Apetece-me chamar a este texto poético, algo trágico: "Escrito Com Sangue". Lá está, entre dois males escolhemos sempre o menor... Sem dúvida: o que arde cura e o que aperta, segura!
A esta estrondosa metáfora veio-me logo à ideia isto e é o meu comentário:
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. Fernando Pessoa A foto: levou-me ao avião que durante duas horas e meia andou aqui por cima às voltas:)))) Abraços e um bom dia
Este comentário quer dizer que há palavras que a nossa memória regista e há momentos em que elas despertam. Soube desse avião que assustou pessoas, sobretudo as que não gostam de andar "nessas coisas". Bom Dia, um abraço.
Bom, o poema é, no mínimo, surpreendente - para mim, claro - e a imagem, estranhamente bela... Soubesse eu e ter-lha-ia pedido emprestada para ilustrar o soneto que hoje editei.
E agora a a propósito do AUTOPSICOGRAFIA que a Fatyly nos trouxe, recordo que no meu penúltimo soneto, INTERMEZZO, houve quem descobrisse uma dor existencial onde o que me afligia era uma bruta e muito prosaica dor de dentes... As minhas pequenas desavenças com a Musa não são propriamente dolorosas, a menos que eu lhe perca o rasto durante tanto tempo que acabe por me não reconhecer em mim mesma. Nada tenho de masoquista, mas quando a dor física me encurrala, desafio-a com a mesma temeridade com que desafio a morte. Não escapo a uma nem a outra, mas também não me vergo a nenhuma delas. Fui adquirindo, com a experiência, ferramentas muitíssimo eficazes no que toca a criar arte a partir do inevitável ;)
As suas dores, as reais, as físicas são um flagelo com as quais aprendeu a lidar. Quanto à Musa faça-se difícil e não lhe ligue, pegue num livro de poesia de outro autor e vai ver como ela volta... com ciúmes. Um abraço, as melhoras.
Rsrsrsrs... e não é que o que me aconselhou acaba de acontecer? Li um soneto de Gonçalves Crespo depois uma bela glosa do Sustelo a esse soneto e... quase a senti cair-me em cima! Minutos depois tinha escrito a minha própria versão do Mater Dolorosa. Edito-o amanhã, antes de sair para o hospital. Obrigada e outro abraço!
A atração da dor e do masoquismo
ResponderEliminarUma metáfora.
EliminarApetece-me chamar a este texto poético, algo trágico: "Escrito Com Sangue".
ResponderEliminarLá está, entre dois males escolhemos sempre o menor...
Sem dúvida: o que arde cura e o que aperta, segura!
Abraço.
O sangue que por vezes as verdades provocam.
EliminarO amplexo habitual.
Enquanto há vida...há esperança.
EliminarQuem sabe, um dia, o amplexo vem acompanhado do ósculo imprevisível...?
A cura por vezes passa pela dor.
ResponderEliminarBelo poema, gostei.
Boa semana, caro Luís.
Um abraço.
Sem dúvida.
EliminarUm abraço Jaime.
A esta estrondosa metáfora veio-me logo à ideia isto e é o meu comentário:
ResponderEliminarAUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa
A foto: levou-me ao avião que durante duas horas e meia andou aqui por cima às voltas:))))
Abraços e um bom dia
Este comentário quer dizer que há palavras que a nossa memória regista e há momentos em que elas despertam.
EliminarSoube desse avião que assustou pessoas, sobretudo as que não gostam de andar "nessas coisas".
Bom Dia, um abraço.
Que raio de coincidências! :)
ResponderEliminarBom, o poema é, no mínimo, surpreendente - para mim, claro - e a imagem, estranhamente bela... Soubesse eu e ter-lha-ia pedido emprestada para ilustrar o soneto que hoje editei.
E agora a a propósito do AUTOPSICOGRAFIA que a Fatyly nos trouxe, recordo que no meu penúltimo soneto, INTERMEZZO, houve quem descobrisse uma dor existencial onde o que me afligia era uma bruta e muito prosaica dor de dentes... As minhas pequenas desavenças com a Musa não são propriamente dolorosas, a menos que eu lhe perca o rasto durante tanto tempo que acabe por me não reconhecer em mim mesma.
Nada tenho de masoquista, mas quando a dor física me encurrala, desafio-a com a mesma temeridade com que desafio a morte. Não escapo a uma nem a outra, mas também não me vergo a nenhuma delas. Fui adquirindo, com a experiência, ferramentas muitíssimo eficazes no que toca a criar arte a partir do inevitável ;)
Forte abraço, L.
As suas dores, as reais, as físicas são um flagelo com as quais aprendeu a lidar.
EliminarQuanto à Musa faça-se difícil e não lhe ligue, pegue num livro de poesia de outro autor e vai ver como ela volta... com ciúmes.
Um abraço, as melhoras.
Rsrsrsrs... e não é que o que me aconselhou acaba de acontecer? Li um soneto de Gonçalves Crespo depois uma bela glosa do Sustelo a esse soneto e... quase a senti cair-me em cima! Minutos depois tinha escrito a minha própria versão do Mater Dolorosa.
EliminarEdito-o amanhã, antes de sair para o hospital.
Obrigada e outro abraço!
É uma receita que eu utilizo muito.
EliminarAinda bem. Um abraço.
Um novelo...quase que se lhe vê o princípio
ResponderEliminare o fim, mas muito ténues.
Abraço
Olinda
É verdade, nem eu tinha visto esse pormenor.
EliminarUm abraço também.
para curar, tem que haver a dor.
ResponderEliminaré um facto!
:(
Sentimos isso... às vezes.
EliminarUm abraço.