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Crescer à beira do abismo


São graves os gritos que se ouvem

são pedras debruçadas nos sentidos

impulsos mortais à beira do abismo

o indecifrável sabor a sangue

e o clarão do medo ___

___ soletro um choro de aflição 

e fujo sem sair do mesmo sítio

as mãos brutais da ignorância 

são as grades que impedem a fuga. 


Depois tudo é silêncio 

até as minhas lágrimas se calam. 

Não pedi para nascer

mas ainda assim vou renovar

o meu Cartão de Cidadão.



 

23 comentários:

  1. Coincidência … ontem recebi o meu cartão de cidadã renovado.
    Ótimo serviço do nosso consulado.

    Luís, não precisa de aquecer só por eu não comentei o poema.
    Há noites assim …

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  2. A ignorância dos valores humanos é bem mais brutal e castradora do que a ignorância cultural e literária.
    É essa que inibe e destrói, irremediavelmente, qualquer ser humano em formação.

    Boa noite.
    Um abraço.

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    1. Estou de acordo, a ignorância pode até levar à morte e deixar vítimas pelo caminho. Obrigado.
      Um abraço.

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    2. Luís, tenho uma pergunta que gostaria muito de lhe fazer e, sempre que as suas palavras me levam ao que penso ser o seu passado de menino, fico com ela sufocada na garganta, com receio de o incomodar - ainda mais do que aquilo que tenho incomodado.

      Há tanta mágoa aqui:

      "...o clarão do medo ___
      ___ soletro um choro de aflição
      e fujo sem sair do mesmo sítio
      as mãos brutais da ignorância
      são as grades que impedem a fuga.

      Depois tudo é silêncio
      até as minhas lágrimas se calam.
      Não pedi para nascer...


      Vou perguntar, o Luís só responde se quiser.

      O hoje poeta/pintor, foi uma criança infeliz, pouco amada, ou isto é tudo ficção pura e dura?

      E agora vou fugir, envergonhada.

      Um abraço.

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    3. Não confirmo nem desminto (como dizem certos políticos) como compreende são revelações que não devo fazer em público, talvez um dia alguém possa falar sobre todo o meu percurso de vida.
      Não se envergonhe, eu também sou curioso.
      Um abraço.

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    4. Compreendo e aceito a sua não resposta que, no fundo, é a resposta que eu estava à espera.
      Na verdade, eu não sou curiosa. O que me move, seja aqui consigo seja noutros espaços, é o interesse pela pessoa que está por detrás do bloguer. Não somos bonecos nem robots, somos gente. Curiosidade é outra coisa.

      Muito obrigada!

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  3. São estes os únicos infernos em que acredito e este excelente poema retrata um deles...

    Forte abraço, L.

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    1. Um inferno que deixa marcas que reaparecem uma vez ou outra.
      Um abraço.

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  4. Nadie ha pedido nacer, pero a pesar de las vicisitudes de la vida, merece la pena ser vivida.

    Besos

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    1. Estoy de acuerdo, la vida tiene muchos momentos que valen la pena. Un abrazo.

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  5. Poema lindíssimos, adorei.

    Beijinhos e uma boa noite

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  6. Eu também, nem sequer fui ouvido
    do acto de ter nascido
    e já que vim ao mundo, vivo

    sorte a minha,
    meu BI é vitalício
    vou desaparecer
    primeiro que ele

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    1. Felizes os que têm um BI perpétuo o que isso poupa de tempo na Conservatória.

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  7. Vim aqui duas vezes e não consegui comentar. Sinto-o triste, desanimado.
    São palavras verdadeiras, honestas que fazem doer...

    Abraço amigo,sim?

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    1. A tristeza é inspiradora, já que tem essa valia, aproveito-a.
      Um abraço também.

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