Carta de um fugitivo
Um crânio em fragmentos
um homem morto
um riacho correndo sem pontes
e as árvores na mesma
como se as bocas não mordessem
a angústia e o medo
ou seja
a morte com os ossos e a carne
à sua espera
uma mulher que perdeu o nome
como se nunca tivesse nascido
esperam-na sem esperança
ou seja
uma mulher fertilizará esta terra
de sangue para os vindouros
o choro dos que ainda
não ganharam nome que se visse
a caírem dos braços que os defendem
ou seja
aqueles que estão inclinados
com um seio na boca conhecerão
o sono da paz antes de acordar
Adormeço sentado no chão num comboio
animalescamente sobrelotado
Poema adequadamente negro e triste.
ResponderEliminarUma forma assaz fria e brutal de descrever o fim da vida de uma pessoa.
Só um esforço gigantesco me impede de ceder a um choro convulsivo.
Vou ter dificuldades em adormecer.
Sem querer ser inconveniente, tomo como um elogio a emoção que o meu texto lhe provocou, também escrevê-lo provoca a minha emotividade.
EliminarComo nunca fugi
ResponderEliminartenho poucas habilitações
para entender fugas
e
perceber
como assim adormecer...
(amanhã põe
um bocado de cor
ou uma rima
sob a forma
de sorriso.
Precisamos disso!)
Também sorrio mas... cada vez menos.
EliminarPoema "pesado", onde a morte desce ao patamar mais fundo do horror.
ResponderEliminarPorém, não me tira o sono.
Parabéns!
Votos de um excelente fim de semana.
Abraço.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Muito obrigado por ter vindo e pelo seu comentário.
EliminarUm abraço.
A morte toma as refeições connosco à mesa
ResponderEliminarA morte caminha ao nosso lado.
EliminarUma carta que bem podia ter sido a minha e tantos amigos que ficaram e que não sei nada deles. Agora em directo a coisa fica mais clara e só me apetecia dar cabo de quem faz tanto mal apenas pela ganância e ou loucura.
ResponderEliminarAo ler abri a cachoeira dos meus olhos. Respirei fundo várias vezes e a esperança e optimismo voltaram em força porque acredito que irá terminar em breve.
Não gostei da imagem e não me perguntes porquê pois não sei dizer a razão.
Beijos e um bom dia e um enorme abraço meu a todos que sofrem os horrores de uma guerra!!!
Compreendo o desagrado da imagem, neste contexto, como se fosse um pesado mausoléu negro.
EliminarA indignação é um sentimento que experimentamos diáriamente, difícil é sobreviver com serenidade com os motivos que nos levam a essa indignação, alguns até bem perto de nós.
Obrigado pelo sempre bem desenvolvido comentário, que aprecio.
Um abraço.
Um poema/missiva escrito a bordo de um comboio que se dirige a Treblinka ou Buchenwald... assim o leio, assim o sinto, assim o digo.
ResponderEliminarOutro forte abraço, L.
Essa é uma possibilidade, no passado, mas nos dias de hoje a cena repete-se. Há povos que estão a ser sacrificados.
EliminarSaúde, um abraço.
Um cenário desolador de morte e destruição.
ResponderEliminarTão doloroso e verdadeiro quão verdadeira é a realidade actual.
Poesia que retrata fielmente o sentimento de um ocidental...!
A mim, ser-me-ia impossível dormir, assim, sentada no chão de um comboio sobrelotado.
Por muito cansada que estivesse.
Abraço
O cenário é desolador. "O sentimento de um ocidental" remete-me para o poema de Cesário Verde, que não tem pontos de contacto com o texto de hoje. Sendo assim e tomando em conta o significado da sua frase, arrisco dizer que esse sentimento está dentro das mais variadas pessoas de vários pontos do mundo, não só a ocidente.
EliminarÉ possível dormir assim dado o grau de cansaço.
Abraço.
Na verdade, errei quando coloquei a itálico o sentimento ocidental. Ás vezes, o pensamento mistura-se-nos com o o que fazemos.
EliminarTalvez por ter o livro de Cesário Verde entre mãos, acrescentei «Um» ao que pretendia dizer.
Vou refazer a frase, que seria:
"Poesia que retrata fielmente o sentimento ocidental!"
Peço desculpa.
Então repito o meu pensamento :
Eliminar"Esse sentimento está dentro das mais variadas pessoas de vários pontos do mundo, não só a ocidente."
Certamente! Sobretudo nas pessoas que ainda têm sentimentos de Amor ao próximo.
EliminarCoisa que não acontece com todos, sejam ocidentais ou não.
Um poema denso e muito forte.
ResponderEliminarDeixa-me com um aperto no peito e o cenário não ajuda.
O fim é sempre triste, seja que fim seja.
A mensagem do poema ficou!
Bom fim-de-semana caro Poeta.
:(
Esta é a realidade trágica de alguns povos.
EliminarMuito Obrigado pelo seu comentário.
Bom fim de semana.
Um abraço.
Um poema intenso que dói no centro do peito daqueles que ainda têm um coração nele. Lembro da minha mãe dizer que os princípios são alegres, os fins sempre tristes. No mundo atual, cada vez mais, princípios e fins estão tragicamente juntos na mesma dor, e quantas vezes até na mesma sepultura, porque quando a guerra chega, a vida deixa de ter valor, seja qual for a idade.
ResponderEliminarAbraço e saúde
É ao que assistimos hoje, a desvalorização da vida humana e não só em cenários de guerra.
EliminarObrigado. Saúde, um abraço m