Foto de Daniel Filipe Rodrigues





 
Era Outono

 

A minha mãe sentada
no seu lugar de sempre
tece malha sobre malha
a sucessão infinda
de desejos ___
___ vigia-me
enquanto eu
sinto o frescor da terra
e planto ali mesmo
a árvore da ternura. 
 
Esta foi a verdade
daquele dia
em que um sol fugaz
nos veio lembrar
que já era Outono.
 


 

17 comentários:

  1. Imagino esse tecer malha sobre malha infinda de desejos … enquanto o filho planta a árvore da ternura.
    Poema tão belo como o outono dourado da minha memória.
    Os tons outonais da fotografia completam a beleza desta noite 🍂

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Só apreciamos o Outono quando já somos muito, muito adultos.

      Eliminar
    2. Na minha adolescência amava o inverno e sonhava com a neve.
      Actualmente sonho com o verão a beber cerveja numa esplanada à beira-mar.
      O romantismo outonal 🍂 deixo para os POETAS.

      Eliminar
    3. Também aprecio uma "Caña" numa esplanada em Espanha.

      Eliminar
    4. Não sinto o romantismo outonal, nem gosto de cerveja; no outono encontro prenúncios de frio, na Primavera, de um calor que me é bem mais suportável do que o frio...sou, no entanto, uma velha poeta, Teresa :)

      Eliminar
  2. À medida que os anos avançam, as memórias da infância são muito mais frequentes.
    Qualquer fotografia, um retrato, uma imagem, às vezes uma palavra, podem despoletar em nós lembranças ternas, outras nem tanto.
    Penso que na juventude isso não acontece ou é mais raro acontecer. Estarei errada?
    De qualquer forma gostei da simbiose; texto/imagem.

    Um abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É verdade, em jovens ainda não temos as nossas memórias organizadas, até nos esquecemos delas.
      Boa Noite, um abraço.

      Eliminar
  3. Pressinto
    que Vivaldi
    se inspirou na foto
    e na árvore
    por ti plantada
    ou na tua mãe
    tecendo malha

    Nem importa a resposta
    pois Vivaldi
    já a terá dado em sua obra

    ResponderEliminar
  4. Todos os dias existem momentos de verdade e embora eu não goste do Outono gosto imenso do poema.
    Beijocas e um bom dia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O Outono espera por nós lá mais adiante e, nessa altura, gostaremos dele e das suas cores.
      Obrigado, um abraço.

      Eliminar
  5. Velha e poeta, deixei-me embalar por este magnífico quadro de infinita ternura...

    Forte abraço, L.!

    ResponderEliminar
  6. Lindo e terno poema! Gostei muito. O outono foi a minha estação preferida,dava-se bem com o meu temperamento...Continuo crochetando os meus desejos. Plantei uma oliveirinha a que dei o nome de Maria da Paz, é a minha "árvore da ternura". Para ali irão as minhas cinzas, já disse aos meus filhos e netos que poderão ir ali conversar comigo :) espero não estar muito surda!

    Abraço amigo. Ah, a Maria da Paz já deu umas azeitoninhas o ano passado!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O Outono é uma bela, estação mas só com o avançar da idade sabemos apreciar.
      Que bonito ter uma oliveira e colher os seus frutos.
      Obrigado. Um abraço também.

      Eliminar