos ". E a casa, Amigo? Olho com o coração triste a da minha infância, ainda de pé, repleta de boas lembranças, mas, infelizmente vazia de falas, vazia de risos....enfim...vazia de gente. Gostei imenso, Amigo! Um tema que nos deixa nostalgicos, mas que tem de ser olhado de frente, com coragem...sem medo. Este momento chegará, inevitavelmente. Um beijinho e obrigada!
ResponderEliminarEmilia
Gostei muito do seu longo e expressivo comentário, diria que ele é também em forma de poema dado o sentimento que ressalta de tudo o que disse. Gostaríamos muito de ser lembrados para sempre mas, acho que salvo casos especiais, a memória de nós se perderá em três ou quatro gerações. Entretanto, estamos vivos.
EliminarObrigado.
Um abraço.
"E aqueles que por obras valerosas
ResponderEliminarSe vão da lei da morte libertando:
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte."
Felizes os que conseguem ter engenho e arte, para serem lembrados e amados, mesmo depois de dez mil anos.
Eu já me contento em ser amada agora ! :)
Um abraço !
Tudo é imaginação, dez mil anos é quase a eternidade. É urgente o amor.
EliminarUm abraço.
"Quando se morre
ResponderEliminarmorre-se de tal maneira,
tão intensamente,
que se perde a vida toda"
Lindo demais, Luis!
Quanto ao resto... estou viva!!!
Beijo.
Vamos acordando, abrindo os olhos... queremos viver.
EliminarObrigado, Um abraço.
Gosto muito deste genéro de fotos embora me cause sempre nostalgia.~
ResponderEliminarO poema condiz em tudo com a foto.
Muito bem!
;)
É nostálgico, sim.
EliminarUm abraço.