Foto de Augusto Rodrigues
O regresso do trabalho
Passeiam o sono nas encostas
de um banco de jardim com persistência
há um sonho sob as suas boinas
um sonho que envelheceu
nas suas mãos forradas dos calos do trabalho
um dia deram conta de que ainda
eram meninos com afã de homens
que a vida não parava para reinação de criança
ainda guardam os anos perdidos
dentro da velha marmita de todos os dias
há uma noite densa em cada sono fora do lugar
de preferência ao sol para recordar
o que é o corpo suado do trabalho
e despertar é como afirmar em público que a hora
de dormir para sempre ainda não chegou
no regresso a casa hoje é dia
de iluminar os olhos com a luz
guardada na caixa das velhas fotografias da vida
com a cara encostada à saudade que com ele respira.
A fotografia lembra o neo realismo italiano.
ResponderEliminarO poema descreve convincentemente essa época.
Sobre a imagem estou de acordo, era a época em que também tínhamos o nosso neo realismo.
EliminarUm cenário cinematografico
EliminarO filme dos trabalhadores explorados.
EliminarUma época nada longínqua em que a idade pouco importava e tinha de trabalhar para ajudar na precariedade da família, muitas vezes sem qualquer regalias e ou condições e rapidamente tinham que se tornarem adultos à força.
ResponderEliminarMudam os tempos, mudam-se as vontades e hoje queixam-se por tudo e por nada porque trabalhar faz calos, já para não falar do lado negro da exploração dos que procuram refugio em Portugal. Estes sim têm motivos para se queixarem, mas não se queixam.. Gostei da foto!
Beijos e um bom dia
A exploração continua a existir enquanto houver homens que vivem na opulência e amealham fortunas à custa do trabalho de outros homens. O protesto de quem trabalha é justo e tem a mesma génese dos que procuram refúgio em Portugal.
EliminarBom Dia, um abraço.
Deixei um comentário que desapareceu.
ResponderEliminarVamos ver se consigo paciência para o reescrever.
Dizia eu que o poema casa bem com a foto de um tempo distante e que actualmente a hora de dormir para sempre não tem a brevidade do tempo de então. E dizia mais, muito mais, mas uma gralha e a tentativa de a corrigir levou-me tudo.
Tenho pena, mas o encanto com que comecei a escrever e a dissertar sobre o tema referente à vida dos trabalhores de hoje e dos do tempo que a foto ilustra, é muito grande. E ainda bem!
A diferença é que o incitamento dos sindicatos a consecutivas reivindicações está a matar as micro e pequenas empresas...
Só quem viveu e sentiu na pele as agruras dos tempos duros da injustiça laboral e dos saláruios miseráveis, sabe quãos diferentes são os dias actuais.
Um abraço
Céus!!!! Corrijo. salários e quão...Hoje, estou em dia não...
EliminarJanita
O seu comentário aflora uma questão de carácter político que requer um longo debate e que neste espaço não há condições para o fazer. No entanto ainda lhe posso dizer que nunca tomarei uma posição contra os sindicatos pois são as organizações que os trabalhadores têm para lutarem contra a exploração de que são vítimas e que cada vez tem aspectos mais sofisticados.
EliminarAgradeço a sinceridade.
Um abraço.