Foto do autor do texto



Tomei lugar naquele silêncio 


Era uma estrada longa ___ longa

aquele caminho

do quintal da minha infância 

até ao muro que dava para o mundo

metade branco

metade céu,

eu falava baixo com o meu outro eu

     não morras mãe 

     que o caminho é longo

     para regressar. 

Sentei-me naquele silêncio e chorei

até ouvir a minha mãe chamar-me.



 

22 comentários:

  1. Metade branco, metade céu, são também as cores da minha infância.
    Estes textos do Luís, regressando ao passado distante da criança melancólica - que também eu era, por vezes, sem saber porquê - sempre me comovem e têm o condão de me trazer para mais perto desse menino...
    No nosso quintal havia duas romãzeiras.

    Um abraço com carinho.



    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pobre de mim
      a minha rua tinha fim
      era um beco
      nem quintal havia ali
      nem árvore havia ali
      o céu era cinzento,
      todo inteiro
      e o muro em frente
      não era de cor diferente

      Minha mãe ao partir
      deixou-me um sorriso de confiança
      e é ainda ele que me dá esperança

      E hoje tenho uma janela
      onde todas as manhãs o sol me beija

      Eliminar
    2. Sem quintal na infância mas compensado agora com uma janela para o Tejo.

      Eliminar
    3. Respondendo a Janita
      Talvez estas recordações de infância sejam comuns a muitos da nossa geração.
      No meu quintal havia uma nespereira.

      Um abraço também.

      Eliminar
  2. Que belos, poema e fotografia, L. !

    No quintal da nossa casa do Dafundo havia uma figueira e os meus tempos de silêncio, na casa do Dafundo, eram sempre de sonho e criatividade...

    À casa, já a conhece. Sei que está habitada, mas não faço ideia de quem sejam os novos inquilinos ou proprietários.

    Forte abraço!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Alguns de nós têm boas recordações do bocadinho de campo que era o nosso quintal.
      Essa casa do Dafundo é maravilhosa.
      Um abraço.

      Eliminar
  3. Sem romãzeiras, nespereira ou figueira … somente açucenas no pequeno jardim.
    Naquele tempo não havia silêncios, nem choros, somente uma criança feliz.
    Tanto o poema como a belíssima fotografia expressam saudade e nostalgia.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. As nossas recordações de infância, com árvores de fruto ou sem elas, a nostalgia desse tempo em que tínhamos flores o tempo todo.

      Eliminar
    2. No meu jardim, também pequeno, tenho ainda mais flores e árvores frondosas, verdes, calmantes.

      Eliminar
  4. Longa é a estrada que nos separa da nossa infância, como longo seria o caminho que nos conduziria à nossa Mãe se acaso nos perdessemos dela na nossa meninice.
    Claro que o texto é belo. Claro que a foto lhe faz justiça e nela se encaixa com primor.
    Mas, pese embora o autor achar que a não referência a esse pormenor não seja um comentário satisfatório, não gosto de resumir os meus comentários salentando apenas o efeito visual e estético... Acho tão pouco...é quase como se os sentimentos tivessem sido absorvidos por essas palavras já tão corriqueiras.
    Lamento, Luís, se defraudo as suas expectativas, mas não somos todos iguais...
    Eu coloco acima de tudo a ternura que estes seus textos, referindo os tempos da inocência, me inspiram.
    E é, por sentir agora, o mesmo que senti de madrugada, que volto a despedir-me de si com um abraço carinhoso.

    PS- O dia quente e soalheiro que me levou a alguns trabalhos domésticos de arejamento da casa, tapetes e quejandos, foi o motivo porque só agora voltei ao seu espaço. :) Não foi má vontade, viu?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os seus comentários são sempre satisfatórios e muito completos, como o de hoje. Não defrauda as minhas expectativas, basta a sua comparência aqui, mesmo com um comentário sumário, e o meu objectivo de fidelização dos meus leitores, está cumprido. Registo que a publicação de hoje tocou a sua sensibilidade.
      Compreendo a necessidade das tarefas domésticas, também tenho essa incumbência, só que a sua ausência, não habitual, poderia ter alguma razão infeliz.
      Muito Obrigado pelo belo comentário de hoje.
      Um abraço.

      Eliminar
  5. Siempre tenemos en nuestra memoria nuestra niñez y los felices que éramos con nuestra familia...las preociupaciones aparecen cuando te haces mayor.

    Beso

    ResponderEliminar
  6. Um belo poema ilustrado por uma belíssima foto.
    Do quintal da minha casa, apenas via o rio umas vezes calmo e sereno, outras vezes levantando-se furioso em altas ondas. Não havia outra casa a menos de 500 metros.
    Abraço, saúde e boa semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. As casas que foram as nossas casa, para sempre na nossa memória, tão grandes que eram nesse tempo, nós crescemos e elas ficaram mais pequenas.
      Boa semana, um abraço.

      Eliminar
  7. Que estranho! Ao ver a foto lembrei-me logo da minha infãncia.
    A casa parece a da minha avó.
    Mas, ao ler o poema, meu caro amigo, perdoe mas fiquei tão comovia que uma lágrima rebelde teima em cair dos meus olhos.
    No entanto gostei da foto e do poema.
    Beijinho amigo.
    :(

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Para o autor tem muito significado que se tenha comovido. Só posso agradecer-lhe a sinceridade.
      Um abraço.

      Eliminar
    2. Ressalvo !
      quis escrever comovida e não comovia.
      :)

      Eliminar
    3. Mas compreendi apesar do seu engano.
      Obrigado.

      Eliminar