Foto de Daniel Filipe Rodrigues



 
O nosso vazio azul

O que resta depois 
dos gestos sincopados
das mãos suadas 
do vigor inicial 
sem palavras? 
Só suspiros ofegantes 
o que resta é um deserto 
cansado ___ então sim 
repleto de palavras 
a despropósito 
as palavras desnecessárias 
como se os dias não devessem
ser aconchegados 
para resistirem 
para continuarem a existir. 
Salva-nos a lassidão 
e o sono 
ao mergulharmos 
no nosso vazio azul.



 

20 comentários:

  1. Hoje pintei esse vazio azul
    de um tom de que fala a canção

    Ah eu já tentei
    Mandar pintar o céu
    Em tons de azul
    P'ra ser original.
    Só depois notei
    Que azul já ele é
    Houve alguém
    Que teve ideia igual.
    Eu não sei se hei-de fugir
    Ou morder o anzol
    Já não há nada de novo aqui
    Debaixo do sol.
    Já me persegui
    Por becos e ruelas
    De horror
    Caminhos sem saída
    Até que me perdi
    Sozinha sem saber
    De que côr
    Pintar a minha vida
    Eu não sei se hei-de fugir
    Ou morder o anzol
    Já não há nada de novo aqui
    Debaixo do sol.
    Eu não sei se hei-de fugir
    Ou morder o anzol
    Já não há nada de novo aqui
    Debaixo do sol.

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  2. Rádio Macau - 2011. Também gosto. Obrigado.

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  3. Profundo e com imensas interpretações e só te digo que:
    No céu azul para onde olho com esperança "as brancas nuvens negras, A verdade não é o que tu dizes é o que tu pensas" e eu penso em muita coisa mas sempre com o optimismo do qual não abro mão.
    A foto para mim diz-me que é o reflexo do que queremos ver de nós próprios.
    Parabéns para ti por esta reflexão!
    Abraços e um bom domingo!

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    1. Gostei do texto deste comentário aproveitando o balanço do título do blog e dando uma possível interpretação da imagem. Manter o optimismo é um dom que pode ajudar ao percurso que temos de fazer.
      Obrigado, um abraço.

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  4. Todos poderíamos pintar o nosso vazio - a partir da imagem - da cor que mais nos agradasse, ou, nos dissesse.
    O meu seria da cor do desespero, da súplica, do apelo. Enquanto o fotógrafo, qual fotojornalista, regista o momento.
    É essa a sua missão. Não está ali para ajudar a salvar nada nem ninguém, para mostrar parcialidade, apenas para cumprir o seu objectivo profissional.
    Desta vez, o texto ficou muito aquém daquilo que a mim a imagem me sugere.
    Ficaria bem noutros gestos, noutras imagens. Não nesta.
    Resumindo: Um braço estendido, de mão aberta, pode dar origem a muitas sombras e nenhuma reflecte a realidade.

    Um abraço

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    1. É animador contar com os comentários interessantes dos meus leitores, é um contentamento constatar a atenção que é dedicada às minhas publicações, é o seu caso, que agradeço. O fotógrafo certamente lerá também o que disse sobre a imagem. Tomo em conta o que deixou escrito.
      Um abraço.

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  5. Das minhas memórias, apenas dois vazios absolutos consigo repescar; um branco/intenso, outro negro, negro...

    Mas desse azul/azulão também afloram mãos e vultos brancos e negros e o seu poema surge-me como uma bela mas dorida memória de amor carnal ou como o cenário de um pós-batalha a que fisicamente sobreviveu...

    Um forte abraço, L.

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    1. Muito bem analisado abrindo as interpretações possíveis.
      Muito Obrigado, um abraço.

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  6. No vazio azul das minhas memórias …
    Lembro
    Lembro
    Lembro
    Lembro-me de correr pelo meio das palavras …

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    1. O seu comentário é um poema. Guarde-o para o publicar no seu blog.

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    2. Ah! Ah! Ah!
      Na próxima publicação escrevo simplesmente:
      Gostei de ler.
      Beijinhos 💋

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    3. A minha ideia é que o seu comentário, pela sua qualidade, não devia ficar aqui escondido.

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  7. O vazio não tem cor.
    Podia ser de muitas cores.
    Mas se eu pudesse escolher.
    Sim!
    Pintura o vazio de azul.
    E
    Assim talvez não fosse tão vazio!

    Boa semana.

    :)

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  8. No vazio azul apenas mergulho o olhar.
    Por sinal, hoje, o meu vazio azul está salpicado de cinzento.
    Beijo.

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