Foto de Daniel Filipe Rodrigues





Esteja onde estiver

Quando digo
     Até amanhã! 
esteja onde estiver 
marco no calendário 
que trago na memória 
a letra do teu nome

Foram as últimas palavras
antes do desencontro
e isso ficou em mim
como um vício 

     Até amanhã! 

esteja onde estiver

     num barco que se afasta

     no desencontro de um olhar

     no silvo de um comboio

     numa janela acenando

     numa resposta desentendida

esteja onde estiver

perco-me em jogos de palavras

     num silvo que se afasta

     no desencontro de um comboio

     num olhar desentendido

     num barco acenando

     numa janela sem resposta


Esteja onde estiver

esta dor no peito

há-de castigar-me

de tantas despedidas

     Até amanhã!





20 comentários:

  1. Digo até amanhã do Castelo de Rosenborg 🇩🇰

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    1. Conheço muitíssimo bem o Hamburgo, mas não me lembra desta torre.
      Ao ver a fotografia lembrei-me do Castelo de Rosenborg.
      Teresa

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    2. A Câmara de Hamburgo é, sem dúvida, uma das mais belas de toda a Alemanha.
      Claro que conheço a Câmara de Hamburgo, mas deixei-me influenciar pela cidade onde vive o seu filho mais velho.
      Aproveito para retirar o „o“ antes de Hamburgo no comentário anterior.
      Teresa Palmira Hoffbauer

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    3. É compreensível que tenha confundido dado que estas torres são semelhantes.

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    4. Embora tenha andado perdida pela torre, não significa que não tenha gostado do poema desta noite.
      A minha dor no peito é de um „até sempre“

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  2. Perdi-me totalmente neste silvo do teu comboio/coração e mandei parar e parou mesmo. Respirei fundo e tento sorrir e lá fui eu feita de toda a espécie no balão de sabão como a da foto. Resumindo a vida é feita de encontros e desencontros, de partidas e despedidas mas eu dou-lhes a volta com muita pinta nem que seja a martelo :)))
    O meu até amanhã resumo numa palavra tão minha e que não esqueço..."inté"
    Gostei de vir aqui.
    Beijos e um bom dia

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    1. É preciosa essa boa disposição, uma forma de resistência aos momentos mais difíceis da vida, como quem diz "a martelar os pregos da tristeza".
      Obrigado pela visita e pela nota de agrado.
      Um abraço.

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  3. A imagem é bela - e muito interessante... - , mas foi o poema que mais me impressionou porque traz consigo uma tal carga de angustiada culpa (?) - assim o li... - que me foi difícil imaginar a causa de tanta angústia.

    Digo "até amanhã" ao M.R., quase todos os dias, ao senhor C. L. que me vem trazer o almoço, todos os dias excepto aos fins de semana e vésperas de feriado e aos meus três ou quatro companheiros de café, quando lá vou. É sempre tão leve quanto essas bolhas de sabão, o meu "até amanhã", mesmo que me sinta tão mal que pressinta que esse amanhã pode nunca chegar a materializar-se.
    Desculpe-me por falar tanto de mim, mas é como se a sua poesia me instasse a fazê-lo...

    Forte abraço, L.!

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    1. Registo com agrado a sua sinceridade que, sem dúvida, dá mais conteúdo ao que aqui se publica. É compensador para mim ler a última frase do seu comentário.
      Um abraço também para si.

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  4. Neste perder-se em jogos de palavras consegue o autor compensar, na emoção que nos passa, a impessoalidade fria da imagem.
    Gostei muito deste poema. Ofuscou completamente a imponência dessa Torre.
    Até amanhã, mesmo sem ter a certeza de vir ou estar, é sempre um raio de luz e esperança, bem diferente de um "Adeus".
    Muito bom e muito bem pensado.

    Um abraço.

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    1. Embora fria, achei a imagem muito curiosa e poética.
      Dizemos sempre até amanhã mesmo sem o poder absoluto de decidir que assim seja.
      Vou estando por aqui.
      Um abraço.

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  5. Gosto da foto, especialmente pela contradição entre a majestosa e pesada torre e a leveza e simplicidades das bolas de sabão, ambas desafiando o tempo.
    O poema, é intenso, revela uma saudade angustiante, que o até amanhã tenta mascarar. Porque diferente do adeus que parece o ponto final de qualquer despedida, quando dizemos até amanhã, dizemo-lo pensando na separação curta de algumas horas, ( embora todos saibamos que a vida se pode acabar em minutos, não pensamos nisso quando o dizemos, do mesmo modo que não pensamos que não vamos chegar a acordar quando à noite pomos o relógio a despertar para a manhã seguinte). Mas tal como a torre e as bolas de sabão, também o até amanhã está em contradição com a angústia revelada no poema.
    Abraço e saúde e bom fim de semana

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    1. Agradeço a profundidade do seu comentário, uma análise que leio várias vezes. A vida é, de facto, surpreendente tanto para o bom como para o mau.
      Amanhã cá estaremos, pelo menos é o que desejamos.
      Bom fim de semana.
      Um abraço.

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  6. Las despedidas son dolorosas y sobretodo sin tener noticias de esa persona.
    Feliz fin de semana. Besos.

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  7. Caro Poeta/Pintor
    também é a minha frase de despedida sou incapaz de dizer Adeus.
    até amanhã é mais suave.
    Bom fim-de-semana
    :)

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