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Da série "Poemas do futuro"




Volto ao passado 


Vou escrever-te uma carta 

com todos os preceitos que se usavam 


começo com uma data antiga 

talvez o dia dos teus anos 


     e saúdo-te 

     esperando que estejas bem, 

     eu vou andando 

     nuns dias melhor do que noutros 


era assim o começo das cartas 


Depois passo para a terceira página ___ 

___ como mandava a regra 

onde te darei notícia do que de novo 

aconteceu durante a tua ausência ___

___ tão saudosa 


Depois passo para a segunda página ___ 

___ como mandava a regra  

onde te darei as novidades e o estado da saúde 

dos meus familiares e amigos próximos 


Na última página vou despedir-me de ti 

longamente com as palavras 

     saudade ___ de te rever

     esperança ___ de que voltes

     beijo ___ que te darei no regresso

     saúde ___ para o tempo que há-de vir

     espera ___ para te receber de braços abertos

     

     até um dia, recebe um abraço deste que não te esquece 


Eram assim as despedidas ___

___ tudo o que interessa é o princípio e o fim 

as novidades são a novela dos dias. 




Londres 2031




 

15 comentários:

  1. Teresa Palmira Hoffbauer9 de setembro de 2022 às 09:22

    A série „Poemas do Futuro“ merece uma análise literária cuidada.
    Todavia, após a leitura disse para comigo „eu nunca escrevi ou recebi uma carta deste jeito“.
    As cartas e postais que mandei de Londres eram simplesmente uma descrição das minhas impressões e aventuras,
    ou como o poeta escreve „a novela dos dias“ sem o princípio e sem o fim, que nunca me interessou.

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    1. Nem tudo é igual para, e com, todos. A particularidade do texto, que pensei ser a mais curiosa, é a forma como dantes se escrevia uma carta nos papéis de quatro folhas. A conclusão é o pensamento, ocasional, do autor.

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    2. Não me identificar com as cartas nos papéis de quatro folhas, não significa que não goste do poema.
      Antes pelo contrário, poeta, esta série „Poemas do Futuro“ tem um contexto universal que me diz respeito.

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  2. As cartas ( e os "bate estradas") que recebi, tinham no princípio, meio e fim, lamechices de jovens apaixonados, numa época em que os hormônios e a testosterona correm soltos pelo sangue como cavalos selvagens na pradaria. Bom, também era o único assunto que podíamos escrever, cartas amorosas, mas sem alusões sexuais, já que essas eram cortadas pela censura, e aquilo que se passava à nossa volta, era assunto tabu e podia pôr-nos a ver o sol aos quadradinhos. É que meu marido sempre foi militar, e fez uma comissão na Guiné, e outra no leste de Angola, enquanto trocávamos cartas. Depois de casados, sempre o acompanhei e então pude ver com os meus olhos aquilo que ele nunca me disse por carta. Muito interessante o poema e eu ainda usei canetas de aparo.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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  3. Esta sua volta ao passado remeteu-me, de imediato, para dois temas que foram musicados: o Postal dos Correios, do Rui veloso com letra do João Monge e Carta de Longe, poema do meu avô António de Sousa cantado pelo Menano ...
    A este último, reencontrei-o no Youtube, infelizmente sem qualquer menção ao seu autor. Infelizmente, também, desapareceu nalgum canto do tempo o disco "His Master`s Voice" que cresci a ouvir.
    Como vê, L., o seu poema ecoou profundamente, tanto em mim como na Elvira, e levou-nos a falar das nossas próprias recordações...

    Forte abraço!

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    1. Só me ocorre o mesmo comentário com que acusei a recepção do comentário da Elvira.
      Tudo como era... antigamente.
      Um abraço.

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  4. Já eu - que não trago mais nada no pensamento - todas as despedidas me levam até Londres, mas no presente, ou melhor, ao dia 08-09-2022. Posso, não posso?
    Um abraço

    PS- Copiei e inverti a imagem para conseguir ler bem a frase e nem mesmo assim: "Papel......preenchido? a lápis.... desenho?"

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    1. Pode, claro que pode, não sei bem o quê... mas pode.
      Os seus dotes de investigadora estão sempre presentes, acho que é isso mesmo que lá está escrito.
      Um abraço.

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    2. Teresa Palmira Hoffbauer9 de setembro de 2022 às 15:10


      PÓSTUMA RAINHA ELIZABETH

      Rainha Elizabeth, um enigma além de toda controvérsia.

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    3. Teresa Palmira Hoffbauer9 de setembro de 2022 às 16:00

      A referência da nossa amiga Janita, que o Luís não compreendeu, é a despedida de Elizabeth ||

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    4. Ah, agora compreendi, mas como desliguei dessa avalanche de notícias, nem me lembrei.

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  5. Leio com a costumada atenção
    Verso a verso
    Palavra a palavra
    e
    no fim, tropeço na data
    2031
    nesse vindouro tempo
    não haverá lugar para qualquer carta
    e
    até me pergunto
    se haverá Mundo

    Talvez, sim
    mas outro onde tua palavras não farão sentido

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