Fotos de Daniel Filipe Rodrigues



As ausências 

o que são 


Tomo as ausências 

como intervalos na minha vida. 

Quando acordo e há sol

o meu gato já lá está 

debaixo dele à minha espera 

o meu gato é o meu cofre de confissões 

pego-lhe e afago-o

nesses momentos de intervalo

como os intervalos de um concerto

em que muitos aproveitam para tossir. 

Tomo as ausências 

como intervalos na minha vida

um ritual incómodo 

uma rosa doente

uma boca larga de desejo

é tudo o que tenho. 

Entretanto anoitece.



 



 

25 comentários:

  1. «Tomo as ausências
    como intervalos na minha vida»
    Como poderia eu?

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    1. Nas nossas idades os intervalos são maiores do que a programação.

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  2. As ausências doem sempre muito mais que as presenças

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  3. Quando temos um bichano para afagar, as ausências não doem tanto.
    São intervalos poéticos e rendilhados.

    Fotografias belas como sempre.

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  4. Os intervalos são
    momentos só nosso.
    Não tenho gato, mas aprecio o meus
    silêncios.
    Adorei ler.
    Bjins
    CatiahoAlc.

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    1. Saúdo a sua vinda e agradeço o seu comentário. Visitarei os seus vários blogs.
      Eu também não tenho gato.
      Até à próxima.
      Um abraço.

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  5. Na minha, as presenças é que são os pequeninos intervalos...

    Dormia com gatos quando era pequenina. Continuo, hoje, a dormir com a Mistral que nunca se levanta da cama antes de mim, nem que chova sol no quarto :)

    Abraço, L.!

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    1. Acontece, de facto, os intervalos serem intermináveis mas, também acabamos por fazer dessa realidade um hábito. Há quem tenha uma vida intermitente, feita de retalhos, não sei o que será pior.
      Saúde, um abraço.

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  6. Parece que el gato es tu buen compañero, que nunca te abandona y te hace una buena compañía.

    Besos

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  7. gosto de gatos e gostei do poema, assim como das fotos que fazem suporte ao poema.
    parabéns ao filho e ao Pai.
    Bom domingo
    :)

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    1. Obrigado pelo elogio às fotos, vindo de quem se dedica à fotografia, é uma opinião de quem sabe.
      Um abraço.

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  8. E apetece-me dizer-lhe que as pausas também são música... Muito belo o seu poema.
    Muita saúde.
    Um beijo.

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    1. Sim, também podem ser... outras vezes não.
      Obrigado, um abraço.

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  9. Olá, Luís!
    Até parece que combinámos falar ambos em gatos...puro acaso do acaso. :)
    Só que o meu malhadinho existe, o do Luís é inventado.

    Quem nunca sofreu por uma ausência? Nesta nossa já longa existência, os intervalos já os dispensavamos nós bem.
    Pelo menos eu, preferia que os meus intervalos, traduzidos em momentos de solidão e carência, nem sequer existissem.

    Faz-me imensa impressão essas ruas de Veneza, onde creio o seu primogénito as captou. O facto de viver numa casa onde os barcos estacionam à porta como se fossem veículos automóveis, atemoriza-me que nem queira saber. Vá que um dioa preciso de ir a correr à farmácia ou à mercearia da esquina? Abria a porta e caía de borco na água. Ai, não... Veneza só para visitar e de fugida.

    Bom resto deste Domingo já a ficar frescote.

    Um abraço.

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    1. Intervalos, são o que temos, decerto, mais dia menos dia, isto se não contarmos com os intervalos dentro do decorrer do próprio programa.
      O seu comentário com a nota de humor continua a ser bem sucedido.
      A foto é em Copenhaga, também me faz uma certa impressão.

      Esta fresco, sim, o inverno a entrar.
      Um abraço.

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  10. Os gostos não se discutem.
    NÃO me canso de olhar a fotografia, que não podia ser de Veneza, porque a cidade italiana tem uma outra arquitetura.
    Eu trocava a minha casa rodeada de árvores, por um apartamento rodeado de água em Copenhaga.

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    1. Isso és tu, Teresa, eu não!
      Por isso, os gosto não estão sequer em discussão.
      Conhecendo-te como conheço, uma pessoa que só está bem onde não está, passados dois dias voavas rápido para Düsseldorf.
      Aliás, dizes isso mas é somente da boca pra fora. Gostas e muito da tua casinha rodeada de arvoredo...

      Fica bem, sua intrometida.

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    2. Assisto contente à tertúlia que aqui tem lugar.
      Haja mais participantes.
      Um abraço para todos os que visitam e os que falam.

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  11. Não gosto de ausências, de intervalos, de perdas, de silêncios, de...
    Mas gosto, porque gosto, de ler belos poemas (como este) e admirar belas fotografias (como estas).
    Beijo Luis, boa semana

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    1. Sempre simpática a sua apreciação destas publicações.
      Boa semana também para si.
      Um abraço.

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