Foto de Daniel Filipe Rodrigues



 

Da série "Poemas do futuro" 


 

Maio paralisado 


Sobre a minha mesa de trabalho 

conservo um calendário paralisado 

naquele mês de maio ___

___ o mesmo mês em que ouvirei 

a sirene de um navio ___ distante

em que partirás de encontro à noite 


Uma noite como a de hoje 

que se adivinha na quebra da luz 

e em que te digo 

com os pulsos a latejar


          dorme comigo esta noite 

          depois fugiremos para Casablanca 

          ou para o fim do mundo 

          se descobrirmos onde isso fica 


Naquele mês de maio paralisado 

sobre a minha mesa de trabalho 

há o peso de uma fronteira 

o choro sobre o que há-de vir 

o esquecimento da noite inicial


Deverás partir quanto antes 

dentro em pouco 

os rios serão apenas um fio de água. 


 

Lisboa 2029




 

-

25 comentários:

  1. Anónimo8 de setembro de 2022 às 08:26

    Certo.
    A maré baixa e eu ficarei paralisado...
    Até já!

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  2. Anónimo8 de setembro de 2022 às 09:18

    Teresa Palmira Hoffbauer

    Casablanca?! Disparate!!
    Fujam para Düsseldorf e participem na festa do meu aniversário 🎂

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    1. brancas nuvens negras8 de setembro de 2022 às 09:29

      Talvez seja mais divertido mas, não tem o envolvimento poético de Casablanca.

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    2. Anónimo8 de setembro de 2022 às 09:44

      Teresa Palmira Hoffbauer

      Ainda de cabelos compridos (cabelos compridos … ideias curtas) escrevi o comentário.
      Quando regressar de cabelo curto, tenho uma visão mais inteligente.
      Então, o meu comentário vai ser um outro.

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    3. brancas nuvens negras8 de setembro de 2022 às 10:07

      Um comentário que depende do comprimento do cabelo. Uma ideia inédita.

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    4. Anónimo8 de setembro de 2022 às 10:18

      Teresa Palmira Hoffbauer

      “A mulher é um animal de cabelos longos e ideias curtas.”
      Arthur Schopenhauer

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    5. brancas nuvens negras8 de setembro de 2022 às 10:19

      Se ele dissesse isso hoje num canal de TV... era crucificado.

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    6. Anónimo8 de setembro de 2022 às 10:27

      Teresa Palmira Hoffbauer

      Embora Arthur Schopenhauer fosse um animal filósofo intolerável, prefiro mil vezes as suas palavras
      às parvoíces dos tugas dos canais da TV, especialmente da TV portuguesa.

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  3. Fatyly8 de setembro de 2022 às 10:20

    Tão triste e com imensa neblina que detesto e saio de mansinho não vá chocar as mentes brilhantes:))))
    Beijos e um bom dia

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    1. brancas nuvens negras8 de setembro de 2022 às 13:00

      Este é um lugar de diálogo, ninguém se deve chocar desde que os intervenientes respeitem as posições alheias
      Bem vinda.
      Um abraço.

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  4. Anónimo8 de setembro de 2022 às 11:00

    Teresa Palmira Hoffbauer

    A fotografia é linda de morrer e expressa exatamente a minha melancolia, esta manhã, ao ver chover 🌧

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  5. brancas nuvens negras8 de setembro de 2022 às 13:03

    Ninguém sabe como será o futuro mas, compete-nos fazer previsões, desde que se analise o passado.
    Um abraço.

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  6. Janita8 de setembro de 2022 às 15:21

    Se é para poetisar o Futuro, pois que se poetise. Pode parecer difícil, porém, não será tanto quanto se imagina.
    O Futuro terá sempre a ver com exemplos e ligações com os actos e acontecimentos do Passado. Só o Presente é livre...
    Gostei muitíssimo da fotografia das casas envoltas em neblina. Só não lhes chamo 'flutuantes' porque estão/estarão, assentes em estrutura fixas sob a água.

    Não deixarei um abraço para não ser cansativa e melada, ( coisa que detesto ) uma vez que o deixei agora mesmo no post anterior.

    Um resto de dia bom!

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    1. brancas nuvens negras8 de setembro de 2022 às 15:54

      As nossas previsões pessoais quanto ao futuro, serão sempre segundo a nossa experiência. Quanto à poesia a falar do futuro, será o que a nossa imaginação alcançar.
      Um abraço.

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  7. Olinda Melo8 de setembro de 2022 às 18:25

    Maio de '68?
    É natural que projectemos no Futuro os
    nossos sonhos e preocupações. Tanto pode ser em 2029 como
    no instante seguinte. Ainda que, como diz alguém, o instante não
    exista, pois isso representaria o Presente.
    Abraço
    Olinda

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    1. brancas nuvens negras8 de setembro de 2022 às 18:59

      Um comentário que revela um pensamento com o qual concordo.
      Um abraço.

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  8. Elvira Carvalho8 de setembro de 2022 às 22:11

    Gosto muito da foto. E não sei se entendi o poema. Parece-me que o poeta viajou entre o passado e o futuro transportando sentimentos que não são de esperança e muito menos felizes.
    Abraço e saúde

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    1. brancas nuvens negras8 de setembro de 2022 às 22:29

      No futuro relembrando o passado, certa a sua interpretação.
      Um abraço.

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  9. Rogério G.V. Pereira8 de setembro de 2022 às 23:34

    " « dorme comigo esta noite
    depois fugiremos para Casablanca
    ou para o fim do mundo
    se descobrirmos onde isso fica

    Em 2029, não será tarde demais?





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  10. lis8 de setembro de 2022 às 23:40

    A neblina tem um quê de mistério tanto quanto o poema.
    Os dois combinando sutilmente imprimindo melancolia e antevisão.
    Gosto , L
    _ também dos abraços que te mando

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  11. © Piedade Araújo Sol (Pity)10 de setembro de 2022 às 17:02

    Boa tarde CaroPoeta/Pintor
    O poema (do futuro)melancolico e misterioso, condiz muito bem com a excelente foto.
    Muito meditativo este trabalho.
    Desejo um óptimo fim-de- semana com muita saúde.
    :)

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    1. brancas nuvens negras10 de setembro de 2022 às 17:29

      Obrigado por ter vindo.
      Bom fim de semana também para si.
      Um abraço.

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