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Sem descendentes
Pelos mortos sem descendentes
faço um dia de luto
vestir-me-ei de preto luminoso
e passearei pelas ruas da minha aldeia
faço um dia de jejum
a boca e a minha língua serão purificadas
pela água em goles de hora a hora
faço um dia de silêncio
nem música nem palavras
sons ___ apenas os do meu corpo
faço um dia de abstinência
contemplo uns seios próximos
mas mantenho
o luto
o jejum
o silêncio
a abstinência
Pelos mortos sem descendentes
o céu continua vazio ___ injustamente
ninguém os santificou.
Os mortos sem descendentes são os que optaram por fugir à regra humana
ResponderEliminarOu foram-no involuntariamente.
EliminarInfelizmente há tantos mortos sem descendentes e só te digo que muitos antes de partirem talvez tivessem tido na vida apenas o quente da minha mão e de outros que faziam o que eu fiz tantas vezes.
ResponderEliminarFizeste dois poemas bem fortes mas cheiinhos de uma razão notável e meritória.
Abraços sinceros e respeitadores
Muito obrigado pelo apoio às minhas publicações, é compensador que a sensibilidade de alguns leitores seja tocada.
EliminarUm abraço.
A beleza do texto poético e da imagem cativaram-me de imediato, mas ocorreu-me que houve e haverá mortos cujos descendentes nem mesmo os puderam entender, quanto mais dignificar...
ResponderEliminarForte abraço, L.
É verdade, acho mesmo que, em vez de santificados, serão esquecidos para sempre.
EliminarObrigado.
Um abraço.
Intenso e profundo.
ResponderEliminarFico em oração.
Boa semana com saúde.
:)
Obrigado pela compreensão.
EliminarUm abraço.
Dando continuidade ao seu devaneio poético, Luís, eu diria que enquanto os idealistas fazem luto,
ResponderEliminarjejuam, silenciam a revolta, humedecendo a própria língua em água-benta, numa tentativa de homenagear
os mancebos que caem por uma causa na qual nem sequer acreditam, os crápulas sem alma se regozijam em bacanais nojentos.
Não contemplam os seios que lhe estão próximos - que sabem eles de contemplação?
Matam, transformando em pó, seios inchados de leite materno, que não alimentará nenhum descendente...
Um grande abraço.
O seu comentário é um bom texto com algo de poético e de trágico com o qual estou de acordo sobretudo no ponto que foca o escândalo "os crápulas sem alma que se regozijam em bacanais nojentos". Esta é uma frase de largo espectro que atinge todos os crápulas, os que matam para defesa dos seus interesses e negócios, os que violam e traficam pessoas para fornecer transporte às pessoas em fuga e os que estão a fazer fortuna à custa das crises, e destes também temos no nosso país.
EliminarUm abraço.
É o capitalismo, Luís, e as mãos cheias de sangue 🩸
EliminarO poema é uma prece contra o conflito actual, sem tomar partido, como manda a POESIA verdadeira.
ResponderEliminarA imagem completa a mensagem pacifista 🕊
Eu temo pelos meus DESCENDENTES caso a NATO meta o bedelho 💀
Espero que haja bom senso.
EliminarPoema lindíssimo de ler!
ResponderEliminarAdorei.
Beijinhos e um excelente dia
Muito obrigado, boa noite.
EliminarUm abraço.
O mundo está cheio de mortos sem descendência. Uns morrem na guerra, outros de fome, consequências da guerra ou dos problemas climáticos. Cada jovem que morre é um esperança de um mundo diferente que se esvai.
ResponderEliminarGostei do poema
Abraço e saúde
Concordo com o que diz no seu comentário.
EliminarUm abraço.