Foto de Ana Luís Rodrigues
É o que resta
O que resta do passado
são os jardins familiares
as flores indignadas
prisioneiras eternas
a quem chamam seres vivos.
O que resta do passado
são as sombras indignadas
por não terem direito
ao seu quinhão de luz
à sua própria morte.
O que resta do passado
é o resumo do próprio passado
confuso e desordenado
em que os fotogramas se baralham
e os espaços em branco
se preenchem dolorosamente
cheios de imprecisões.
O que resta do passado
somos nós
na doença crónica dos nossos olhos
e na insensibilidade
da nossa pele tão sábia.
O passado somos nós no que falta explicar
ResponderEliminarSe conseguirmos explicar, por vezes nem a nós próprios conseguimos.
EliminarSomos o passado que tivemos
ResponderEliminare o que dele resta
é exactamente
o que nos determina o futuro
Sem dúvida, esperemos ter ainda um longo passado à nossa frente.
EliminarSomos o passado que nos permitiram ter e temos um presente que não quisemos ou soubemos construir melhor. O futuro não existe. O futuro á amanhã, e quando o amanhã chegar será o presente.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
No plano da realidade e numa análise mais geral do assunto, tudo o que diz está correcto.
EliminarSaúde, um abraço.
O me resta do passado é como a ondulação de areia da foto, com marcas onduladas e recordadas conforme o vento e pautadas com pontos negros, uns melhores outros bem piores que volta e meia nos entram casa a dentro via tv e aí faço minhas as tuas palavras:
ResponderEliminar"os espaços em branco
se preenchem dolorosamente
cheios de imprecisões."
e de facto a minha pele é muito sábia.
Gostei muito de vir aqui e desculpa se desconstrui o que pretendias.
Beijos e um bom dia
Só posso concordar com a sua análise que também tem uma forma poética de se expressar.
EliminarMuito Obrigado, um abraço.
Os poetas podem se dar ao luxo de escrever sobre o passado.
ResponderEliminarEu, mulher pouco sábia, não me interessa o meu passado — o que passou, passou.
Olho através da janela da cozinha e receio o PRESENTE || tenho medo que não haja futuro.
Mesmo assim, gostei de ler o poema como da bela fotografia.
Todos temos um passado, a diferença é entre os que escrevem sobre ele e os que não querem ou não podem fazê-lo. Na análise do presente e na previsão do futuro, o passado será sempre um elemento indispensável.
EliminarO perigo que hoje corremos tem a ver com os problemas e as atitudes do passado.
Concordo absolutamente com o Luís:
Eliminar“O perigo que hoje corremos tem a ver com os problemas e as atitudes do passado”
Os erros políticos cometidos em relação à soberania da Rússia 🇷🇺 são irreparáveis.
Também estou de acordo com a sua leitura da situação.
EliminarGostei bastante do poema... Da publicação!
ResponderEliminarBom fim de semana
Muito obrigado por ter vindo.
EliminarUm abraço.
Gostei bastante do poema.
ResponderEliminarBeijinhos
Tenha um ótimo fim de semana
Obrigado pelo seu comentário.
EliminarUm abraço.