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Mesmo que não venhas
 
Um poema contínuo
é a possibilidade de a poesia 
não abandonar a nossa boca 
é colher constantemente 
as palavras dos outros
É tão fácil dizer 
                   poesia 
como dizer 
                   amor 
Um poema contínuo 
também existe mesmo na espera 
de alguém que sabemos 
que talvez não venha 
mas a mesa está posta 
o vinho e as flores não faltam 
à ilusão do momento poético
                   pode ser que venhas 
se não vieres apesar de tudo 
conhecerei melhor o amor 
porque é na falta dele 
que estarei mais sereno 
e não sentirei prisioneiras 
as minhas ideias sobre o amor
É na ausência do amor 
que aprendo e desejo dizer 
                   amo-te 
e assim será se afinal chegares
é na ausência do amor 
que cresce a minha coragem
A mesa está posta
e as flores não faltam à ilusão 
um poema contínuo 
estará saudoso na minha boca
digamos que mesmo que não venhas 
o amor é um sentimento 
que conhece a eternidade 
e não faltará decerto amor


mesmo que não venhas. 


 


12 comentários:

  1. Acho que dizer amor é mais fácil que dizer poesia.
    É mais concreto
    🙂

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  2. Um poema contínuo
    também existe mesmo na espera
    de alguém que sabemos
    que temos a certeza
    que não venha

    mas teimosamente
    pomos a mesa
    e as flores não faltarão
    à ilusão

    e na boca, ainda o sabor
    do que foi a palavra amor

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    1. O teu comentário adaptou o fim de uma forma adequada que entendi.

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  3. A vida e tudo que ela nos dá e tira para mim é, foi e será sempre um "poema contínuo" e a verbalização de sentimentos versus emoções nunca deve ser esquecida porque na "espera de alguém ou do quer que seja" ficamos presos no "mesmo que não venhas". Teria mais a dizer mas fico por aqui.
    A foto dá-me a sensação ser o sol a bater num toldo ou cortina junto de um sofá ou cadeirão onde os poetas e escritores se inspiram.
    Gostei deste teu quebra-cabeças que li e reli várias vezes com o ensinamento do meu professor de Literatura...ler de cima para baixo e de baixo para cima e o que escrevi foi o que senti.
    Beijos e um bom dia

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    1. Muito obrigado. Interessante o teu comentário com a tua reflexão a partir da publicação de hoje. Valorizemos a vida, é o que concluo do que dizes.
      Bom Dia, um abraço.

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  4. Fiquei fascinada, tanto pela imagem quanto pelo texto poético...

    Sei que as asas dos quirópteros não se desdobram em tantas pregas, mas não consigo acreditar que não haja uma asa de quiróptero no canto superior esquerdo da fotografia.

    Há pessoas que amam continuamente, ininterruptamente, tal como há livros inteiros que podem ser considerados pelos críticos como poemas únicos. Assim aconteceu com o Sete Luas - creio que foi esse - do meu avô poeta, segundo João Gaspar Simões.

    Um grande abraço, L.

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    1. Agradeço o elogio que, vindo de si, que tão competente é nesta arte da escrita, valorizo muito.
      Não é a asa de um quiróptero, a foto é em minha casa e um bicho desses não podia ter entrado.
      O seu talento já vem de longe.
      Um abraço também.

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  5. Que se fale de Amor.
    Mesmo quer ele não esteja presente no coração de todos os seres viventes,
    é muito gratificante que se faça uma pausa nas "coisas" tristes e degradantes.
    Linda e algo enigmática a imagem, bem como o poema contínuo.
    Gostei de ambos.

    Um abraço

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    1. Um comentário que registo e tomo em conta pela mensagem de pacificação.
      Satisfaz-me que tenha sido do seu agrado.
      Um abraço.

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  6. Um poema de esperança e amor.
    Tão belo isto!
    Gostei deveras.
    Bom Fim-se-semana com saúde.
    Um beijo
    :)

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