Eu é que escolho o dia


Morrerei à quinta-feira 

ainda que me queiram impor um calendário 

sou eu quem contará os dias 

sou eu quem desafinará os relógios 

sou eu quem desafiará a contagem do tempo. 

Morrerei à quinta-feira 

por muito que vos corrompa 

o percurso rotineiro dos dias

ficam com o fim de semana 

para chorarem por mim 

depois poderão dizer que sou 

obstinado 

calculista 

teimoso 

e mais o raio que vos parta. 

Morrerei à quinta-feira 

quem manda em mim sou eu.




 

15 comentários:

  1. A escolhado dia é a última coisa que devemos fazer

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  2. Os pensadores laterais e adversários antivacinação argumentam “quem manda em mim sou eu”
    Embora eu seja contra a vacinação obrigatória, os pensadores laterais e adversários antivacinação irritam-me.
    Eu sei que a publicação de hoje não tem nada a ver com os pensadores laterais e adversários antivacinação, somente o final do poema é a sua argumentação.
    A beleza da aguarela suaviza o tema do poema.

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    1. Não sou negacionistas, não sou contra as vacinas, sou socialmente cumpridor mas não deixo de ser crítico activo desta sociedade da qual pretendo uma mudança. Sou o único dono da minha vontade, de morrer ou de estar vivo.

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    2. Eu sei tudo isso, Luís, somente fiquei parada no final do poema, porque é exatamente a argumentação dos pensadores laterais.
      Claro que também os adversários da antivacinação são os únicos donos da sua vontade, de morrer ou de estar vivo.
      A sociedade alemã está dividida entre vacinados e não-vacinados e quando isso acontece entre os membros de uma família é terrível.
      Digo boa noite 🌙 peço desculpa pelos meus comentários e prometo não tornar a falar sobre o assunto.

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    3. Cara Teresa
      Não há nenhum contra em falar de tudo, eu apenas reafirmei o que disse no texto de hoje. Aqui não há tabus nem assuntos que não possam ser comentados.
      Não se pede desculpa e pode voltar a falar do assunto.

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    4. Eu sei que aqui se pode falar de tudo.
      O problema é que estou a ficar paranóica.
      Abraço, agradecendo a sua compreensão, Luís.

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  3. Não escolhemos viver mas todos podemos escolher morrer em tal dia, em tal hora, em tal lugar. Podemos mas não, para mim não é opção.
    Nada de pensar em desistir poeta, desistir não é forma de lutar pela tão desejada mudança.
    (Agora, para não pensar em coisas tristes vou tratar de descobrir o significado das frações na aguarela.)
    Beijo, feliz, muito feliz, fim-de-semana.

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    1. Estou de acordo consigo, ser dono da nossa vontade não quer dizer que se faça tudo o que nos vem à cabeça, como se costuma dizer.
      Obrigado, saúde, um abraço.

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  4. Gostei imenso da assertividade! Um forma diferente de ver as coisas, gosto!

    Abraço! :)
    Cantinho dos Poemas de Criança.

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    1. Nem sempre temos tanto poder de afirmação.
      Obrigado pelo seu comentário.
      Um abraço.

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  5. Gostei muito da sua aguarela, a ser desvendada pelos sentidos, pela pele, e não pela razão, e do poema cuja mensagem não contestarei de forma alguma.

    Não sei em que dia ou noite virá a minha morte derradeira. Só sei que já estive quatro vezes em situação de morte clínica e que em nenhuma delas fui tida ou achada.

    Forte abraço, L.

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    1. O texto são apenas palavras, o que queremos é que tudo se decida o mais tarde possível.
      A sua experiência é respeitável.
      Saúde, um abraço.

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  6. Falar da morte que sabemos certa, é para mim um assunto muito deprimente.
    Sei que é apenas um poema, mas eu não quero saber em que dia vou morrer.
    A aguarela é inegmática.
    Saúde e tranquilidade.
    Bom fim de semana.
    Beijinhos
    :)

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    1. Ninguém quer morrer, ou, quase ninguém quer morrer.
      Obrigado, saúde, um abraço.

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