Ferreiro das memórias
Trabalho na bigorna
as tuas palavras
os teus sorrisos
mas também o despeito
e o ranger de dentes
Chego ao lume o ferro
que me apresentas
e em brasa o compreendo
com o meu martelo
desesperado
Trabalho na bigorna
as tuas palavras
os teus sorrisos
durante um tempo ___
___ faísca sobre faísca
Incapaz de lhes dar forma
vou deixar que ardam na fornalha
o teu despeito
e o teu ranger de dentes
até as brasas se apagarem.
Gijón, Astúrias 2030
Da série "Poemas do futuro"
Meu tormento
ResponderEliminaré a carpintaria
a polaina não cortava
a serra não tinha trava
a madeira rachava
a custo
lá construí a cruz
a ti ferreiro compete-te Jesus
em aço fundido
bem trabalhado
de modo a que se reconheça Cristo
Estamos na luta, cada um com as suas possibilidades mas acreditando sempre.
EliminarO Rogério regressou da melhor forma.
EliminarEu não reconheço Cristo.
Reconheço os meus dois amigos: Luís e Rogério.
Pela parte que me toca, é uma deferência que registo.
EliminarÉ o que deve fazer às memórias corrosivas que só dão cabo de qualquer pessoa. Gostei!!!
ResponderEliminarDesde já pedindo desculpa a tua pintura não me suscitou nenhuma emoção e nem consigo ligar ao poema.
Já agora fiquei "marada" porquê Astúrias 2030? Vai acabar o mundo?:)
Um enorme abraço de bom dia
As memórias, todas, as tristes, as dolorosas, as corrosivas, são fonte de inspiração.
EliminarAstúrias 2023, ou outro lugar qualquer, noutra data qualquer, a nossa imaginação é a nossa salvação.
Um abraço.
Neste meu/nosso ofício de tecer palavras e/ou moldá-las, muitas vezes me senti tecelã, marinheira, agricultora, oleira, carpinteira e tantas outras coisas. Nunca antes me tinha ocorrido ser ferreira...
ResponderEliminarO poema ganha força quando martelado na bigorna. Gostei muito, L.!
Forte abraço!
Somos ferreiros e ferro incandescente ao mesmo tempo.
EliminarUm abraço.
Teresa Palmira Hoffbauer
ResponderEliminarO poema ganhou força quando o martelei na minha memória depois de o ler várias vezes em voz alta.
Na aguarela vejo o futuro da velha EUROPA.
O futuro da Europa, parece, poder ser um braseiro.
EliminarTeresa Palmira Hoffbauer
EliminarA faísca vai na direção de uma EUROPA moribunda.
Faço votos de que estejamos enganados.
EliminarPode o Poeta ser mais alto, ser maior,
ResponderEliminarporém, nunca serão as suas professias poéticas
as certezas do que acontecerá no Futuro.
Esteja ele nas Astúrias, esteja preso no enclave
entre a serra e o mar, dos seus desejos...
Para acreditar em premonições há que crer num ser superior, é preciso ter fé,
quem não tiver...somente blasfema!
( A bigorna onde se malha o Mal também serve para moldar o Sofrível... até o transformar no Bem.)
Um abraço. 🤗
Viver sem fé é um caminho que se faz, aos poucos, procurando a explicação a que a filosofia nos conduz. Quem inventou os deuses foi o homem, daí o termo "blasfémia" ficar amputado dessa significação ofensiva contra um hipotético Deus. Respeito quem tem fé mas, quem não tem, também deve ser respeitado, sobretudo porque está mais próximo da coerência. Apenas acredito no homem.
EliminarUm abraço.
...Quem não tem fé, acredita na 'coerência? Qual? Na dos filósofos? Tristes os que vivem sem Fé.
EliminarJá eu, cada vez acredito menos no ser humano....
Boa noite.
Pode parecer-lhe que não, mas respeito todas as crenças e até as descrenças, ainda que não acredite que a coerência esteja na descrença. Não acredito é em crendices, coisa bem diferente de crença. Há filósofos que analisam a vida com base na ciência, no entanto, e tal como eu, crêem na existência de algo superior à força e à vontade humana. Quiseram chamar-lhe Deus? Que chamem!
EliminarUm abraço.
Seria fastidioso e incómodo continuar a contestar, nunca chegaríamos a nenhum ponto de encontro.
EliminarPrezo as suas opiniões.
Os meus respeitos e um abraço.