Foto de Ana Catarina Duarte
O limite de tempo do amor
Tenho o meu olhar alterado
disformes as formas do que vejo
tudo claro ___ muito claro no entanto
mais vibrante
mais ousadas as cores das palavras
É o limite de tempo do amor
Ficam trôpegas as pernas
do nosso pensamento
a língua move-se
no balanço de uma onda
e eu a dizer que
as coisas estão sempre bem
como se ancorado à margem
fosse o mesmo que viajar
como se o limite do corpo
fosse a alegria dos sentidos
como se engolir palavras
fosse o mesmo que pensar um poema
Abriu-se a porta das traseiras
da nossa casa
e uma corrente de ar varreu
tudo o que não estava agarrado ao chão
Foi o limite de tempo do amor.
Quadros de Dalí, numa linda tepeçaria sobre a cama, esqueleto-candeeiro na mesa de cabeceira...uma cama onde eu nunca me atreveria a dormir... onde mais estaríamos senão no Museu Teatro com o mesmo nome do surrealista catalão?...E se não estiver errada, também é lá que se encontra o seu túmulo.
ResponderEliminar"Onde então, senão na minha própria cidade, deveria ser preservado o mais extravagante e sólido de minha obra, onde mais? O Teatro Municipal, o que restava dele, pareceu-me muito apropriado e por três motivos: primeiro, porque sou um pintor eminentemente teatral; a segunda, porque o teatro fica bem em frente à igreja onde fui batizado; e a terceira, porque foi justamente na sala do teatro que fiz a minha primeira exposição de pintura."
Salvador Dalí
O poema casa lindamente com a imagem, devido à sua componente igualmente surrealista.
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O comentário do Estimado Anónimo sugere-me um momento do filme português "A canção de Lisboa" em que os mestres na presença do examinando (Vasco Santana) que responde às suas difíceis perguntas com grande sapiência, dizem em coro, exaustos "Vê-se que sabe!"
EliminarObrigado pela completa informação.
😂 😂 Ora nem mais...os Doutores sabem porque estudam e se interessam, já que ninguém nasce ensinado...
EliminarBelos, conquanto perturbadores, o poema e a imagem.
ResponderEliminarForte abraço, L.!
Concordo, sobretudo com a imagem, estranha, como aliás toda a obra de Salvador Dali.
EliminarUm abraço.
A foto é do quarto horrendo de Salvador Dali e o teu poema ainda bem
ResponderEliminar"Abriu-se a porta das traseiras
da nossa casa
e uma corrente de ar varreu
tudo o que não estava agarrado ao chão"
O limite do amor só acontece quando morre!
Abraços e um bom dina
Exactamente, é do tempo de vida do amor que o texto fala.
EliminarBom Dia, um abraço.
Felizes os que vivem um amor sem limites.
ResponderEliminarConfesso, gosto da pintura do irreverente Dali.
Beijo, feliz fim-de-semana.
Concordo com a sua referência aos que são felizes.
EliminarBom fim de semana.
Um abraço.
A nada se agarra o amor. Quando termina, deixa apenas lembranças, tão fortes que o vento não consegue levar. Abraço.
ResponderEliminarAcontece, que se o vento for forte, nos leva também a nós.
EliminarUm
Quando o amor é frágil qualquer vento o pode varrer.
ResponderEliminarAdorei o poema e a imagem!!
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Se escrevesse o que sente a minha alma
Beijo, bom fim de semana.
É exactamente isso.
EliminarMuito Obrigado
Um abraço.