EXPERIÊNCIA 


Coloquem auscultadores para valorização dos graves

e para que nenhuma palavra que lerem se vos escape pelos ouvidos. 


Iniciem a audição da primeira composição

atentando no diálogo entre os instrumentos

e na linguagem criada pelo compositor/intérprete. 


Leiam o texto de hoje, vagarosamente, mastigando

e digerindo cada palavra, mesmo que sem sentido. 


Releiam o texto de novo, vagarosamente,

ao som da segunda composição, também ela vagarosa. 


Ouçam o que sobrar de ambas as composições 

após a leitura do texto.



https://youtu.be/pBqApsUIuwU



Falo e gracejo

sozinho

comigo próprio 

numa situação confortável 

sou o que fala

e sou o que ouve. 

Há quem diga, 

que me alerte

que a loucura

se aproxima. 

Mais loucos são 

os que me dizem louco

esses são os que existem

apenas numa dimensão. 

Eu sei

que a loucura é 

uma flor viçosa 

colorida

desconhecida. 

Invento palavras

sem me tornar ridículo 

estou de mim

para mim

e tomo de Mertens o seu idioma

e invento cantando

Sa la tauuú supeti

à faum doli silé

à faum faú léummm

afandilá

andilá

dilá

andilá

dilá

á. 


Depois é um momento

um clarão intenso

que de tanta luz tudo oculta ___

___ depois ___ nada.



https://youtu.be/hIrC2QjXEOI





32 comentários:

  1. Os vídeos não estão à minha disposição!!

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  2. Eles aqui funcionam, mas pode procurá-los no YouTube

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    1. Está tudo negro, somente com a informação que o vídeo não está à disposição.

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    2. Estranho. Talvez daqui a umas horas a coisa melhore. Pode procurar no YouTube e ouvir.

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    3. https://youtu.be/pBqApsUIuwU

      https://youtu.be/hIrC2QjXEOI

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  3. Não, não é nada estranho.
    Aqui há direito de autor e não temos acesso a todos os vídeos.

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  4. Receita Para Esquecer A Solidão.

    Cozinhe em lume brando as palavras vagarosas.
    Mesmo sem lhes encontrar sentido nem nexo,
    o sabor da imaginação inquieta está lá.
    Para que serve? Pois...para valorizar a loucura de um homem lúcido.
    Não repita a dose...quem pode enlouquecer é a leitora.

    O musicólogo pode e deve ser consumido sem moderação.

    Depois da receita confeccionada e consumida,
    é natural que sinta os seus efeitos alucinogénios,
    qual Travolta que se viu a falar em português sem nunca ter posto os pés em solo luso
    Aí, é tempo de voltar a casa, assobiando alegremente, de mãos nos bolsos:

    Tonight let's deny that time is passing
    It's leaving you and me for heaven.

    Esqueça, por instantes, onde está e solte uma gargalhada.
    Feliz... como se tivesse acabado de viver uma linda história de amor.

    Um abraço.

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    1. O seu comentário substancial, é poético também, retenho as interessantes sugestões e as considerações que faz sobre o autor e que agradeço.
      Sobre a frase que cita digo: o paraíso não existe.
      Bem construído este seu comentário, é um prazer recebê-lo.

      Obrigado, um abraço.

      PS - pode confirmar que consegue ouvir as composições musicais? Obrigado.

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    2. Bolas!! O Paraíso não existe nem pode metaforicamente ser usado como ilustração abstracta de algo bom?
      Então, como vê o autor a Poesia?
      Há-de vir para aqui falar no Paraíso e vai ouvir poucas e boas.

      Claro que confirmo ter ouvido ambas as composições!!!
      A primeira gostei muito por ter um ritmo mais alegre e o segundo está bem ilustrado pelo final do seu texto:

      ___ depois ___ nada.

      Sabe uma coisa? Às vezes sinto que estou aqui a mais... :(

      Fique bem!



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    3. Ahahahahahah, não consegui evitar ao ler a sua exclamação inicial. Está bem, pronto, imaginemos então o paraíso. Gosto da boa disposição, vou fingir que não li o seu último desabafo.
      Um abraço.

