As palavras pesam

Pesam-me as palavras
na boca
na mão 
e nunca são suficientes
como não é suficiente
a paisagem
que persigo nos meus sonhos
onde sempre ando
a perder-me em lugares vazios
outrora com vida. 

Todos partiram na minha ausência 
quando estava acordado ___ 
___ já não podem dizer tudo
o que tinham para dizer. 
Mais palavras que se perdem
os mortos e os ausentes
não falam
ficarei contente quando os reencontrar
quando formos todos bruma. 

Hoje ___ há sol nesta manhã.




 Foto do autor do texto



16 comentários:

  1. Já dei mais importância às palavras
    hoje, o sol é determinado pelos gestos
    hoje, vivo entre os meus mortos
    sim, esses
    esses que não morrem
    e me habitam

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    1. Todos transportamos connosco a memória dos que ficaram para trás.

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  2. O silêncio é mais poderoso que a palavra — penso eu — mas nem sempre.
    O sol brilha em cima da bandeira vermelha 🚩 um presságio político para 30 de Janeiro?!
    A parede da fotografia fala dos mortos num silêncio assustado.

    Summa summarum: a publicação desta noite pesa qualidade poética e artística.

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    1. Cuidadosa a sua análise da imagem, viu o que estava lá. Os textos podem ter várias leituras, a sua é uma delas.

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  3. As palavras são neutrões de um átomo que é o universo
    Não têm peso

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  4. Gosto muito da aquarela
    - o sol e a bandeirola a voar como voam as palavras.
    Um abraço grande L

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  5. As palavras que hoje lhe pesam na boca e nas mãos, serão aquelas que tem há muito guardadas, à espera do momento certo para as lançar ao vento. Porque é cauteloso...desfralde-as ao sabor da sua vontade, como desfraldou a bandeira, mesmo incompleta.
    Não, não é conselho, quem sou eu para aconselhar? Ninguém!
    Feita de triângulos e marcada com três grossos pontos negros, pode parecer uma bandeira pirata, mas não é.
    É o previsto, o inevitável futuro. Se bem que estando lá a foice, foi o martelo substituído por uma enxada..(?)
    No fundo, gostei desse optimismo vermelho, já que vê o sol afastando as nuvens negras e, trazendo com ele, uma certa esperança renovada e alterada.
    Assim, à priori, e sem me deter na segunda parte do texto, é isto que me ocorre dizer.
    E mais palavras, não me permitirei escrever. Resolvi ser o que nunca fui: cautelosa...

    Bom dia!

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    1. Creio no futuro inevitável. Na bandeira a foice está explícita, o martelo não tanto mas, é um martelo.
      Direi sempre tudo o que quero dizer mas com precaução e tentando de forma a não maltratar a sensibilidade dos meus leitores. Se formos contidos seremos respeitados e assim, o que dissermos terá mais importância, negativo é tornarmo-nos vulgares.
      Leio com atenção os seus comentários.
      Um abraço.

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    2. Obrigada pelo conselho! Se bem que não me considere vulgar.
      Serei, na opinião do autor deste espaço?
      Não me diga! Em que aspecto?

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    3. O que eu disse nada tem a ver consigo, apenas tentei justificar e confirmar a sua expressão "cauteloso" com que se referiu a mim.

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  6. Bela, a bandeira. Minimalista e bela.

    Quanto às palavras, as minhas que sempre voaram ou galoparam como cavalos selvagens, pesam-me agora como chumbo. São montanhas que num derradeiro esforço tento mover.

    Forte abraço, L.

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    1. Ou porque ficamos menos resistentes, ou porque prestamos mais atenção ao significado das palavras, algumas pesam e magoam, preciso é termos consciência disso.
      Um abraço.

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  7. A aguarela que me diz tanto, com esse sol e a bandeira.
    O sol que eu carrego em meu nome.
    A bandeira que desfralda as palavras ao vento.
    As palavras sentidas, amargar, saudosas, ou apenas palavras.
    Tão belo isto!

    Boa semana, ou o que resta dela, com paz e saúde.
    deixo um abraço carregado de sol.

    ;)

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    1. É um contentamento receber um comentário tão positivo.
      Obrigado. Saúde, um abraço.

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