Foto de Daniel Filipe Rodrigues




Não desistimos

É hora de jantar
à mesa estamos todos
menos um

o teu lugar ali está ainda
não sabemos se voltarás mas
a vida por vezes surpreende-nos
E porque não a noite também? 

Não temos a certeza que não venhas
foi há tantos anos
mas regressaste sempre
e agora ainda não nos disseste
que tinhas desistido

Morremos agora de saudade
mas também não te vamos dizer 
que desistimos

Talvez leias este poema
e venhas ___ uma destas noites
jantar connosco.



 

23 comentários:

  1. Fosse porque ainda me sinta imbuída pelo espírito infantil que de mim se apoderou, fosse pela magia que emana da fotografia, quando li o poema senti-me e senti-as, as palavras, completamente deslocadas da imagem.
    Mal bati os olhos nessas cadeirinhas com o coração no espaldar, bem como todos os pormenores da mesa, candeeiros e tudo o resto, só me veio à ideia a sala de jantar da Branca de Neve e dos sete anões.

    Tomara que ela o leia e regresse, a cena é irresistível... :)

    Um abraço.

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  2. Finalmente! :) Com um carregador emprestado por um amigo e com o "router" ensandecido por motivos que desconheço, de vez em quando, lá consigo uns segundos de ligação... Li num abrir e fechar de olhos, sempre receosa de ver apagarem-se as luzinhas do "router", mas, por compreensível fraqueza humana, não consegui deixar de associar este poema à minha prolongada ausência.

    Venho para almoçar convosco. Pode ser?

    Forte abraço, L.!

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    1. Saúdo o seu regresso que, afinal, se deve à maquinaria da net e não à sua saúde.
      É sempre bem recebida.
      Um abraço.

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  3. Ui, ui se eu fosse ela não ia porque se fosse e me deparasse com uma mesa cheia de rococós doutros tempos, fugia pela janela para a natureza:))))) A ausência quando persiste é tramada para quem espera que deveria já ter feito "a cura" para restar uma saudade saudável.

    Beijos e um bom dia

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  4. Já vi uma mesa idêntica num museu regional cá da terra 🇩🇪 com as mesmas cadeiras, terrinas, mesmos castiçais, candeeiros and so on …

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  5. Já vi uma mesa dessa num desses museus que eu fui. Não me lembro onde mas me lembro de sentir saudades . Nem sei bem do quê , mas a sua poesia me deu uma certeza...Eu nunca vivi essa estória. Parabéns!

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    1. Curioso e interessante este seu comentário. Importante para o autor é ter provocado algum tipo de sensação.
      Obrigado.

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  6. Comentário de Piedade Araújo Sol recebido por mail:

    um poema de saudade e de espera.
    talvez....um dia!
    quem sabe...
    gostei da foto.

    :)

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  7. O apelo à não desistência.
    De quem espera pela noite para o reencontro.
    Se regressou sempre....
    Um dia irá jantar!
    Como se fosse a palavra dada a vocês mesmos, há tantos anos...

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    1. Uma espera talvez inútil, que não admite a realidade.

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    2. "Vivemos tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança." Hannah Arendt
      Somos nós que criamos a realidade!
      Apenas uma ausência é aceitável - a morte como axioma!

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    3. Muito interessante este seu comentário, retenho as palavras, as suas e as de Hannah Arendt que decerto se surpreenderia (ou não) com esta actualidade... se ainda fosse viva.

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    4. A actualidade da filósofa alemã era muitíssimo mais cruel do que a nossa actualidade — a destruição quase total do seu povo.
      O meu 💙 é realmente reconhecível 💙

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    5. A crueldade de hoje é, além da física, também a intelectual e psicológica.

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    6. A crueldade daquele tempo era física, intelectual e psicológica.

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    7. De acordo. Sem querer ser polémico, hoje, com o advento da Internet, a violência intelectual e psicológica tornou-se mais sofisticada e menos identificável pelo homem comum.

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    8. Eu não me refiro à crueldade do homem comum. Eu refiro-me à crueldade do Terceiro Reino 💀

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