Da série "Poemas do futuro"
Volto ao passado
Vou escrever-te uma carta
com todos os preceitos que se usavam
começo com uma data antiga
talvez o dia dos teus anos
e saúdo-te
esperando que estejas bem,
eu vou andando
nuns dias melhor do que noutros
era assim o começo das cartas
Depois passo para a terceira página ___
___ como mandava a regra
onde te darei notícia do que de novo
aconteceu durante a tua ausência ___
___ tão saudosa
Depois passo para a segunda página ___
___ como mandava a regra
onde te darei as novidades e o estado da saúde
dos meus familiares e amigos próximos
Na última página vou despedir-me de ti
longamente com as palavras
saudade ___ de te rever
esperança ___ de que voltes
beijo ___ que te darei no regresso
saúde ___ para o tempo que há-de vir
espera ___ para te receber de braços abertos
até um dia, recebe um abraço deste que não te esquece
Eram assim as despedidas ___
___ tudo o que interessa é o princípio e o fim
as novidades são a novela dos dias.
Londres 2031
A série „Poemas do Futuro“ merece uma análise literária cuidada.
ResponderEliminarTodavia, após a leitura disse para comigo „eu nunca escrevi ou recebi uma carta deste jeito“.
As cartas e postais que mandei de Londres eram simplesmente uma descrição das minhas impressões e aventuras,
ou como o poeta escreve „a novela dos dias“ sem o princípio e sem o fim, que nunca me interessou.
Nem tudo é igual para, e com, todos. A particularidade do texto, que pensei ser a mais curiosa, é a forma como dantes se escrevia uma carta nos papéis de quatro folhas. A conclusão é o pensamento, ocasional, do autor.
EliminarNão me identificar com as cartas nos papéis de quatro folhas, não significa que não goste do poema.
EliminarAntes pelo contrário, poeta, esta série „Poemas do Futuro“ tem um contexto universal que me diz respeito.
Sinto-me compensado.
EliminarAs cartas ( e os "bate estradas") que recebi, tinham no princípio, meio e fim, lamechices de jovens apaixonados, numa época em que os hormônios e a testosterona correm soltos pelo sangue como cavalos selvagens na pradaria. Bom, também era o único assunto que podíamos escrever, cartas amorosas, mas sem alusões sexuais, já que essas eram cortadas pela censura, e aquilo que se passava à nossa volta, era assunto tabu e podia pôr-nos a ver o sol aos quadradinhos. É que meu marido sempre foi militar, e fez uma comissão na Guiné, e outra no leste de Angola, enquanto trocávamos cartas. Depois de casados, sempre o acompanhei e então pude ver com os meus olhos aquilo que ele nunca me disse por carta. Muito interessante o poema e eu ainda usei canetas de aparo.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
Tudo como era antigamente.
EliminarUm abraço.
Esta sua volta ao passado remeteu-me, de imediato, para dois temas que foram musicados: o Postal dos Correios, do Rui veloso com letra do João Monge e Carta de Longe, poema do meu avô António de Sousa cantado pelo Menano ...
ResponderEliminarA este último, reencontrei-o no Youtube, infelizmente sem qualquer menção ao seu autor. Infelizmente, também, desapareceu nalgum canto do tempo o disco "His Master`s Voice" que cresci a ouvir.
Como vê, L., o seu poema ecoou profundamente, tanto em mim como na Elvira, e levou-nos a falar das nossas próprias recordações...
Forte abraço!
Só me ocorre o mesmo comentário com que acusei a recepção do comentário da Elvira.
EliminarTudo como era... antigamente.
Um abraço.
Já eu - que não trago mais nada no pensamento - todas as despedidas me levam até Londres, mas no presente, ou melhor, ao dia 08-09-2022. Posso, não posso?
ResponderEliminarUm abraço
PS- Copiei e inverti a imagem para conseguir ler bem a frase e nem mesmo assim: "Papel......preenchido? a lápis.... desenho?"
Pode, claro que pode, não sei bem o quê... mas pode.
EliminarOs seus dotes de investigadora estão sempre presentes, acho que é isso mesmo que lá está escrito.
Um abraço.
EliminarPÓSTUMA RAINHA ELIZABETH
Rainha Elizabeth, um enigma além de toda controvérsia.
Onde está o enigma?
EliminarA referência da nossa amiga Janita, que o Luís não compreendeu, é a despedida de Elizabeth ||
EliminarAh, agora compreendi, mas como desliguei dessa avalanche de notícias, nem me lembrei.
EliminarLeio com a costumada atenção
ResponderEliminarVerso a verso
Palavra a palavra
e
no fim, tropeço na data
2031
nesse vindouro tempo
não haverá lugar para qualquer carta
e
até me pergunto
se haverá Mundo
Talvez, sim
mas outro onde tua palavras não farão sentido