Passeios na relva
Gosto de caminhar sobre a relva
molhada ___ de preferência
não arrasto os pés
tento com isso
contornar o silêncio
Depois sento-me e contemplo
os sapatos molhados
os mais claros que tinha
assim as marcas da água
são mais visíveis
Sentado num banco de jardim
a olhar os sapatos molhados
___ quem passa
confunde-me com um velho
dobrado sobre a tristeza óssea
da sua velhice
Os melros também me rondam
esses pássaros pretos da cidade
alimentam esperanças
de que eu os alimente
esperam que abra a mão
e deixe cair miolos de pão a brilhar
E eu continuo aqui sentado
à espera ___ tanto tempo depois
já nem sei bem de quem ou de quê
por isso passeio na relva molhada
para matar o tempo.
Sento-me de novo e amparo
uma lágrima que o vento chamou.
Final chamado de vinho de reserva
ResponderEliminarEspecial
Vinho é artigo que não existe na minha casa.
EliminarUm poema muito belo e simultâneamente triste.
ResponderEliminarUm poema a que eu daria, ou melhor, dou, o título:
"Momentos da Vida de um Poeta"
Um abraço.
Um título adequado. Obrigado, foi simpática a sua apreciação.
EliminarUm abraço.
Poesia velata di tristezza ma davvero bella!!! Complimenti. Buon pomeriggio.
ResponderEliminarUn bel commento che apprezzo. Buon fine settimana, un abbraccio.
EliminarGostei imenso e é o que faz tanta gente na solidão. Toma um lenço e enxuga a lágrima e volta de novo a andar na relva sem sapatos e sendo tu muito sensível (acho eu) enquanto te picas esqueces o que deves esquecer, A foto é lindíssima.
ResponderEliminarAbraços e uma boa noite
Aí está uma solução sensata, quando temos dores no corpo esquecemos as da alma. Será?
EliminarUm abraço.
É mesmo isso:)
EliminarUm poema desolador.
ResponderEliminarO poeta soube lhe dar um sentido, mas, a velhice não precisa forçosamente de ser assim tão triste.
A lágrima que o vento plantou, deixa que o mesmo a seque.
E amanhã será outro amanhecer
:(
Amanhã, será outro amanhecer, é certo, mas estaremos ainda mais velhos.
EliminarUm abraço.