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    4. Ai, agora é que ri? Não finja nada, leve mas é muito a sério o que eu disse e digo.

      Há ainda outra coisa... eu não deito para o ar palavras sem sentido quando comento.
      Quando falei no John Travolta a falar português foi porque no filme "Fenómeno" ele desempenha o papel de um homem que fica com o dom de aprendizagem super rápida. Nesse filme Travolta aprende a falar português em minutos para ir salvar uma pessoa qualquer. Já não me lembro bem. Não viu o filme? Então veja.
      Isto em resposta à algaraviada que expressou no texto, bem entendido...


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    5. Não vi o filme com o Travolta mas, pelo que diz, tem algo de comum com o meu texto de hoje. Também na primeira composição musical o compositor/intérprete canta com uma linguagem inventada por ele.
      Quanto à primeira parte deste seu comentário, digo, só ri porque achei graça à sua exclamação mas, continuo a não perceber porque se acha "a mais", sou explicito quando digo que prezo a sua vinda e os seus comentários.
      Agradeço e envio um abraço.

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    6. Depois de ler e reler esta nossa troca de palavras, cheguei à conclusão que entendi mal o que o Luís quis dizer quando referiu que ia esquecer o meu "último desabafo". Era a parte em que me sentia aqui a mais e eu pensei ser todo o 2º comentário.
      Peço desculpa. Pois foi isso que me fez perder as estribeiras...:(

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    7. Sim, foi apenas isso, apenas a última linha. Foi um mal entendido, acontece.
      Tudo em paz, portanto.
      Um abraço.

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  5. A experimentada declara ter lido e relido os textos poéticos, bem como ter ouvido as duas composições musicais, apesar de não ter auscultadores :)

    Mais declara a experimentada não ter vislumbrado o paraíso, muito embora tenha gostado da experiência.

    Indaga, a experimentada, que mais poderá dizer/escrever ou fazer para ficar segura de ter contribuído para o sucesso da experiência.

    Despede-se, a experimentada, com o forte abraço de sempre! :)

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    1. Muito curioso e bem disposto este seu comentário, só posso agradecer a disponibilidade com que colaborou. Com essa disponibilidade ainda lhe pedem para ser experimentada numa nova vacina.

      Também lhe envio um forte abraço.

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  6. Fiz a experiência
    passo a passo
    lendo, lento
    Sempre que me sugerem
    eu faço

    Diria
    que de poeta e de louco
    uns têm muito, outros
    terão um pouco

    Quanto ao ouvido
    Um é um espectáculo vivo
    o segundo
    é taciturno
    e escondeu o clarão
    Contudo
    depois___ tudo

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    1. Obrigado pela disponibilidade e pelo comentário em forma de poesia ... que apreciei.

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  7. Embora não tenha acesso aos vídeos, penso que se trata de Wim Mertens 🎶

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    1. Ouço neste momento “Struggle for pleasure”.
      Diga-me, por favor, o nome das peças de música que o Luís usou para a experiência.

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    2. A primeira - Affording More
      A segunda - Freeze on Volume

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    3. Desculpem ambos já vir intrometer-me, mas faz-me impressão, Teresa, que digas tantas vezes não ser a Música a tua "praia" e sim a Literatura e, até agora, ainda não fizeste uma só vez qualquer alusão ao texto e só tens falado nas composições...faz-me impressão essa tua contradição, desculpem... Será que desta vez, a música, mesmo sem a ouvires, 'suplantou' o poema?

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    4. Realmente é uma contradição, Janita!!
      A minha paixão é a literatura e não a musica.
      Wim Mertens é um musicólogo belga — um vizinho meu tem sempre a minha admiração.
      Gostei da tua intromissão 🧐 e amanhã vou dar mais atenção ao poema.

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  8. Siento no haber oído el sonido, por un problema con mi ordenador.

    Besos

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    1. Cuando su computadora esté en buen estado de salud, será posible. Aprecio que hayas venido a pesar de esto. Un abrazo.

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