O regresso ao silêncio
Um cigarro curto
num aeroporto antes do regresso
a vida exposta aos malefícios
de estar sozinho
a mala entre as pernas
a dor do costume nas costas
ou noutra fracção qualquer do corpo.
Num aeroporto antes do regresso
famílias apressadas
puxando pelos filhos sonolentos
casais louros vestidos de férias
com o amor dentro das mochilas
O regresso sozinho
à máquina de lavar roupa
que apagará os vestígios das férias
ao cheiro da sopa num único prato
redondo como a vertigem
da máquina de lavar
E isso que importa?
entrelaço as mãos uma na outra
sei que a minha cidade
já está a arder
voltarei para os escombros
e continuarei sozinho
até me chamarem.
Amesterdão 2027
Da série "Poemas do futuro"
Amesterdão 2027
ResponderEliminarUm poema do futuro que descreve um regresso de férias ano 2022.
O vídeo é impressionante … imaginei que ia aterrar no meu terraço.
Vivo perto do aeroporto internacional de Düsseldorf.
Regresso ao silêncio 🤫
Uma aeronave que nos trás de regresso ao silêncio, em 2027.
EliminarMuito me diz, poeta!!
EliminarRegressar de férias é um convite a ser-se proativo.
ResponderEliminarSer mais um a debelar o caos, dar as mãos por um coletivo melhor.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
Antecipadamente ver o futuro de forma poetica não é muoto frequente
ResponderEliminar🙂
Projectamo-nos para um tempo em que, não sabemos, se lá estaremos.
EliminarPara este poema tenho esta velha frase: "O que é bom acaba depressa e volta--se mais cansado do que fomos". Acreditas que nunca tive férias enquanto trabalhava porque aproveitava outros trabalhinhos para fazer face às despesas de ter sido pai e mãe? Hoje considero férias o ir para casa da filha, ficar uns dias para que os cães não fiquem sós, até eles regressarem de férias.
ResponderEliminarO Vídeo está magnífico e tenho imensas saudades de andar de avião.
Beijos e um bom dia
O texto trata, precisamente, esse regresso.
EliminarUm abraço.
Um poema muito belo no qual se viaja para um presente solitário que se lhe afigura duro, difícil de suportar, magoado, L.
ResponderEliminarConforma-se, no entanto. Ou não?
Um forte abraço!
O objectivo do texto é esse mesmo, dizer hoje o que também será amanhã.
EliminarConformamo-nos... não há alternativa.
Um abraço.
Comentário de Janita recebido por mail :
ResponderEliminarNeste poema vemos - descrito com mestria - o ambiente que se vive nos aeroportos, e os sentimentos também... mais não necessito acrescentar.
Também eu já me resignei a voltar para o meu canto e ficar sozinha, até à minha partida derradeira.
Quanto ao vídeo, já o vi aqui anteriormente numa referência ao mesmo tema.
Como o avião se prepara para aterrar...esperemos então a chegada, de preferência antes de 2027.
Aguardo também e ainda, mais poemas da série "Poemas do Futuro".
Aguardar é a minha sina... :)
Um abraço solidário.
É isso, fala quem sabe, quem sente.
ResponderEliminarO avião anda nas "nuvens" difícil é aterrar.
Um abraço.
Um poema real e muito melancólico.
ResponderEliminarDiria até cruel.
Não devia ser assim (a realidade) mas é.
O video bem escolhido.
Saio demasiado impressionada com este poema.
:(
A vida tem momentos que se aproximam da ficção.
EliminarUm abraço.
Pesa mucho la soledad, cuando no es buscada. Hay momentos que necesitas la soledad, pero no de forma continuada.
ResponderEliminarBesos.
Toda la razón, somos nosotros los que elegimos cuando estar solos. Un abrazo.
EliminarComentário de Elvira Carvalho recebido por mail:
ResponderEliminarUm poema que relata um regresso, a uma vida de solidão. A triste realidade de muita gente. Em 2027 não sei, mas em 2022 sim.
Abraço e saúde
O futuro não é animador.
EliminarUm abraço.