Fotos de Daniel Filipe Rodrigues



O que resta? 


Em que paredes de cal

posso queimar os meus olhos, 

em que brancos cansados

me posso esconder, 

em que cores imutáveis 

posso mergulhar e sair

deste exílio perturbado? 


Em que mãos decalco as cópias 

do calor dos afagos de criança? 

Em seu lugar puseram

palavras novas desconhecidas

com som poético, é certo

mas comeram por dentro

o meu livro de memórias 

como frutos apetecíveis.







17 comentários:

  1. Depois de lido e relido
    de olhar tais frutos
    me pergunto
    se esse exílio
    não será antes
    um saboreado refúgio

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    1. Começou por ser um refúgio mas acabou por se tornar um exílio.

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  2. Uma contradição entre paredes de cal e o vermelho das frutas

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  3. Sei - ou penso saber - o que sentiu quando escreveu este poema, L.

    Há sempre um momento, raro, único, em que sentimos que "... comeram por dentro/o meu livro de memórias/como frutos apetecíveis"

    Forte abraço!

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    1. Certo. Digamos então que... não sou o único.
      Obrigado.
      Um abraço.

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    2. Há sempre uma alma gémea que o compreende.
      Abraço ambos com forte admiração.

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  4. Salte pela janela — como fez o sueco — e fuja do seu exílio, POETA!!
    Coma TODOS os frutos apetecíveis, enquanto é tempo.

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    1. Por acaso até podia, moro num rés-do-chão.
      Não gosto de todos os frutos, até nisso sou esquisito.

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    2. Os frutos apetecíveis são simplesmente uma metáfora 🍎

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  5. Não me atrevo a divagar nem aprofundar, até onde alacança, tão sentido Poema/Desabafo.
    É um assunto íntimo demais para levezas, mas digo que o entendi em toda a sua profundidade.

    Todos os frutos são apetecíveis se forem do nosso agrado.
    De maçãs gosto muito, de frutos vermelhos, gosto de framboesas, essas têm um boníssimo aspecto, mas ainda aprecio mais o sabor das amoras silvestres.

    As fotografias, comem-se com os olhos, de tão apetecíveis...
    Podemos até 'sentir' que as maçãs foram acabadinhas de ser colhidas; ainda possuem a poeira ou os resquícios do sulfato da macieira. :)

    Um abraço com votos de um Bom Dia.

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    1. Compreendo a sua reserva e também compreendo que entendeu o texto completamente, isso já é um comentário e, talvez, uma aprovação e identificação, o que deixa o autor satisfeito.
      Todos os frutos fotografados foram acabados de ser colhidos, sim.
      Também lhe desejo um bom dia, o de hoje e os outros que se seguem.
      Um abraço.

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  6. Luis, hoje não li nada, não vi nada.
    Vim apenas deixar um abraço. Sim, um abraço amigo apertado.
    Boa noite.

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  7. No hay ningún escondite posible, ante la dura realidad.

    Besos

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