Disfarçando o medo


Fico em luz abafada 

ouvindo um solo de jazz

___ lento 

com vozes sem palavras 

um cântico ___ afinal. 

Que vida estranha esta 

em que o sossego 

são as flores a murcharem 

     o que conta é ter de viver 

     com os pés num fio

     e ter de chegar ao fim do equilíbrio 

     com os pés enormes 

     e os órgãos intocados. 

Que vida estranha esta em que falo 

enganando-me nas sílabas 

e rindo-me como um insulto 

para disfarçar o medo. 




 



 

12 comentários:

  1. Gostei muito e identifiquei-me nas suas palavras e nas entrelinhas da mensagem em forma de poema.
    Um abraço 🤗

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    1. Agradeço a sua visita e o seu simpático comentário.
      Um abraço.

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  2. Triste, muito triste é que "o sossego" seja, efectivamente "as flores a murcharem", e que tenhamos de viver cada dia no equilíbrio de um fio, sobretudo quando os pés nos incham por insuficiência cardíaca, L....

    Em compensação, a mancha de cor é tão bela, que quase lha invejo :)

    Forte abraço!

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    1. É um prazer para o autor que tenha havido identificação com o texto, que a mensagem tenha passado.
      Obrigado.
      Saúde, um abraço.

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  3. Do círculo onde eu vejo o mundo … sai uma mão em prece.
    Que medo que eu tenho de não compreender a prece do POETA.
    Perdendo-me no meu próprio medo … no meu caos interior.
    Crucificar-me em minha imensa DOR!…

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    1. A dor é latente em todos nós, por vezes adormecida, por vezes agreste atormentando-nos. Sei que encontrará no texto alguma mensagem mesmo que diferente da ideia do autor.

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  4. Me lo imagino y también quisiera hacer ahora lo mismo que has hecho tú...en algún momento del día seuguro que lo voy a hacer.

    Besos

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    1. Tendrás tu oportunidad, el tiempo del que disponemos es suficiente para todo siempre y cuando esté bien gestionado. Un abrazo.

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  5. Caro Poeta/Pintor

    Gostei do poema,acho que no fundo todos temos medo de algo, e eu por vezes digo, que o que é mais duro é sentir medo do próprio medo.
    Tenho alguns poemas meus que falam do medo e dos medos.
    Peço desculpa de usar o seu espaço, mas aqui lhe deixo um poema meu que fala também de medo.

    O MEDO

    É à noite que carrego meus medos,
    densos, com cores fortes que me desmaiam o ver.
    Nessas alturas, reverto-os
    e crio um esboço, unicamente meu.

    Olho as estrelas
    que, com a sua minúscula luminosidade,
    me trazem sons de uma melodia ilusória,
    e que, embora inaudíveis,
    chegam para me tornar um sorriso.

    Por vezes, o medo é
    somente um espectro com cores
    que não me atrapalham
    e que consigo afugentar
    da minha retina.

    Um dia, tentei pintar o medo.
    Ele olhou-me e ciciou-me
    com um esgar de repúdio:
    - o medo não se pinta.

    E eu sei que o medo não se pinta
    mas o pincel rodopiou
    e dele transbordaram cores e cores
    Cores

    Sabes?!
    Eu sei!
    O medo não se pinta
    Mas eu pinto-o
    para ele não tomar conta de mim
    nem do desenho do meu
    VER

    © Piedade Araújo Sol 2014-05-26

    Boa semana com muita paz e tranquilidade.
    :)

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    1. Agradeço muito a simpatia de me ter revelado este seu poema, extenso e cheio de significado, acolhi-o com gosto.
      Saúde, um abraço.

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